Correio de Carajás

Jovens homônimos embalam o Círio de Marabá

O que seria da maior manifestação da fé católica brasileira sem a música que anima a multidão durante a procissão do Círio de Nazaré? Os ministérios musicais têm essa importante missão de embalar os romeiros com as canções tradicionais que exaltam a crença inabalável em Nossa Senhora. Um deles é o Som de Santidade, que desde 2012 encerra a procissão e em 2019 teve o privilégio de “acordar” a multidão na missa de abertura, que ocorre às 6 horas.

Antes de conhecer a história do ministério, é importante entender o contexto do seu fundador. O maranhense Antônio Fernandes, mais conhecido como Tony Anjos, é de Imperatriz e mudou-se para Marabá em 2001, a convite do padre Ademir Gramelik, com a missão de ajudar a estruturar a Paróquia Nossa Senhora de Nazaré, na Folha 16.

“Inicialmente, criamos o Ministério Anjos da Misericórdia, que foi o primeiro, com diversos instrumentos completos. O objetivo era tocar nos retiros e também no Círio, mas, em 2010 alguns membros acabaram indo embora, daí precisamos reformular o ministério, e foi quando fundamos o Som de Santidade, em 2012. Porém, desde 2001 participo do encerramento do Círio”, contextualiza Tony Anjos.

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Por ser o novo ministério paroquial, formado por violão, guitarra, baixo, teclado e bateria, o Som de Santidade automaticamente ficava encarregado da música durante a missa de encerramento, no Santuário na Folha 16. No entanto, após a migração do padre Ademir para a Catedral Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, o ministério foi convidado a ‘tocar’ na missa de abertura do Círio, pela primeira vez, em 2019.

“Foi incrível abrir a festa da fé na Praça Duque de Caxias, naquela primeira missa, pois sempre animamos bastante, principalmente a juventude. Geralmente, a abertura é mais calma, porém, com o Som de Santidade todos se ‘espertaram’ cedo com nossa animação e desde a Marabá Pioneira, a procissão seguiu energizada, apesar daquele probleminha que tivemos”, relembra Tony Anjos, fazendo alusão aos três pneus da berlinda que furaram no Círio 2019, atrasando a procissão.

Em 2016, o ministério ganhou mais um Tony para dividir os vocais, sendo este Tony Bandeira, que passou a se apresentar também nos demais Círios. Ele conta que os preparativos mudaram. “Sempre nos organizamos com duas semanas de antecedência e no domingo da procissão, chegávamos ao palco do Santuário por volta das 7 horas e deixávamos tudo pronto para quando a imagem de Nossa Senhora chegasse”, explica Bandeira.

Ele conta que todo ano, o Som de Santidade procurava dar uma nova roupagem para as tradicionais músicas do evento, e em 2019, os preparativos tiveram de ocorrer com mais antecedência. “Para a abertura no domingo, começamos os ensaios com três semanas de antecedência, inclusive, no sábado, nós agilizávamos às 23 horas toda a parte de passagem de som para que, no domingo, ao chegarmos às 5 horas, tudo estivesse adiantado”, relata Tony Bandeira.

A formação do ministério também mudou, acrescentando dois vocais femininos, o que reforçou, como Tony Bandeira disse, a nova roupagem que todo ano é dada às músicas cantadas pelo Som de Santidade. “Lembro que o Pe. Ademir fez questão de realizar uma abertura diferente, com muita animação, diferente dos Círios anteriores, que tinham uma missa campal mais calma e serena. Era mágico ver essa animação às 6 horas da manhã, na Duque de Caxias. Apesar do problema com a berlinda, foi melhor para animarmos mais ainda os fiéis”, resgata Tony Bandeira, também fazendo alusão ao episódio da berlinda.

E O CÍRIO 2020?

Neste ano, diferente dos demais, o evento não contará com um ministério musical interpretando as músicas tradicionais dos fiéis, porém, na transmissão ao vivo da TV Correio, o Som de Santidade estará marcando presença com todas as músicas tradicionais do Círio de Nazaré, incluindo as reformulações que sempre são feitas para as canções.

“Faremos na transmissão o que estamos acostumados a fazer na procissão, que é louvar e enaltecer Nossa Senhora de Nazaré. A energia do Som de Santidade não ficará de fora da festa da fé. Ela só será sentida por outros meios, que são a televisão e as redes sociais”, diz Tony Bandeira.

Quando perguntados sobre o sentimento que fica ao pensar que não haverá o Círio tradicional, por conta da pandemia do novo coronavírus, os Tonys se assemelham nas opiniões.

“Foram muitas mudanças e nós estamos nos adaptando ainda nas missas, agora imagina no Círio. Soa muito estranho não termos toda aquela multidão reunida e animada, pois quem compareceu no ano passado, se recorda da grande festa que foi na missa de abertura. Mas, isso tudo é pela nossa vida, pela saúde, que devemos preservar”, finaliza Tony Anjos.

Já Tony Bandeira, a palavra que resume todo o sentimento é “diferente”. “Esse ano será diferente, até porque aprendemos a valorizar muitas coisas. A missa, por exemplo, que antes não tínhamos presencialmente, esse ano as pessoas aprenderam a dar valor, pois sentiram falta. A mesma coisa será o Círio, nós vamos reaprender a valorizar esse momento tão marcante na vida do católico. E a fé continua”, finaliza.(Zeus Bandeira)