O auditório da Superintendência do Incra em Marabá recebeu ontem, segunda-feira (30), audiência pública para debater a aquisição de quatro fazendas da Família Miranda: Renascença, São José, São Pedro e Monte Belo, situadas em Marabá, porém a cerca de 60 km de Parauapebas.
No auditório, estiveram presentes trabalhadores rurais ligados à Frente Nacional de Luta (FNL), representantes de diferentes órgãos ambientais (IBAMA, ICMBio, Conselho Municipal do Meio Ambiente), representantes da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) e proprietários da fazenda.
A grande preocupação com a aquisição da área para transformá-la em assentamento é a enorme cobertura florestal que existe no complexo, uma das maiores em áreas privadas de Marabá. A FNL defende a criação de um assentamento para 166 famílias no local, argumentando que as áreas ambientais serão protegidas.
Leia mais:Os órgãos ambientais, entretanto, se mostram preocupados com a transformação da área em assentamento, vez que o local abriga madeira de extração ilegal, como castanheiras, por exemplo, alertando para a possibilidade de desmatamento da área preservada.
A sugestão das entidades é que, em vez de abrir novas áreas para pecuária e agricultura, o Incra retome áreas que estão abandonadas ou foram revendidas para fazendeiros, ou seja, griladas, e faça a redistribuição para a reforma agrária.
Um dos proprietários, Márcio Miranda, diz que a área oferecida ao Incra não faz fronteira direta com a Flona Tapirapé-Aquiri e que está se colocando à venda pouco mais de 7 mil hectares dos mais de 50 mil de propriedade da família naquela região.
A questão começou a ser discutida ainda em 2016, quando os proprietários ofereceram a área e o Incra sinalizou a possibilidade de pagar R$ 47.123.215,80 pelo complexo. O Ministério Público está acompanhando o caso e também já demonstrou preocupação com a negociação, principalmente em relação ao valor ofertado.