Correio de Carajás

Indígenas da TI Mãe Maria lutam por brigada permanente contra queimadas

Terra Indígena Mãe Maria sofre queimadas todos os anos e aldeias ficam vulneráveis

Lideranças da Terra Indígena (TI) Mãe Maria, a 10 Km de Morada Nova, estão mobilizadas para criar uma brigada permanente de combate a incêndios, em resposta ao aumento das queimadas que ameaçam a preservação do território e a destruição da mata virgem.

Em reunião com representantes do Ibama, FUNAI e Ministério Público Federal (MPF), foi discutida a necessidade de aprovação e apoio para a formação dessa brigada, que contaria com a capacitação dos indígenas e apoio de órgãos como o Corpo de Bombeiros Militar, para garantir uma resposta eficaz e contínua aos incêndios que afetam a o território, sediado no município de Bom Jesus do Tocantins.

Durante uma reunião com o Ibama, a FUNAI, o Ministério Público Federal (MPF) e outros órgãos, discutiu-se a necessidade de um esforço conjunto para enfrentar as queimadas. Aiteti Gavião destacou que o Corpo de Bombeiros Militar do estado se comprometeu a fornecer equipamentos para a comunidade e, em parceria com o Ibama, formar a brigada de incêndio no território. Além disso, a Procuradoria Federal intimou o Ibama a realizar uma fiscalização e perícia na área.

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Aiteti Gavião também lembrou que o território é cortado por cinco empreendimentos, incluindo a Equatorial e a Vale, que serão intimadas pela Procuradora da República a contribuir para a formação da brigada.

Uma nova reunião está prevista para o dia 27 deste mês, na qual serão discutidas as providências necessárias para que esses empreendimentos arquem com parte dos custos. “Estamos tentando efetivar a montagem da brigada e receber algum recurso durante as queimadas,” explica Aiteti, referindo-se à necessidade de apoio financeiro para os brigadistas durante o período de estiagem, muitos dos quais são casados e dedicam tempo integral ao combate aos incêndios.

A criação de uma brigada permanente é vista como uma medida urgente para proteger a TI Mãe Maria das crescentes ameaças, garantindo que as comunidades indígenas tenham os recursos e a capacitação necessários para enfrentar os desafios ambientais que colocam em risco seu território.

Segundo a cacique Kátia Akrãtikatêjê, a formação desta brigada é fundamental para preservar o território e garantir que a nova vegetação que tem surgido não se expanda descontroladamente. “Não estive na reunião, mas as lideranças que participaram estão lutando por um bem comum. O objetivo é formar uma brigada permanente que seja capacitada e fique para sempre,” observa.

REGISTROS DE INCÊNDIOS

Agosto, conhecido por ser um dos meses mais quentes do ano em Marabá, também foi marcado por um aumento significativo de queimadas urbanas. Nos primeiros oito dias do mês, a Defesa Civil Municipal identificou mais de 80 focos de incêndio em diversos pontos da cidade, de acordo com dados divulgados pela autarquia. O número ultrapassou, e muito, o registrado durante todo o mês de julho, quando 49 ocorrências de queimadas foram registradas nas zonas rural e urbana.

As queimadas, que ainda persistem, têm causado sérios problemas de saúde na população, com alguns casos evoluindo para Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). O diretor da Defesa Civil em Marabá, Marlivon Andrade, aponta que equipes da Brigada de Incêndio da prefeitura, em parceria com o Corpo de Bombeiros, estão trabalhando intensamente para combater os focos de incêndio.

(Thays Araujo)