Correio de Carajás

Inibidores de apetite: entenda os perigos ao usá-los sem indicação médica

Esse tipo de medicamento age no sistema nervoso central e uso sem acompanhamento pode trazer depência e abuso, além de efeito rebote ao abandonar o tratamento após os resultados serem alcançados

Inibidores de apetite não devem ser usados para perder alguns quilinhos (Imagem: Shutterstock)

Com a chegada do verão e um novo ano começando, muitas pessoas buscam métodos rápidos para emagrecer. Entre as opções mais populares estão os inibidores de apetite, medicamentos ou substâncias que prometem reduzir a fome e, consequentemente, ajudar na perda de peso. No entanto, o uso indiscriminado desses produtos pode trazer diversos riscos à saúde, principalmente quando feito sem orientação médica.

Os inibidores de apetite agem no sistema nervoso central, regulando a sensação de fome e saciedade e, consequentemente, contribuindo para uma diminuição da ingestão de calorias.

“Alguns medicamentos agem diretamente no cérebro, mais especificamente no hipotálamo, aumentando a sensação de saciedade ao mexer em neurotransmissores como a serotonina ou a noradrenalina”, explica Rodrigo Neves, nutrólogo. Outros, como os análogos de GLP-1 (incluindo Ozempic, Wegovy e Mounjaro), imitam hormônios produzidos naturalmente pelo corpo para retardar o esvaziamento gástrico e dar sensação de saciedade por mais tempo.

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Embora esses medicamentos tenham aprovação para tratar condições específicas, como diabetes tipo 2 ou obesidade em grau severo, seu uso apenas para fins estéticos ganhou popularidade nos últimos tempos por seus efeitos na perda de peso. “Esses remédios ditos emagrecedores têm sim seu lugar nos tratamentos adequados de emagrecimento, mas a indicação está associada ao grau da obesidade e suas comorbidades”, explica Ana Luisa Vilela, nutróloga especialista em emagrecimento.

Os perigos do uso indiscriminado

O uso inadequado de inibidores de apetite pode trazer efeitos colaterais que variam de leves a graves, dependendo do tipo de substância e do prolongamento do seu uso sem orientação médica. Entre os mais comuns estão:

  • Efeitos colaterais: Náuseas, vômitos, diarreia, constipação, tontura, insônia e alterações no paladar
  • Problemas cardíacos: Alguns inibidores podem aumentar a frequência cardíaca e a pressão arterial
  • Dependência e abuso: Alguns produtos podem levar ao uso contínuo e descontrolado, criando um ciclo de dependência
  • Alterações psicológicas: Ansiedade, insônia e depressão podem ser efeitos colaterais de alguns medicamentos que atuam no sistema nervoso central.
  • Efeitos rebote: Ao interromper o uso, muitas pessoas recuperam o peso perdido e até ganham mais peso do que antes.

“Gestantes, lactantes e pacientes com distúrbios gastrointestinais importantes não devem fazer uso de análogos GLP-1. Mas, vale lembrar que cada caso é um caso e devemos avaliar a real indicação de cada paciente para uso de qualquer medicação”, acrescenta Vilela.

Quando o uso é recomendado?

Especialistas alertam que os inibidores de apetite devem ser usados apenas sob prescrição médica e em casos específicos, como obesidade diagnosticada ou condições metabólicas que justifiquem sua utilização.

Não adianta, quem busca por emagrecimento saudável deve ter como pilar principal a mudança no estilo de vida, incluindo alimentação balanceada, prática regular de exercícios físicos e acompanhamento profissional.

“Eles não são feitos para quem quer ‘perder uns quilinhos’ para entrar no vestido da festa. Na verdade, esses produtos são indicados para pessoas com sobrepeso ou obesidade que já tentaram de tudo – dieta, exercícios – e não conseguiram resultados. Também são recomendados em casos onde o excesso de peso traz riscos à saúde, como diabetes, hipertensão ou problemas cardíacos. Mesmo assim, o uso deve ser limitado e sempre acompanhado de mudanças no estilo de vida”, acrescenta Neves.

Além disso, métodos como terapia cognitivo-comportamental podem ajudar no controle da compulsão alimentar, enquanto o apoio de um nutricionista pode auxiliar na adoção de hábitos alimentares sustentáveis.

(Fonte:CNN Brasil)