Israel e o Hezbollah trocaram fortes ataques nesta sexta-feira (20) após a explosão de pagers e “walkie-talkies” do grupo terrorista no Líbano esta semana.
Nesta manhã, o Exército de Israel bombardeou o subúrbio de Beirute. Três pessoas morreram, e 17 ficaram feridas, segundo o Ministério da Saúde do Líbano.
O ataque foi o maior ao Líbano desde o início da guerra com o Hamas, em outubro do ano passado, segundo disseram fontes do governo libanês disseram à agência de notícias Reuters.
Leia mais:A imprensa local afirmou que há crianças entre as vítimas e que um dos chefes do Hezbollah na capital libanesa também foi atingido e morto. A rádio militar de Israel confirmou que o principal alvo da ofensiva era Ibrahim Aqil, comandante de operações do Hezbollah em Beirute.
A imprensa local também relatou que prédios residenciais e carros danificados.
Já o Hezbollah disse ter lançado 150 foguetes no norte de Israel em sete ataques separados. Já Israel disse ter bombardeado alvos do grupo extremista no sul do Líbano, onde o Hezbollah atua.
O Hezbollah afirmou ter utilizado nos ataques os foguetes do tipo Katyusha, desenvolvidos na antiga União Soviética e que são capazes de driblar os sistemas de defesa de Israel.
O serviço de emergência israelense disse que não havia relato de vítimas até a última atualização desta reportagem.
O grupo extremista culpa Israel pela série de explosões de pagers e “walkie-talkies” de membros do Hezbollah entre terça (17) e quarta-feira (18) matou 37 pessoas e deixou mais de três mil feridos no Líbano, segundo o Ministério da Saúde libanês.
Israel não se não se pronunciou, mas, um dia após as explosões, anunciou que estava transferindo o foco de suas ações militares para o norte do país, perto da fronteira com o sul do Líbano.
Baterias contaminadas
Também nesta sexta, fontes do governo libanês afirmaram à agência de notícias Reuters que as baterias dos “walkie-talkies” do grupo extremista Hezbollah que explodiram na quarta-feira (18) estavam contaminadas com PETN, um composto altamente explosivo, afirmaram nesta sexta-feira (20) .
Membros do governo próximos à investigações do caso disseram à Reuters que a maneira como o PETN foi integrado às baterias, muito sofisticada, fez com que os explosivos não fossem detectados ao entrar no Líbano.
Os equipamentos foram encomendados pelo próprio Hezbollah, que os usava como alternativa ao celular para evitar rastreamento por GPS por parte de Israel.
Na quinta-feira (19), o governo do Líbano afirmou, com base nas investigações sobre o caso, que os explosivos que estavam nos pagers e “walkie-talkies” de membros do grupo extremista Hezbollah foram implantados nos aparelhos antes de os dispositivos entrarem no Líbano.
As informações compõem uma investigação preliminar do Líbano sobre as explosões e foi comunicada à Organização das Nações Unidas (ONU) pela missão libanesa na ONU em carta à qual a agência Reuters teve acesso nesta quinta-feira (19).
O Conselho de Segurança do órgão bilateral se reunirá nesta sexta para discutir o caso.
Na investigação, as autoridades libanesas também determinaram que os pagers e walkie-talkies foram detonados por meio do envio de mensagens eletrônicas para os aparelhos, segundo a carta. A missão do Líbano na ONU também acusou Israel pelo planejamento e execução dos ataques.
“A investigação preliminar mostra que os dispositivos afetados foram manipulados de forma profissional (…) antes de chegarem ao Líbano e sua explosão foi provocada pelo envio de mensagens aos aparelhos”, diz a carta da missão do Líbano na ONU.
Sem GPS, os aparelhos ‘offline’ eram utilizados pelo grupo extremista para fugir do rastreamento israelense. Hezbollah e Israel trocam agressões desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023.
A investigação do Líbano vai ao encontro de uma informação revelada pelo jornal americano “The New York Times”, de que Israel teria vendido os dispositivos ao Hezbollah por meio de uma empresa de fachada, em um plano de longo prazo executado pelas agências de operações secretas israelenses Mossad e Unidade 8200.
O chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, afirmou nesta quinta (18) que o grupo extremista tinha mais de 4.000 dispositivos do tipo — pequenos aparelhos de recebimento de mensagem por texto usados nas décadas de 1980 e 1990 —, mas que nenhum deles pertencia ao alto escalão.
Líbano, Irã e o Hezbollah acusaram Israel pelas explosões, mas o país que ainda não havia se manifestado até a última atualização desta reportagem.
O Hezbollah disse nesta quinta (19) que as explosões configuraram uma declaração de guerra por parte de Israel e prometeu vingança. Após as explosões, Israel disse que está movendo tropas para o norte do país e que uma “nova fase da guerra” com foco no grupo libanês está começando.
(Fonte:G1)