Em meio ao caos de lidar com a morte de Ruane Karina dos Santos Silva, de 24 anos, a família da marabaense assassinada em Salvador precisa lidar também com as burocracias jurídicas que envolvem a guarda dos filhos da vítima de feminicídio. A mulher foi assassinada na terça-feira (27).
Desesperada, a irmã da vítima, Carine dos Santos, pede ajuda financeira para contratar um advogado.
A reportagem conversou com a jovem de 21 anos que reside em Marabá e descobriu que, com o principal suspeito do crime, Ruane teve dois dos três filhos que possui. As crianças, após o feminicídio, estão sob os cuidados de uma tia, que é irmã do companheiro. “Nós queremos eles aqui, com a gente”, afirma Carine.
Leia mais:Desde que descobriu a tragédia, a família tem enfrentado muitas dificuldades, principalmente financeiras. Para trazer o corpo a Marabá, foi preciso desembolsar uma quantia que os familiares não tinham e só conseguiram por meio de uma “vaquinha” feita pelas redes sociais.
Sobre a morte repentina e brutal da irmã, Carine afirma que jamais esperaria algo do tipo. “Nós sabíamos que o relacionamento era conturbado, mas receber uma notícia como essa… é inexplicável o sentimento. É muito difícil”, disse, muito emocionada.
O CRIME
O caso chocou a comunidade local de Salvador, especialmente porque Ruana já havia compartilhado com amigos e familiares episódios de agressões que vinha sofrendo. Em uma mensagem enviada à família no final do ano passado, ela desabafou: “O pai dos meninos quase me mata agora. Eu vou morrer”, junto a uma foto do seu rosto.
No mesmo período, ela compartilhou um áudio com uma amiga detalhando uma das agressões. Na segunda-feira (26), ela procurou novamente uma amiga, que foi até sua residência, mas após acreditar que a situação havia se acalmado, deixou o local. No entanto, ao tentar novamente contato com Ruana, não obteve mais resposta.
Vizinhos que foram ouvidos pela reportagem da TV Bahia, presente no bairro Sete de Abril, ressaltaram que o relacionamento entre Ruana e o suspeito era marcado por constantes brigas, agressões e ameaças.
A vítima chegou a Salvador ainda menor de idade, em busca de oportunidades de trabalho. Segundo informações da TV Bahia, foi na capital baiana que ela conheceu o companheiro, enquanto vendia filtros de água de porta em porta. Durante o relacionamento, Ruane tentava estudar e trabalhar, mas era constantemente impedida pelo homem. Sem recursos financeiros, ela também enfrentava dificuldades para se separar ou retornar à casa da família, em Marabá. (Thays Araujo)