O Irã disparou mísseis balísticos em direção a Israel nesta terça-feira (1º), segundo as Forças Armadas israelenses. O Irã também confirmou o envio.
Uma série de explosões foi registrada em Tel Aviv após o envio. A imprensa iraniana afirmou que a Universidade de Tel Aviv foi atingida.
O ataque é a primeira resposta do Irã desde a escalada nos conflitos entre Israel e o Hezbollah — o grupo extremista, embora atue no Líbano, é financiado pelo regime iraniano.
Leia mais:Segundo a imprensa israelense, mais de cem mísseis balísticos foram lançados pelo Irã. Imagens de Tel Aviv mostraram mísseis cruzando o céu. Alguns deles foram abatidos pelo Domo de Ferro, um dos poderosos sistemas antimísseis israelenses.
O governo de Israel afirmou que os moradores da cidade se refugiaram em bunkers. Ainda não havia informações sobre vítimas ou danos até a última atualização dessa reportagem.
Mais cedo, a Casa Branca havia afirmado que o Irã preparava um ataque a Israel com mísseis balísticos e que pode acontecer a qualquer momento, afirmaram nesta terça-feira (1º) membros do Departamento de Estado dos Estados Unidos.
“Os sistemas de defesa aérea que temos estão totalmente preparados e as aeronaves da Força Aérea estão intensificando suas saídas’, disse o porta-voz das Forças Armadas israelenses para países árabes, Avichay Adraee. “Estamos no auge da nossa prontidão ofensiva e defensivamente”.
Caso o ataque ocorra, esta não será a primeira ofensiva do Irã contra Israel. Em abril, forças iranianas lançaram 300 drones e mísseis contra o território israelenses em retaliação a um bombardeio ao Consulado do Irã em Damasco, na Síria, que causou a morte de um comandante do Exército iraniano.
Na ofensiva de abril, os drones e mísseis causaram diversas explosões nos arredores de Jerusalém, mas não houve vítimas.
O Irã e Israel são os principais rivais no Oriente Médio, e a tensão entre os dois países aumentou após o início da guerra na Faixa de Gaza — o Hamas, assim como o Hezbollah, é financiado pelo regime iraniano.
Invasão ao Líbano
Soldados de Israel e do Hezbollah travaram nesta terça-feira (1º) o primeiro combate direto desde o início da guerra na Faixa de Gaza.
O embate aconteceu em um dos vilarejos do sul do Líbano onde o Exército de Israel faz incursões por terra — na segunda-feira (31), as Forças Armadas israelenses anunciaram que invadiram o território libanês para operações pontuais e limitadas contra bases do Hezbollah.
Israel lançou uma operação terrestre “limitada” contra alvos específicos do Hezbollah, no sul do Líbano, nesta terça-feira (1º). A ação conta com tropas do Exército por terra, além do apoio da Força Aérea com aeronaves pelo ar.
O porta-voz dos militares, Avichay Adraee, enviou uma ordem a residentes de mais de 20 cidades do sul do Líbano para que saiam imediatamente de suas casas “para a sua própria segurança”.
A ordem é para que os civis se desloquem para a margem norte do rio Awali, cuja saída pro mar fica praticamente no meio do caminho entre a fronteira com Israel e Beirute. Segundo Israel, o Hezbollah tem usado infraestrutura civil e residentes do sul como escudo humano.
O grupo extremista libanês reagiu à incursão terrestre israelense com disparo de mísseis direcionados, entre outras localidades, a Tel Aviv — de acordo com o Hezbollah, direcionados a instalações do serviço secreto do país, o Mossad. A milícia Houthi, financiada pelo Irã e que atua no Iêmen, também afirmou ter disparado foguetes em direção ao território israelense.
O Hezbollah tem bombardeado o norte de Israel desde outubro de 2023, em solidariedade aos terroristas do Hamas e às vítimas da guerra na Faixa de Gaza. Israel vinha respondendo e repelindo os ataques.
A tensão na região escalou nos últimos dias, com bombardeios de Israel contra alvos do Hezbollah em vários pontos do Líbano, incluindo a capital Beirute. Um dos ataques provocou a morte do chefe do grupo extremista, Hassan Nasrallah, na sexta-feira (27).
A operação terrestre de Israel no Líbano já era esperada. Nesta terça-feira, moradores libaneses na região de fronteira relataram intenso bombardeio, além da presença de helicópteros e drones na área.
Israel disse que estava fazendo “ataques precisos” contra alvos do Hezbollah que apresentavam uma ameaça imediata ao território israelense. Toda a operação tem o apoio de artilharia e da Força Aérea.
“Essas operações foram aprovadas e realizadas de acordo com a decisão do escalão político. A Operação ‘Setas do Norte’ continuará de acordo com a avaliação da situação e em paralelo ao combate em Gaza e em outras frentes”, afirmaram os militares israelenses.
Os militares israelenses justificaram a ação para garantir que moradores da região norte do país possam voltar para casa. Essas pessoas deixaram a área por causa de ataques constantes do Hezbollah.
Logo após o início da operação, o Hezbollah lançou pelo menos 10 foguetes contra Israel. Parte dos artefatos foi abatida, enquanto os demais caíram em áreas abertas. Não há informações sobre estragos ou feridos no território israelense.
Já no Líbano, a agência Reuters afirmou que um dos ataques atingiu um edifício usado como acampamento para refugiados palestinos. O alvo do ataque seria Mounir Maqdah, comandante da ala militar da Fatah — grupo político que controla a Cisjordânia e está à frente da Autoridade Palestina. O paradeiro dele é desconhecido.
Até a publicação desta reportagem o Hezbollah e o governo do Líbano não haviam se pronunciado sobre a operação israelense. Informações sobre mortos e feridos também não foram divulgadas.
Os Estados Unidos disseram que concordaram sobre a necessidade de um ataque contra o Hezbollah ao longo da fronteira entre Israel e Líbano. O secretário de Defesa norte-americano, Lloyd Austin, conversou com o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant.
Austin defendeu uma resolução diplomatica para garantir o retorno de civis ao norte de Israel com segurança.
Histórico do conflito
Nos últimos meses, Israel e Hezbollah viveram um aumento nas tensões. Um comandante do grupo extremista foi morto em um ataque israelense no Líbano, em julho. No mês seguinte, o grupo preparou uma resposta em larga escala contra Israel, que acabou sendo repelida.
Mais recentemente, líderes israelenses emitiram uma série de avisos sobre o aumento de operações contra o Hezbollah. O gatilho para uma virada no conflito veio após os seguintes pontos:
- Nos dias 17 e 18 de setembro, centenas de pagers e walkie-talkies usados pelo Hezbollah explodiram em uma ação militar coordenada.
- A imprensa norte-americana afirmou que os Estados Unidos foram avisados por Israel de que uma operação do tipo seria realizada. Entretanto, o governo israelense não assumiu a autoria.
- Após as explosões, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse que estava começando “uma nova fase na guerra”.
- Enquanto isso, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu que levará de volta para casa os moradores do norte do país, na região de fronteira, que precisaram deixar a área por causa dos bombardeios do Hezbollah.
- Segundo o governo, esse retorno de moradores ao norte do país só seria possível por meio de uma ação militar.
- Em 23 de setembro, Israel bombardeou diversas áreas do Líbano. Cerca de 500 pessoas morreram e centenas ficaram feridas. O dia foi o mais sangrento desde a guerra de 2006.
- Em 27 de setembro, Israel matou o chefe do Hezbollah por meio de um bombardeio em Beirute.
Na semana passada, as Forças de Defesa de Israel anunciaram que militares estavam se preparando para uma possível operação terrestre no Líbano. Bombardeios aéreos executados pelos israelenses seriam indícios de uma preparação de terreno.
(Fonte:G1)