O Outubro Rosa é uma ação internacional que nasceu com a finalidade de ressaltar a importância de se prevenir contra o câncer de mama e de realizar o autoexame. Através do propósito de compartilhar informações sobre a doença para conscientizar as mulheres sobre a importância do diagnóstico precoce, nasceu em Marabá o Grupo de Apoio Esperança, agora transformado em instituto.
A rede de apoio visa a abraçar e dar suporte às mulheres em vários momentos, desde a informação do diagnóstico, luta por tratamento e suporte psicológico.
Essa história se iniciou há oito anos, quando algumas mulheres fundaram o grupo e fizeram como sede a casa de Aparecida Ferreira, presidente do coletivo e sobrevivente do câncer. Mesmo com poucas dezenas de participantes, desde sempre o propósito do Apoio Esperança foi dialogar e elucidar sobre o câncer, em especial o de mama, orientando.
Leia mais:Para compartilhar os desafios, depoimentos e vitórias do grupo, a presidente Aparecida Ferreira, as integrantes Raimunda da Silva Neres e Cleici Silva Souza e as anjas Francisca Chicória e Íris Gurgel compareceram à redação do Correio de Carajás para uma mesa redonda sobre o assunto na tarde da última quinta-feira, 22.
OBSTÁCULOS E CONQUISTAS
Na falta de tratamento para a doença em Marabá, pelo Sistema Único de Saúde (SUS) os pacientes com câncer acabam precisando se deslocar para outras cidades como Goiânia, São Paulo, Belém, Imperatriz etc. No entanto, a maioria não possui a condição financeira para custear estadia, alimentação e o alto custo do tratamento que inclui exames e acompanhamentos caros, tornando a situação ainda mais delicada.
Além disso, os pacientes também sofrem com a distância de familiares, culminando na falta de suporte emocional: “Nessas situações ficamos deprimidas e muito tristes e, ter alguém que lhe apoia, ajuda e incentiva nos momentos seguintes após a rádio e quimioterapia, é fundamental”, observa Cleci Silva Souza, que entrou no grupo através de outra amiga e o vê como uma corrente do bem e um suporte para receber palavras de autoafirmação e de encorajamento.
Íris Gurgel, que atua como anjo no instituto, percebe e compreende o receio de muitos em pensar em desistir do tratamento em outro estado, tendo em vista que em determinado momento do processo, as pessoas encontram-se fragilizada física e psicologicamente. Ela cita Aparecida como um exemplo claro de alguém que não teve o acompanhamento constante dos familiares, devido às incumbências da vida pessoal de cada um.
A urgência desse tratamento no município ainda engatinha e está sendo solucionada graças à luta de várias entidades, entre elas o próprio Instituto Apoio Esperança. Marabá tem data para uma conquista imprescindível: A instalação de uma ala oncológica no Hospital Regional de Marabá. A obra está em execução, com algumas mudanças no HR, mas só devem estar concluídas no segundo trimestre de 2023.
O projeto já se encontra na Secretaria de Saúde do Pará, em Belém, aguardando a liberação de recursos para sua execução. Uma vez funcionando, haverá capacidade para realização de 200 consultas por mês, além de doze cadeiras para sessões de quimioterapia. Também estarão disponíveis 20 leitos para realização de cirurgias oncológicas.
NOVAS METAS
Após o hiato da pandemia e com uma nova sede localizada na rua 5 de abril, no núcleo Marabá Pioneira, desde janeiro deste ano, o instituto foca em construir um projeto, com a ajuda de 200 contribuintes, que consiste em focar nos pilares: família, saúde e empreendedorismo.
“Visitaremos pacientes no intuito de dar suporte emocional e financeiro através de doações e cestas básicas, além, é claro, de nosso testemunho, para incentivar a luta e fornecer uma luz, levando um compromisso que, no que lhe concerne, orienta a conduta e maneira de viver”, explica a presidente do grupo, Aparecida Ferreira, conhecida como Cida.
Para Francisca Chicória, outro anjo do instituto, falar sobre saúde é alertar as pessoas sobre a carcinogênese, processo de formação do câncer, e dos fatores que contribuem para esse, como a exposição a radiações, produtos químicos, vírus, consumo de cigarro, álcool, dieta inadequada e falta de exercícios físicos.
Por último e não menos importante, o empreendedorismo se encaixa na enorme quantidade de mulheres que passaram pelo câncer e perderam seus empregos: “Iremos resgatar suas autoestimas através de cursos, trabalhando com elas e seus filhos, também”, garante Raimunda da Silva, integrante do grupo e sobrevivente do câncer.
ORGULHO E PRECONCEITO
Apesar dos avanços na medicina e na sociedade quanto ao câncer, é perceptível que ainda exista o preconceito para com a enfermidade e os enfermos. Muitos não aceitam ou possuem uma grande dificuldade de acatar o diagnóstico. Isso acarreta a morte de uma considerável parcela que se recusa a receber o tratamento. E é aí que entra o impacto do despertar da conscientização, oferecido pelo Outubro Rosa.
Vale ainda ressaltar que essa discriminação não se resume apenas aos enfermos, mas também a familiares e amigos que durante esse período da doença, destroem relações pela desesperança frente ao diagnóstico. Estima-se que 80% das mulheres são abandonadas e rejeitadas pelos companheiros nessas circunstâncias.
AGENDA OUTUBRO ROSA
A programação do mês de prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama se iniciará como um piquenique no dia 8, na praça da Colônia Z-30, no Bairro Santa Rosa, durante a manhã. A partir das 16h30, um mutirão com atendimentos variados com mastologista, ginecologista, psicólogo e nutricionista dará ênfase no aspecto saúde. Às 16 horas do mesmo dia, acontecerá uma palestra preventiva sobre o assunto, no auditório do Senai. E para finalizar, no dia 30, um passeio ciclístico que sairá pela praça da prefeitura às 6h30 horas e encerrando na Praça do Manduquinha.
No dia 12, a agenda se encerrará com uma palestra no SENAI.
(Thays Araujo)