Sob clima de dor e comoção, aconteceu na tarde de ontem (31), no Cemitério Jardim da Saudade, o sepultamento do jovem Jonatas dos Santos Lima, 18 anos. Ele morreu afogado na tarde do dia anterior, na Praia do Tucunaré, quando estava com a namorada e um casal de amigos. Os outros três jovens também se afogaram, mas conseguiram escapar. Nenhum deles sabia nadar.
Amigos, familiares, alunos da Escola Liberdade, onde a vítima estudou, estiveram no velório, realizado em uma igreja evangélica na Avenida Antônio Vilhena (Bairro Liberdade, Cidade Nova) e também no enterro para dar o último adeus a Jonatas.
Para a reportagem do Correio de Carajás, um dos sobreviventes, Miqueias Silva Souza, de 17 anos, contou que os dois casais chegaram à praia por volta de meio-dia, montaram a barraca, almoçaram e depois foram brincar de bola na água, em uma parte rasa, pois não sabiam que havia buracos ali.
Leia mais:Ainda de acordo com Miqueias, Jonatas caiu primeiro no buraco, se desesperou e começou a bater com as mãos na água, sendo puxado para o fundo. “No que ele foi sumindo, eu fui pedindo socorro”, comenta, acrescentando que uma mulher de uma barraca chamou por barqueiros.
Um dos barqueiros pulou na água, pegou a namorada de Miqueias, Márcia Martins do Carmo, de 20 anos, a Marcinha, e ainda jogou uma boia pra Miqueias, que pegou a boia e foi para onde estava sua prima, Valéria Souza Dias, 15 anos, que era namorada de Jonatas.
Em seguida, o barqueiro perguntou se havia mais gente na água, ao que Miqueias respondeu que Jonatas não tinha aparecido. Dito isso, dois barqueiros pularam na água, enquanto um terceiro os levou até onde estavam os militares do Corpo de Bombeiros. Jonatas foi achado algum tempo depois, já sem vida.
Também ouvida pelo Correio, Valéria, namorada da vítima, lembra que eles começaram a jogar bola no raso, mas foram entrando muito na água sem perceber, até que chegaram perto do buraco. “Eu tentei ir pra frente, mas a água me puxou”, relembra.
Por outro lado, Marcinha, namorada de Miqueias, diz que quando começou a se afogar, pediu ajuda a Deus. Ela lembra que tentava triscar os pés no chão, mas não estava dando conta. Ela, porém, ainda conseguiu acenar pedindo ajuda.
A moça lembra que bebeu muita água e apagou. Conta também que fizeram respiração boca-a-boca nela, e que sentia a água subindo, mas não conseguia colocar pra fora. “Eu praticamente já estava morta”, relata, ao dizer que ontem ainda sentia muita dor no estômago.
José de Souza Lima Filho, pai da vítima, que foi informado por volta das 16 horas, sobre a morte do rapaz. José, que é morador do Bairro Liberdade, disse que o filho lhe pediu autorização para ir passar a tarde na praia, e que ia acompanhado da namorada e de familiares desta. O pai disse que a princípio não queria deixar, mas consentiu.
Isaías da Silva Souza, pai de Miqueias, disse que foi até o local onde aconteceu o afogamento. Ele estava visivelmente abatido com tudo que aconteceu, pois os quatro jovens eram muitos amigos e costumavam se divertir juntos.
Por sua vez, José de Souza Lima Filho, pai da vítima, disse que o filho lhe pediu autorização para ir passar a tarde na praia, e que ia acompanhado da namorada e de familiares desta. O pai lembra que a princípio não queria deixar Jonatas ir, mas acabou consentindo.
Por fim, Miqueias disse que todos estão mundo abalados psicologicamente com a verdadeira tragédia que aconteceu. “Se para o pai dele é difícil, para nós também, porque nós presenciamos tudo”, relata o jovem, acrescentando que conheciam a praia e tinham ido no ano passado, mas nunca imaginavam que houvesse um buraco ali onde resolveram brincar. (Chagas Filho e Josseli Carvalho)