Correio de Carajás

Ibama fiscaliza abertura de estradas ilegais

Fabiane Barbosa

Na manhã desta quarta-feira (9) uma equipe de fiscalização do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), acompanhada da Polícia Rodoviária Federal (PRF), esteve nas fazendas Água Boa 2, Lago Vermelho e Beira Rio para apurar uma denúncia de desmatamento em Área de Preservação Permanente (APP).

As propriedades rurais estão localizadas na fronteira entre Marabá e Itupiranga, onde, de acordo com a denúncia encaminhada pelo Ministério Público Federal (MFP), moradores ribeirinhos vêm passando por situações de ameaça e devastação de suas plantações, nas áreas conhecidas como Lago dos Macacos, Comunidade Flor do Brasil e Projeto de Assentamento Diamante.

A reportagem do Correio de Carajás acompanhou a ação do IBAMA e, ao longo do caminho percorrido, a fiscalização identificou que a estrada foi aberta de forma ilegal, há cerca de três semanas.

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Moradores da área conversaram com a reportagem e um deles é o produtor Walkir Carvalho de Sousa, que tem plantações de banana, macaxeira, abacaxi, cupuaçu e laranja. Mas, essas duas últimas, segundo ele, foram destruídas pelas máquinas de um dos fazendeiros que abriram estradas dentro da mata. “Aqui não existia nada, só era mato. Aqui só havia um ramal velho, era difícil pra entrar, a gente vinha de canoa. Isso aí foi ele que abriu, destruiu aqui, destruiu ali. Pra lá ele tocou fogo nas casas, expulsou uma senhora de idade e várias pessoas, intimidando”, contou.

Ainda segundo o morador, a fazenda, que fica próxima ao assentamento, foi vendida há cerca de oito meses, e que com a antiga proprietária nunca houve qualquer tipo de problema. Mas, agora, com o fazendeiro, a comunidade precisou procurar as autoridades para se defender de ameaças. “Ele não vem, mas manda os empregados e umas pessoas de uma segurança de Belém, uma escolta armada. Depois que a gente denunciou a Polícia Rodoviária veio aqui e levou eles presos, eu até fui lá pra prestar depoimento”, relembra.

Outra moradora, Ana Rita Matias da Silva, vive no assentamento há sete anos e possui título de uso de terra. Ela planta milho, macaxeira, melancia, caju e outros alimentos para consumo próprio e ficou assustada com a movimentação no local, que antes era sossegado. “Meu Deus do céu! Eu fiquei muito ruim. Porque tinha uns vizinhos que moram em outra associação, aí chegaram e avisaram que um trator tava chegando lá em casa e ele vem derrubando os barracos tudo e tacando fogo”, lembrou.

Nem o MPF nem Ibama falaram sobre operação

O Ministério Público Federal solicitou apoio da Polícia Rodoviária Federal no dia 24 de setembro deste ano para apuração de denúncia de que havia pessoas armadas na região do Lago dos Macacos, em uma área da União. Na ocasião, oito homens foram presos em flagrante por estarem armados com quatro revólveres e quatro espingardas calibre 12, além de 52 munições intactas. Os presos e as armas foram levados para a Delegacia da Polícia Federal em Marabá e as investigações apontaram que os presos eram funcionários da empresa Marca Vigilância, contratada pelos fazendeiros da região.

De acordo com o MPF, as famílias que moram na comunidade procuraram o órgão relatando as ameaças e os danos em suas plantações que estavam sendo praticados há alguns dias. Depois que as prisões e a apreensão das armas foram realizadas, o MPF ajuizou um pedido cautelar a fim de suspender o contrato de prestação de serviços da Marca Vigilância e paralisar todas as atividades de demarcação e expansão das fazendas.

Resposta

Apesar da insistência da reportagem, não foi possível obter maiores detalhes da operação que está sendo realizada nem por parte do MPF nem do IBAMA. Conforme apurado pelo Correio, o procurador da República de Marabá, Alexandre Aparizi, se encontra em viagem para fora do Pará.

Já o gerente regional do IBAMA, Hildemberg Cruz, informou que só pode conceder entrevista ou mesmo passar qualquer informação mediante autorização da Assessoria de Imprensa do Ministério do Meio Ambiente. A reportagem enviou por e-mail a solicitação de entrevista à Ascom do Ministério e fez contato por telefone para saber se o pedido foi recebido, e apesar da confirmação, não houve resposta até o fechamento desta reportagem.

Já o assessor do procurador Alexandre Aparizi informou por mensagem que enviaria o contato dele para realização de entrevista por telefone, porém isso não ocorreu. (Fabiane Barbosa)