Correio de Carajás

Jovens do Direito levam diálogo sobre violência doméstica às escolas de Marabá

Dados do Niop registraram 2.402 atendimentos a vítimas de violência doméstica, em Marabá, no período de janeiro a setembro deste ano

O projeto “Direito à segurança e os desafios da violência doméstica” chegou à Escola Gaspar Vianna
Por: Emilly Coelho
✏️ Atualizado em 05/11/2025 19h17

O Projeto de Extensão “Direito à Segurança e os Desafios da Violência Doméstica”, promovido por acadêmicos do segundo período do curso de Direito da Unama (Universidade da Amazônia), chegou na noite desta terça-feira (4) à Escola Estadual de Ensino Médio Gaspar Vianna – Anexo I, localizada na Folha 33, bairro Nova Marabá, região de Integração Carajás.

A iniciativa tem como objetivo levar os fundamentos do Direito à comunidade, com foco especial nos desafios do enfrentamento à violência doméstica.

Renan Pablo Portilho, discente de Direito da Unama e integrante do projeto, explicou que o tema foi escolhido para aproximar o debate jurídico da realidade social.

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“Contamos com o apoio da Guarda Municipal, da Polícia Militar e de profissionais da Psicologia, que nos auxiliaram na apresentação das informações. Compreendemos que a violência doméstica é um ciclo que precisa ser rompido, e isso só é possível por meio da informação, da comunicação e da educação”, afirmou o acadêmico, que também é policial militar em Marabá.

Além dos universitários, participaram da palestra integrantes da Patrulha Maria da Penha, da Guarda Municipal de Marabá, e representantes do Programa Pró-Mulher, da Polícia Militar.

Estudantes de direito ministraram palestras e orientaram estudantes sobre seus direitos

Números da violência

De janeiro a setembro deste ano, o Núcleo Integrado de Operações (Niop) registrou 2.402 casos de violência doméstica em Marabá — uma média de oito por dia.

A Guarda Municipal também realizou mais de 500 acompanhamentos e aplicou 100 medidas protetivas no mesmo período, reforçando o combate à violência contra a mulher.

Rede de apoio e conscientização

A cabo Welmica Santana Silva, da PMPA, integrante do Programa Pró-Mulher, destacou que o projeto fortalece os canais de proteção. “A partir do Projeto de Extensão, levamos à sociedade informações sobre os meios de proteção à mulher e os canais de denúncia da violência”, disse ela.

O inspetor Roberto Lemos, coordenador da Patrulha Maria da Penha, ressaltou a importância da prevenção. “Queremos que os alunos multipliquem as informações recebidas, seja para denunciar ou para romper o ciclo de violência. A mulher precisa entender que não está sozinha — existe uma rede de apoio”, afirmou.

A Patrulha Maria da Penha tem como principal função fiscalizar medidas protetivas de urgência encaminhadas pelo Poder Judiciário.

Equipe da Guarda Municipal deu suporte ao projeto com orientações valiosas na Escola Gaspar Vianna

Educação e transformação

Para a diretora da escola, Antônia de Jesus, abrir o diálogo sobre violência doméstica é uma forma de transformação social.

“A Escola Gaspar Vianna Anexo I cumpre seu papel educativo e se posiciona como agente de proteção e cidadania. Somos gratos por essa parceria, pois acreditamos que educação é responsabilidade de todos: escola, família e sociedade”, declarou.

A estudante Francisca Paula, do 1º ano EJA, avaliou a experiência como transformadora: “A palestra me fez enxergar que o silêncio perpetua o ciclo de agressões e que informação salva vidas. Agora me sinto mais preparada para identificar sinais de violência e orientar outras pessoas a buscar ajuda”, afirmou. (Texto: Emilly Coelho)