Correio de Carajás

Indígenas participam de debate no 1º dia da COP30

Aberto à comunidade, o ambiente é voltado para instituições públicas, ONGs, empresas e a sociedade em geral

O debate reuniu indígenas de diversos estados do Brasil e deve se estender nos próximos dias/ Foto: Divulgação/MPF
Por: Milla Andrade
✏️ Atualizado em 11/11/2025 13h09

Nesta segunda-feira (10), primeiro dia de debate e encontro na Green Zone da cúpula climática, indígenas de diferentes estados brasileiros protagonizaram um amplo debate sobre participação social, sustentabilidade econômica e os desafios enfrentados em seus territórios. A discussão reuniu lideranças indígenas de diferentes etnias e representantes do Ministério Público Federal (MPF), com o objetivo de fortalecer a voz dos povos originários nas decisões políticas e ambientais.

Em sua fala, Daniel, representante dos Externos da Secretaria de Cooperação Internacional da Procuradoria-Geral da República, pontua que o espaço é fundamental para que os povos originários transmitam e tragam a própria visão sobre as discussões atuais. “Não faz sentido termos uma COP no Brasil e em Belém sem expor as questões”, pontua.

As lideranças presentes destacaram projetos que envolvem sustentabilidade e geração de renda, buscando autonomia financeira sem abrir mão da proteção dos territórios. Para muitos participantes, o debate simboliza um momento histórico, no qual, pela primeira vez, representantes indígenas de regiões como Rondônia, Roraima, Maranhão, Rio Negro e outros estados discutem, dentro de uma conferência internacional, pautas diretamente ligadas à sobrevivência cultural, ambiental e social de suas comunidades.

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Entre os temas comentados estiveram a demarcação de terras, o financiamento de atividades produtivas sustentáveis, o protagonismo feminino e a segurança dos líderes de aldeia, além da reivindicação de políticas voltadas especificamente para trabalhadoras indígenas. Os jovens também marcaram presença, destacando que a luta indígena é histórica e não acaba, perpassa de geração em geração.

Para os participantes, o debate reflete um marco de participação. Eles defendem que decisões ambientais globais só podem ser legítimas quando incluem aqueles que, historicamente, são os maiores guardiões da floresta. Como afirmam as lideranças, preservar o território não é apenas uma pauta ambiental, mas uma questão de sobrevivência física e cultural.

O espaço levou vozes do território que clamam por uma resposta legítima às suas pautas. Os indígenas destacaram que os debates deveriam ir além da Green Zone, ocorrendo de forma igualitária também na Blue Zone. Foram apresentadas propostas como o reconhecimento da proteção dos territórios indígenas, o financiamento direto e a autonomia financeira, a representação e participação efetiva, a proteção dos defensores indígenas, a inclusão do sistema de conhecimento indígena e as zonas livres de exploração em territórios indígenas.

CONHEÇA A ZONA VERDE

Localizada no Parque da Cidade, em Belém, a Zona Verde, chamada de Green Zone, foi criada para promover diálogo, debate, inovação e cultura, além de aproximar o debate climático da vida da sociedade em geral.

Aberto ao público, o ambiente é voltado para instituições públicas, ONGs, empresas e a sociedade em geral. Com entrada gratuita, os participantes podem ter acesso a palestras, apresentações culturais, debates sobre sustentabilidade, feiras e exposições focadas em educação ambiental e engajamento social.

Os debates também buscam promover um espaço mais inclusivo e acessível, reforçando o compromisso do evento e estimulando a diversidade e a participação popular. O local deve apresentar iniciativas ligadas à economia verde e à agenda de diálogo internacional para implementação de ações climáticas.