Correio de Carajás

Ilker Moraes narra ano de conquistas, embates e planos para o Legislativo

Presidente reforça independência e compromisso do Legislativo com o Município e projeta desafios para 2026

Ilker Moraes promoveu um amplo balanço sobre o ano do Legislativo Fotos: Evangelista Rocha
Por: Da Redação

O presidente da Câmara Municipal de Marabá (CMM), vereador Ilker Moraes (MDB), realizou na manhã desta segunda-feira um encontro com a imprensa local para apresentar um balanço completo das atividades legislativas de 2025. Em uma entrevista coletiva detalhada, Moraes não se limitou a listar conquistas, mas narrou os processos, os desafios e as tensões que marcaram o ano, especialmente na relação com o Poder Executivo, ao mesmo tempo em que projetou um 2026 de maior proximidade com a população.

Iniciando sua fala, Ilker Moraes agradeceu a presença e o trabalho da imprensa na cobertura das ações do Parlamento. Ele posicionou o momento como uma oportunidade de “prestar contas à sociedade, depois de um ano de muito trabalho”.

Um dos primeiros e mais celebrados resultados mencionados foram os reflexos provenientes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Projeto Salobo. Segundo o presidente, a cidade começa a colher os frutos dessa iniciativa. “São 34 quilômetros de asfalto que serão implantados na nossa cidade”, detalhou, dando ênfase especial aos “10 quilômetros na zona rural, na região das vilas, ali da estrada do Rio Preto”.

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Ele anunciou que os vereadores farão uma fiscalização in loco das obras na próxima semana, ressaltando a importância de garantir a qualidade da pavimentação. “A gente tem que conferir o que está no papel e o que está na prática, porque, infelizmente, a gente vê muitos asfaltos sendo mal realizados”, afirmou, especificando a preocupação com a drenagem e a espessura do concreto.

Moraes relembrou o árduo caminho político para alcançar esse resultado: “Claro que esse ganho foi depois de três anos de discussão, de debates, de muita pressão política por nossa parte”. Ele mencionou o episódio em que a Vale S.A. recebeu o título de persona non grata como um reflexo da intensidade do debate.

Além do asfalto, o presidente mantém a expectativa de que a investigação sobre o ouro não declarado no concentrado de cobre, cujo relatório foi enviado à Agência Nacional de Mineração (ANM), ao Tribunal de Contas da União (TCU) e ao Ministério Público, possa trazer um ganho ainda maior para Marabá, estimado em mais de R$ 400 milhões.

Outro projeto estruturante é a ampliação do prédio da Câmara Municipal. Com inauguração prevista para o final de 2026, a obra tem dois objetivos centrais. O primeiro é fortalecer a Escola do Legislativo, que há 10 anos promove a cidadania entre jovens. “Tornar esses jovens mais conscientes, também politicamente, isso é importante”, disse Moraes. O segundo é a criação de um espaço para a cidadania, nos moldes de uma “estação cidadania”, para a emissão de documentos, com a expectativa de que comece a funcionar em 2027.

Relação com o Executivo

Quando questionado sobre a relação com a Prefeitura de Marabá, sobretudo com as tentativas recorrentes de interferência da parte do prefeito Toni Cunha, o presidente não hesitou em classificá-la como “um pouco complicada”. Ele traçou a origem dos desentendimentos à “própria tentativa do prefeito de já intervir na própria eleição da mesa da Câmara” no início do ano. Moraes criticou a postura do gestor municipal, acusando-o de “querer expor vereadores nas redes sociais, de difamar, colocar a sociedade contra o Parlamento”.

O ponto mais crítico da relação no final do ano é a disputa em torno das emendas parlamentares impositivas. O assunto foi judicializado pela Procuradoria do Ministério Público e pela própria Câmara, que se opôs a um decreto municipal que suspendia a execução das emendas. Moraes lamentou uma decisão liminar recente do Tribunal de Justiça, em segunda instância, que suspendeu novamente as emendas individuais. “Estranhamente, o diálogo estava aberto e aí, mais uma vez, a Justiça entra nesse processo e realmente não é isso que a gente quer”, comentou.

O vereador fez uma defesa enfática da importância das emendas, rebatendo a narrativa de que elas prejudicam o orçamento. Ele explicou que o valor corresponde a apenas 3% da receita corrente líquida, totalizando entre R$ 40 e R$ 44 milhões anuais. Segundo ele, a maior parte desses recursos permanece para execução das próprias secretarias municipais, enquanto outra parcela é destinada a cerca de 50 instituições sociais.

“Estamos falando aí de mais ou menos 50 instituições, associações, institutos, cooperativas, que recebem esse recurso para realizar trabalhos em vários segmentos”, disse, citando como exemplos a APAE, a Sorriso Legal, o Lar São Vicente e o trabalho de saúde feito pelos Capuchinhos (igreja Católica). “Na minha avaliação, a avaliação do Parlamento é de que ela (as emendas) ajuda a sociedade marabaense”, concluiu.
Em um contraponto direto à suposta falta de recursos, Moraes apontou o que considera uma falha de gestão do Executivo. “Não é normal o município de Marabá chegar ao final do ano com mais de R$ 450 milhões em conta, enquanto os problemas na saúde só aumentam, os problemas dos alagamentos só aumentam, o problema do lixo na cidade só aumenta”, criticou.

Fala do presidente foi durante coletiva à Imprensa nesta segunda-feira

Mais perto da população

O presidente destacou as seis audiências públicas realizadas e uma “grande escuta social” recente, que resultou em um relatório com demandas e denúncias que serão encaminhadas aos órgãos competentes. Para 2026, a CMM planeja intensificar essa aproximação com o projeto “Câmara Itinerante”.

“A gente vai rodar todos os bairros de Marabá, pelo menos uma sessão em cada bairro. A ideia é que a gente realize essas sessões no período noturno, para realmente tentar chegar talvez até mais próximo ainda da sociedade”, explicou. O projeto também prevê levar as sessões para as vilas da zona rural.

A gestão interna

Em seu primeiro ano na presidência, Ilker Moraes descreveu o cargo como uma “responsabilidade maior”, que envolve desde a gestão dos gabinetes e departamentos até a modernização da Casa. Ele mencionou investimentos na informatização e tecnologia, como melhorias na transmissão das sessões e na rede de internet interna. O próximo passo, segundo ele, é a implantação do Sistema Eletrônico de Informações (SEI), já utilizado pela Prefeitura, para agilizar e dar mais transparência aos processos legislativos.

“É um trabalho rotineiro, às vezes, de muito empenho. Não tem hora, não tem dia”, confessou, agradecendo o apoio dos demais vereadores e reafirmando o compromisso de solucionar os problemas existentes.

Orçamento e recesso

A última sessão deste ano em plenário na Câmara de Marabá será solene, na manhã desta terça-feira (9) para entrega de comendas a personalidades. Depois disso, o Legislativo entra em recesso.

Em sessão ordinária realizada no último dia 3 de dezembro, a Câmara Municipal aprovou, em 2º turno, o Projeto de Lei que estima a receita e fixa as despesas do município de Marabá para o exercício financeiro de 2026. Ao todo, os 21 vereadores apresentaram e tiveram aprovadas 18 emendas à Lei Orçamentária Anual (LOA).

A Lei Orçamentaria é um instrumento de planejamento financeiro do governo que estima as receitas (dinheiro que entra) e fixa as despesas (dinheiro que sai) para o ano seguinte. Ela detalha como os recursos públicos serão gastos em diversas áreas, como saúde, educação, infraestrutura e pagamento de servidores, e deve estar alinhada com o Plano Plurianual (PPA) e a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

O Projeto de Lei Orçamentária Anual de Marabá para o exercício financeiro de 2026 tem a receita estimada pelo governo em R$ 2.254.400.868,53.

Educação com R$ 601.955.845,61; Saúde com R$ 446.480.295,79 e Urbanismo com R$ 253.402.539,59 lideram as pastas com os maiores orçamentos do município.