Correio de Carajás

Janela de Leitura: Internas de Marabá poderão ter remição de pena através dos livros

Fotos: Paulo Favacho

Duas vezes na semana, uma equipe de educadoras realiza atividades de mediação de leitura na Unidade de Custódia e Reinserção Feminina de Marabá (UCRF), em Marabá. Às internas, são apresentados livros, feita contação de histórias com contos populares de diversos locais do mundo e culturas e oficinas de produção textual. Esse é o projeto “Janela de leitura”, idealizado pelo Ministério da Cultura  e Instituto Cultural Vale com apoio da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (SEAP). Trata-se de uma ação  de incentivo à leitura, com oferecimento de um acervo de 500 títulos, empréstimo de livros e ações de apoio à formação de leitoras

Em 1994, a UNESCO lançou um manifesto que aborda a importância das bibliotecas públicas como porta de acesso ao conhecimento e este documento defende a liberdade de acesso às bibliotecas para todos, inclusive àqueles que não possam usá-las, como pessoas com deficiência, hospitalizados ou reclusas. Na Unidade de Custódia e Reinserção Feminina de Marabá não existia uma biblioteca e em 2023 o sistema de empréstimo de livros nas celas também não estava disponível.

A partir da Sapoti Projetos Culturais, que vem implantando salas de leituras em unidades prisionais femininas, em 2020 foi criado o projeto piloto “Histórias além muros” em 2020. A ação deu certo e, em Marabá, a Seap planejou em 2024 um espaço entre as salas do prédio que foi tornado mais acolhedor para funcionar como sala de leitura. Os livros do acervo e todos os materiais deste novo espaço serão doados ao final do projeto,  para que a UCRF Marabá ganhe esta nova Sala de leitura.

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Em Junho, foi implementado, ainda, o Escritório Social com o termo de remição de pena, que é um documento em que cada participante do projeto pode escrever suas impressões depois de ler uma obra. Este  não é um documento para avaliar questões de gramática ou ortografia, mas a cada livro lido com esse termo preenchido, a participante do projeto pode remir 4 dias de sua pena.

Curadoria e acervo

A curadoria e direção geral do projeto são da escritora Daniela Chindler que há mais de 35 anos desenvolve propostas na área de educação não-formal. É autora das visitas teatralizadas da ABL elaboradas para o centenário Academia Brasileira de Letras, projeto que alcançou tamanho sucesso que ficou 15 anos em cartaz. Também foi curadora da programação infantojuvenil de várias edições da Bienal do Livro no Rio de Janeiro, da Bienal do Amazonas e da Bahia.

O objetivo do projeto é acolher todas as mulheres, desde aquelas com pouca familiaridade com a leitura até aquelas que não conseguem escrever seus nomes, então, foram incluídos na lista títulos de livros ilustrados, com pouco texto e até alguns que se fazem pela leitura visual, sem palavras. A escolha dos livros é feita a partir de um recorte da curadoria que prioriza temas como: protagonismo de mulheres negras, literatura contemporânea, poesia, literatura infantojuvenil, clássicos, livros em formato de quadrinhos, literatura contemporânea, entre outras opções, sensíveis a todos os gêneros e gostos. O acervo tem pluralidade de estilos e considera diferentes graus de escolaridade.

Palestra

Nesta quarta-feira (14), em parceria com a UNIP-Marabá, ocorre uma palestra para estudantes da graduação e pós-graduação de forma 100% gratuita onde serão apresentadas as ações do JANELA DE LEITURA e debatidas questões sobre ressocialização da população carcerária feminina, com o principal objetivo de conscientizar a população sobre a necessidade da ressocialização para a construção de uma cultura de paz.

O público-alvo são estudantes das áreas de Psicologia, Letras, Pedagogia, Serviço Social e sociedade como um todo. A ação acontece no auditório a UNIP, às 18 horas.

A equipe de mediadoras do projeto receberá como convidada a Coordenadora do Escritório Social de Marabá, Sulair Gomes de Souza Nune, bacharel em Serviço Social pela Universidade Paulista, especialista em Gestão em Serviço Social e Projetos Sociais, discente do curso de Direito na Unama de Marabá. Ela é Servidora Pública do Sistema de Administração Penitenciária do Pará (SEAP) e também da Fundação de Atendimento Socioeducativo do Pará (FASEPA).