O investigador da Polícia Civil Adson Gomes Miranda estava curtindo o Carnaval de Salvador quando foi surpreendido por policiais militares que se aproximaram violentamente, o agredindo. O caso aconteceu no Morro do Cristo, no circuito Barra-Ondina, na terça-feira de Carnaval.
Segundo o policial, ele estava na rua para acompanhar o trio de Leo Santana. No momento em que esperava o bloco, não ocorria tumulto, mas a patrulha da Polícia Militar passou, avistou Adson de longe e começou a encará-lo.
“Ele me olhou, de cima a baixo e aí deu a primeira ‘fantada’ [agressão com cacetete]. Quando ele deu a primeira, eu me virei para ver o que era, já que não estava tendo tumulto. Ele deu a segunda e me empurrou. Nessa, eu caí e os demais começaram me agredir violentamente na cabeça. Até pensei que iria morrer naquele momento”, explicou ele em entrevista ao Bahia Meio Dia, da TV Bahia, nesta sexta-feira (3).
O policial ainda contou que uma ambulante gritou para os policiais que Adson era colega de trabalho deles, tentando ajudá-lo, mas foi ignorada. Enquanto isso, o agente continuou sendo agredido pelos militares e a trabalhadora ambulante também foi alvo das agressões. “Deu uma ‘fantada’ tão forte na menina, que abriu a mão dela”, contou.
Em seguida, Adson ainda desabafou sobre ser um homem negro, rastafari e que é alvo da Polícia Militar durante eventos abertos na capital baiana. Para ele, é inadmissível os policiais agredirem pessoas no Carnaval, especialmente por uma motivação por conta da cor da pele.
“Não se faz isso com cidadão nenhum, não é porque eu sou policial. Nós, que somos servidores públicos, somos pagos para defender. Esse é o nosso trabalho. E não tentar matar um cidadão pro nada. Porque eu sou rastafari? Porque eu sou negro? Eu não tenho direito de ir à festa? Se eu não tenho direito de estar, se eu não tenho direito de ir ao Carnaval, baixe o decreto: ‘ói, é proibido negro no Carnaval da Bahia, só vai branco para o Carnaval da Bahia e negro, mesmo que seja turista, não venha para o Carnaval da Bahia porque a gente não tolera, porque a gente vai te bater e vai te matar”.
Procurada, a Polícia Militar afirmou que o fato está sendo apurado.
(Fonte: O POVO)