Marcado para o dia 20 de fevereiro, o julgamento de Diógenes dos Santos Samaritano, acusado de matar Dayse Dyana Sousa e Silva, será transmitido de forma online. A mãe da vítima destaca a importância de divulgar este momento tão importante, pois acredita que a sociedade mereça saber quem é o réu, os detalhes sórdidos que envolvem o feminicídio pelo qual é julgado e, principalmente, para contornar a manobra legal feita pela defesa do acusado em levar o julgamento à Belém, e não mantê-lo em Parauapebas, cidade onde ambos moravam e onde o crime aconteceu.
A mãe de Dayse, Wilma Lemos, revela uma dor dilacerante e uma busca incansável por justiça em relação ao caso da filha. Ela procurou a reportagem deste CORREIO buscando dar voz à angústia e ao clamor por uma resolução adequada para o crime que tirou a vida da jovem. “Quero que a população de Belém saiba que o acusado não é inocente, mas sim um assassino. É de uma frustração enorme que o julgamento não ocorrerá em Parauapebas, onde o crime aconteceu, mas sim na capital, devido a uma manobra legal feita pela defesa do acusado”, aponta Wilma.
INFLUÊNCIA
Leia mais:A mãe revela o longo e árduo caminho que a família percorreu para tentar assegurar que o julgamento fosse realizado no local do crime. No entanto, ela denuncia que o acusado é uma figura influente na região, conhecido por sua violência e agressividade, e que usou sua posição como servidor público para garantir que o caso fosse deslocado para a capital.
“É muito difícil para uma família lidar com a burocracia e as dificuldades financeiras associadas a um julgamento que ocorre longe de sua cidade natal. Por isso, a importância da mídia e da população em apoiar nossa busca por justiça e garantir que o caso de Dayse não seja esquecido”, diz, ao expressar a indignação com o sistema judicial.
O RELACIONAMENTO
A mãe compartilha detalhes angustiantes sobre o relacionamento abusivo da filha com o acusado. Ela descreve como Dayse foi gradualmente isolada e controlada pelo agressor, mesmo após denúncias de violência doméstica. Ela destaca a manipulação emocional e psicológica que sua filha sofreu, incluindo a chantagem emocional envolvendo o filho do casal.
A entrevista traz à tona os últimos momentos de Dayse, incluindo uma discussão pública no shopping, onde o agressor a agrediu, enquanto as pessoas ao redor permaneciam indiferentes. A mãe descreve com horror o momento em que sua filha foi lançada do segundo andar da casa na frente do filho.
“É imensurável o profundo impacto que a perda da minha filha teve, e como nós lutamos incansavelmente por justiça nos últimos quatro anos e onze meses”, diz, fazendo questão de acrescentar sua descrença e indignação com o fato de que o agressor ainda mantém seu emprego e benefícios, mesmo ser acusado de crime tão horrendo.
ACUSAÇÃO
O advogado da família, Ricardo Moura, explica que as acusações que pesam sobre o réu são de uma gravidade extrema, conforme detalhado pelas partes envolvidos no caso. “Esse júri tende a ter uma grande repercussão em razão das condicionantes das qualificadoras do crime perpetrado pelo denunciado”.
Ele esclarece também que o caso em questão é um feminicídio qualificado por motivo fútil e emprego de tortura. E, conforme os laudos apresentados, o crime foi marcado por uma crueldade inimaginável, incluindo a exposição de um filho de apenas quatro anos às cenas de violência. “Inclusive a cena também é da retirada da vida da vítima e depois do arremesso em razão de uma janela tentando simular um possível suicídio”, detalha Rodrigo.
O advogado também enfatizou a importância de trazer à tona questões ligadas ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), dado o envolvimento do filho da vítima nas circunstâncias do crime.
Outro ponto levantado por ele é que o julgamento está gerando grande comoção social e a expectativa é que a verdade e a justiça prevaleçam diante do exposto durante o processo. “Estamos confiantes que a verdade e a justiça serão alcançadas pelo vasto probatório que se encontra nos autos”.
Ele também ressalta a transparência do processo e convida a opinião pública a acompanhar o julgamento através do portal do Tribunal de Justiça, onde será transmitido ao vivo.
O caso, que chocou a comunidade de Marabá e Parauapebas, será acompanhado de perto por aqueles que buscam justiça para a vítima e seu filho. O acesso à transmissão ao vivo garantirá que mesmo aqueles que não puderem estar presentes em Belém acompanhem o desenrolar do julgamento.
JUSTIÇA POR DAYSE
A irmã de Dayse, Stephannye Lemos, faz a gestão de a conta “justicapordayse”, no Instagram, onde detalhes, atualizações e fotos da vítima são constantemente postados. A ideia por trás da rede é não deixar que Dayse seja esquecida e, muito menos, o crime brutal cometido por Diógenes.
(Thays Araujo)