Nesta sexta-feira (2), o Povo Gavião, da Terra Indígena (TI) Mãe Maria, localizada no município de Bom Jesus do Tocantins, bloqueiam a Rodovia BR-222, que liga Bom Jesus a Marabá. O movimento permite apenas que mulheres grávidas e pessoas doentes atravessem o bloqueio.
Os indígenas realizam uma manifestação pública contra a empresa Equatorial Pará, cobrando providências urgentes quanto ao fornecimento regular e seguro de energia elétrica em suas 36 aldeias. O protesto também denuncia a omissão do Estado e exige reparação por décadas de ocupação indevida do território por torres da Eletronorte.
Em nota divulgada nesta semana, os indígenas responsabilizam a Equatorial pelos danos ambientais causados por um incêndio que atingiu a terra indígena em 2024. O fogo, segundo o relato, teve início em áreas por onde passa a rede elétrica.
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Conforme a nota, a situação motivou uma reunião no dia 19 de março deste ano, mediada pelos Ministérios Públicos Federal e do Estado do Pará. Na ocasião, ficou definido que a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) teria até maio para apresentar um estudo de impacto, que servirá de base para que Eletronorte e Equatorial implantem o fornecimento regular de energia nas aldeias.
Entre as reivindicações do povo Gavião estão: a regularização imediata do serviço de energia elétrica, indenização retroativa pela ocupação do território pelas torres da Eletronorte e o cumprimento rigoroso dos compromissos assumidos em mesa de negociação.
Segundo os indígenas, apesar de atravessada por linhões desde 1980, a Terra Indígena Mãe Maria segue até hoje sem acesso digno à energia, obrigando cerca de 2 mil indígenas a recorrerem a ligações clandestinas e inseguras. “Nossos territórios guardam a memória dos nossos ancestrais, a força da nossa cultura, o sustento das nossas famílias. Portanto, são sagrados e não admitiremos mais ver nossos direitos pisoteados”, finaliza a nota.
O QUE DIZ A EMPRESA
A reportagem do Correio de Carajás entrou em contato com a assessoria de comunicação da Equatorial e a empresa enviou a seguinte nota:
“A Equatorial Pará informa que acompanha a demanda junto ao Ministério Público Federal e que já realizou um levantamento sobre o fornecimento de energia para a localidade. No momento, a empresa aguarda os estudos por parte da Funai, para que possa seguir para os próximos passos. A Equatorial Pará permanece à disposição para dialogar com a comunidade”.