Correio de Carajás

Indígenas liberam BR-230 após promessa de reunião

Entre as reivindicações estão a implantação da unidade de proteção para as aldeias e autonomia para que os próprios indígenas gerenciem seus recursos

A manifestação dos Povos Indígenas do Médio Xingu chegou ao fim na tarde desta quarta-feira (16) após promessa de uma reunião para tratar da pauta de reivindicações. E com isso, o trecho da rodovia BR-230, que estava obstruído, foi liberado. Uma fila quilométrica de veículos se formou nos dois sentidos da pista desde quando a manifestação começou.

O grupo com cerca de 170 indígenas saiu do km 786, em frente a uma Base de Segurança Territorial da Etnia Arara, e foi para a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Altamira.

A rodovia estava interditada desde as 5h da manhã de terça-feira (15) pelos indígenas das etnias Parakanã, Araweté, Xipaya, Assurini, Xicrim e Kayapó. Eles cobram o cumprimento de um pacto celebrado com a empresa Norte Energia.

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Consta nesse pacto, segundo os indígenas, o cumprimento de condicionantes da Usina Belo Monte, de responsabilidade da empresa Norte Energia, como a implantação da unidade de proteção para as aldeias. Outra cobrança é o asfaltamento da BR-230, entre a cidades de Medicilândia e Rurópolis.

Além disso, os indígenas também não concordam que a administração de recursos financeiros destinados às aldeias seja feita pela Funai e pedem que as comunidades tenham autonomia para gerir os próprios recursos.

Agora, passado o protesto, uma reunião está prevista para acontecer ainda nesta semana entre representantes da empresa geradora de energia, órgãos dos governos federal e estadual e representantes das etnias. Do contrário, o local pode ser alvo de mais manifestações.

Por outro lado, em nota, a empresa Norte Energia afirmou que não recebeu a pauta de reivindicações e que “mantém diálogo permanente, aberto e transparente com os Povos Indígenas do Médio Xingu, que se dá de forma estruturada, respeitosa, inclusiva e participativa por meio de interações diárias mantidas pelo Programa de Comunicação e também de reuniões tripartites, que envolvem a participação de representantes indígenas e do órgão indigenista para discussão e análises das ações em execução”. (Antônio Barroso/freelancer)

SAIBA MAIS

A Justiça Federal acompanha as reivindicações dos indígenas, pois as condicionantes que eles dizem não estarem sendo cumpridas são objeto de ação do Ministério Público Federal (MPF), que também acompanha a situação.