Correio de Carajás

Justiça cancela benefício de goleiro Bruno

A Justiça suspendeu o direito de trabalho externo e determinou a volta do goleiro Bruno Fernandes ao presídio de Varginha (MG). A decisão foi tomada nesta sexta-feira (19) após reportagem de uma emissora local mostrar o detento no bar de uma associação da cidade na companhia de duas mulheres e com uma lata de cerveja na mesa. A defesa nega irregularidades.

Bruno foi preso em 2010 e depois condenado pelo homicídio triplamente qualificado de Eliza Samúdio e por sequestro e cárcere privado do filho Bruninho. Desde abril de 2017, o goleiro está preso em Varginha, onde exercia trabalho externo na Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (Apac). Além de trabalhar na obra de construção da própria associação, Bruno podia executar serviço fora da instituição.

Mas o benefício foi suspenso após a reportagem da TV Alterosa, afiliada local do SBT, flagrar o goleiro Bruno no local na companhia de duas mulheres. Na mesa em que eles estavam, havia uma lata de cerveja. A reportagem também exibiu um diálogo por meio de mensagens em um aplicativo de celular onde ele fala sobre a rotina no serviço e cita facilidades como acesso a celular e bebida alcoólica. O vídeo, no entanto, não mostra o goleiro ingerindo a cerveja.

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A decisão foi publicada pela 1ª Vara Criminal e de Execuções Penais de Varginha e confirmada pela Secretaria de Adminsitração Prisional (Seap) de Minas Gerais. Procurada pelo G1 e pela EPTV Sul de Minas, a Apac ainda não se manifestou sobre o caso.

Goleiro Bruno cumpre pena em Varginha desde abril de 2017 — Foto: Reprodução/TV Globo
Goleiro Bruno cumpre pena em Varginha desde abril de 2017 — Foto: Reprodução/TV Globo

Defesa diz estar tranquila

Procurado pelo G1, o advogado Fábio Gama, que representa Bruno afirmou que não houve irregularidades e negou que o detento tenha consumido bebidas alcoólicas. Além disso, afirmou que o goleiro poderia fazer uso do telefone utilizado para marcar o encontro no local.

“Estamos tranquilos com o que vem pela frente, porque nós temos certeza absoluta de que ele não ingeriu bebidas alcoólicas e que aquelas mulheres que ficam lá como mulheres não são garotas de programa, não tem nada a ver com isso. O Bruno não tem celular. Existe um celular lá que é um celular coletivo, que é autorizado pelo método Apac, ligar para a família, duas vezes por semana por 10 minutos, para cada preso”, afirmou o advogado.

Com a decisão, Bruno deve ser mantido em regime fechado no presídio de Varginha até que um processo seja instaurado para averiguar o ocorrido ou até que o direito à progressão de regime, ao qual o réu já teria direito, seja concedido pelo Justiça.

“Vamos apresentar defesa oportunamente, se formos atacados judicialmente. Temos todo mundo a nosso favor. Ou seja, estamos preparados para dar a resposta à Justiça”, completou o advogado.

Justiça cancelou benefício de goleiro bruno após denúncia de flagrante em bar — Foto: Reprodução/EPTV
Justiça cancelou benefício de goleiro bruno após denúncia de flagrante em bar — Foto: Reprodução/EPTV

Condenação

Bruno foi condenado pelo homicídio de Eliza Samúdio e pelo sequestro e cárcere privado do filho Bruninho. Ele também havia sido condenado por ocultação de cadáver, mas esta pena foi extinta, porque a Justiça entendeu que o crime prescreveu.

Em 2017, o goleiro chegou a ser solto por uma liminar do Superior Tribunal Federal (STF) e voltou a jogar futebol, atuando no Módulo 2 do Campeonato Mineiro pelo Boa Esporte, mas depois teve a medida revogada e um pedido de habeas corpus negado. Em 27 de abril de 2017, Bruno se apresentou à polícia em Varginha, onde foi preso e levado para o presídio da cidade.

Em junho de 2018, ele passou a trabalhar na Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (Apac) da cidade, após decisão da da 1ª Vara Criminal e de Execuções Penais. Desde então, cumpria pena e trabalhava na unidade.

Goleiro Bruno foi condenado pela morte de Eliza Samúdio — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal/TV Globo
Goleiro Bruno foi condenado pela morte de Eliza Samúdio — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal/TV Globo

Penas

As penas somadas chegaram a 20 anos e 9 meses de prisão. Ao todo, o goleiro, que teve a pena aumentada por ser mandante, mas diminuída na mesma proporção por ser réu confesso, precisa cumprir 7 anos, 6 meses e 15 de pena para ter direito ao benefício do semiaberto – esse número vem sendo diminuído devido às remições por tempo trabalhado e estudo.

Bruno já cumpriu pouco mais de 8 anos da pena, mas uma falta grave cometida em 2013 faz com que não seja computado o tempo total em que esteve preso. Com isso, apenas o período após 02 de abril daquele ano é contado para a obtenção da progressão de pena para o semiaberto. A conclusão total da pena agora está prevista para 11 de maio de 2031.

(Fonte:G1)