Correio de Carajás

Índia: menina sequestrada em escola foge após 9 anos e acha família

Pooja Gaud ficou de 2013 até julho de 2022 sendo submetida a maus-tratos e trabalho doméstico forçado pelo casal que a raptou

Foto: BBC e Polícia de Bombaim

Nove anos após após ser sequestrada, uma garota indiana, agora com 16, finalmente conseguiu fugir e voltar para casa. Identificada como Pooja Gaud, ela ficou de 2013 até julho de 2022 sendo submetida a maus-tratos e trabalho doméstico forçado pelo casal que a raptou.

A história foi divulgada neste domingo pela BBC. Segundo a reportagem, Pooja desapareceu em 22 de janeiro de 2013, quando tinha sete anos. Um casal a pegou do lado de fora da escola que estudava na cidade de Mumbai, no estado indiano de Maharashtra, no oeste da Índia.

Naquele dia, ela tinha ido para a escola com o irmão mais velho, mas eles brigaram. Ele entrou e deixou a menina para trás porque estava atrasado. Foi quando o casal prometeu comprar um sorvete para ela e a levou embora.

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A polícia indiana alegou que a menina foi sequestrada por Harry D’Souza e sua esposa, Soni D’Souza, porque o casal não tinha filhos. Harry D’Souza foi preso.

Pooja diz que o casal inicialmente a levou para Goa e depois para Karnataka, estados no oeste e sul da Índia, e ameaçou machucá-la se ela chorasse ou chamasse atenção.

Ela diz que foi autorizada a frequentar a escola por um curto período de tempo. No entanto, depois que o casal teve um filho, eles a tiraram e todos se mudaram para Bombaim.

Os abusos acabaram piorando depois que o bebê nasceu. “Eles me batiam com um cinto, me chutavam e davam socos. Uma vez me bateram com um rolo com tanta força que minhas costas começaram a sangrar. Também me obrigaram a fazer trabalhos domésticos e trabalhar de 12 a 24 horas fora de casa”, disse à BBC.

A casa onde moravam os sequestradores era perto da família de Pooja, mas ela não conhecia as estradas, estava sempre sendo vigiada, não tinha dinheiro nem telefone, e por isso, pedir ajuda era difícil.

A fuga de casa
Um certo dia, Pooja pegou o celular do casal enquanto eles dormiam e escreveu o próprio nome no YouTube. Ela encontrou vídeos e pôsteres mencionando seu sequestro e números para os quais ela poderia pedir ajuda.

A garota afirma que naquele momento decidiu pedir ajuda, mas foram ainda mais sete meses até ter coragem para conversar com uma empregada doméstica que trabalhava na mesma casa que ela.

Pramila Devendra, 35, concordou em ajudar imediatamente. Foi feita uma videochamada entre mãe e filha e, depois, uma reunião. “Todas as minhas dúvidas desapareceram imediatamente. Eu sabia que havia encontrado minha filha”, afirmou Poonam Gaud.

Uma vez reunidos, Pooja, alguns parentes e Devendra foram à delegacia para registrar uma queixa. Milind Kurde, inspetor-chefe da delegacia de polícia DN Nagar de Mumbai, disse à BBC que vários casos foram registrados contra os acusados – ​​de sequestro, ameaças, violência física e violação das leis de trabalho infantil.

O retorno à família
Agora, a mãe da adolescente tenta recuperar o tempo perdido fazendo coisas como cozinhar a refeição favorita dela e penteando o cabelo. A família tenta fazer o máximo de coisas juntos, mas a vida no momento é difícil para eles.

O pai de Pooja, que era o único sustento da família, morreu por causa de um câncer há quatro meses. Então, a mãe começou a vender sanduíches em uma estação de trem para sustentar seus três filhos. Os lucros, no entanto, são escassos e ela luta para sobreviver.

“Agora também tenho despesas legais. Nossa condição é tão precária que se eu faltar um dia de trabalho, não teremos dinheiro para comer no dia seguinte”, lamentou Poonam.

Pooja ainda está processando seu trauma. Ela tem pesadelos e se sente triste por nunca mais poder ver seu pai novamente. Para sua segurança, ela passa a maior parte do tempo em casa ou é acompanhada por um familiar quando sai.

Apesar desses problemas, a mãe afirma que não poderia estar mais feliz. “O trabalho é exaustivo, mas cada vez que vejo Pooja, encontro forças novamente. Estou tão feliz que ela está de volta.”

(Fonte: Metrópoles)