Correio de Carajás

INSS entra em greve e centenas ficam sem atendimento em Marabá

A greve dos servidores públicos do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) vai para além do reajuste salarial de 19,9% que causa a precarização da carreira. Os funcionários rogam por um novo concurso social para que seja solucionada a insuficiência crescente de servidores e a restrição do atendimento à população. Eles denominaram a greve de “Apagão INSS”.

Os problemas estruturais afetam, de forma direta, o cidadão que depende do serviço do INSS de Marabá, em sua maioria, carente. É o que conta Valdecir Xavier de Sousa, morador da zona rural de Itupiranga e dependente do auxílio doença, que ao chegar à sede do órgão, na Agrópolis do Incra, após viajar 160 km de ônibus, descobriu que teria o atendimento médico remarcado e sem data definida.
O trabalhador agrário sofre de trombose venosa profunda e carece de assistência urgente para receber a medicação e o tratamento adequado. “Só após chegarmos aqui ficamos sabendo que a consulta não aconteceria devido à greve. Agora só nos cabe voltar para casa e aguardar a ligação do órgão”, lamentou a esposa, Antônia dos Reis Alves, que o acompanhou até a sede.

Valdecir Xavier, dependente do serviço, aguarda atendimento sem previsão para retornar

O Sindicato dos Trabalhadores de Previdência e Saúde do Estado do Pará (Sintprevs), sede de Marabá, influenciou a paralisação na manhã de quinta (24) por tempo indeterminado, as atividades, para que suas exigências sejam atendidas pelo governo, uma vez que esse, ao sancionar o orçamento de 2022, cortou R$1 bilhão do Ministério do Trabalho e atingiu severamente a pasta, que é responsável pelo INSS.
Os servidores que paralisaram as atividades em Marabá, ao serem ouvidos pelo Correio de Carajás, enfatizaram que a principal necessidade atual, do órgão, é a de novos funcionários, sendo solucionada somente através de um novo concurso, que não ocorre desde 2016. Outra barreira existente no instituto é a falta do abono que incentiva financeiramente o funcionário do estado, que se presta a continuar trabalhando, ao invés de se aposentar, tendo os requisitos para isso.
Larison Moreira, técnico do seguro social, explica que “a defasagem de funcionários só consegue ser solucionada através de horas extras, que não constam no nosso salário, dos que aqui trabalham, remotamente, dependendo dos nossos próprios aparelhos eletrônicos e acesso à internet, paga por nós” afirma ele.
Apesar dos serviços presenciais estarem suspensos indeterminadamente, a orientação repassada ao indivíduo que precisar de atendimento, é buscar formas secundárias de atendimento para alcançar os cidadãos indiretamente, como se apresentar às agências bancárias para ações que são oferecidas, ou acessar o aplicativo “Meu INSS”, disponível para smartphones.
Quando todos os serviços presenciais eram realizados na agência local, cerca de 300 pessoas eram atendidas por dia, envolvendo usuários de mais de 30 cidades das regiões sul e sudeste do Pará. Por outro lado, o número de servidores concursados não chega a 10, fora os peritos. (Thays Araujo – estagiária)

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