📅 Publicado em 05/08/2025 10h45
No coração de Parauapebas, entre feiras de artesanato e sonhos de argila, nasceu o Instituto Mulheres de Barro. O ano era 2003. Sandra de Santos Silva, coordenadora e alma do projeto, lembra com clareza da virada: “Fomos levadas a Belém pelo Sebrae. Era só o começo. Tínhamos argila nas mãos e vontade no peito.”
Começaram como um grupo de artesãs e, aos poucos, descobriram no cooperativismo uma forma de resistir e existir. Mas o que ninguém esperava é que, anos depois, a cerâmica tradicional encontraria a inteligência artificial.
Barro + IA = Inclusão e impacto
Leia mais:A reinvenção chegou sem alarde, mas com propósito. Com apoio técnico de empreendedores locais — que Sandra descreve como “visionários que enxergaram valor na cultura popular” — o Mulheres de Barro deu um salto para o futuro. Hoje, a exposição permanente do instituto conta com:
Áudio-descrição por IA, que resume as peças expostas;
Tradução simultânea para Libras, com uso de tecnologia inteligente;
Realidade aumentada e acessibilidade digital via QR codes nas peças de cerâmica.
“Arqueologia e inteligência artificial. Quem diria, né?”, diz Sandra, entre um sorriso tímido e o brilho no olhar de quem viu a tecnologia se dobrar à ancestralidade.
Com uma estrutura educativa que atende da primeira infância à graduação, o Mulheres de Barro quer receber 8.000 pessoas até o final de 2025. A visita começa com uma jornada guiada pela exposição e termina com a mão na massa — literalmente.
“As crianças moldam a argila com as próprias mãos. Depois de ouvir, ver e tocar, elas criam. É uma experiência de imersão sensorial”, explica Sandra, que se orgulha da fusão da tecnologia com algo tão artesanal quanto o barro.
O espaço hoje é ponto turístico, educativo e afetivo. Turistas chegam indicados pelas redes sociais, e os moradores da cidade já adotaram o local como espaço de pertencimento.
“Além da sustentabilidade, oferecemos do acesso às novas tecnologias. Acho que este é um momento muito importante para o município de Parauapebas, porque temos um empreendedor municipal muito interativo com os pequenos setores. Até então, as novas tecnologias, como a inteligência artificial, ficavam muito no campo das grandes instituições, das grandes empresas. Somos um município bastante antenado com isso por causa da mineração, mas os pequenos empreendimentos não tinham acesso. Com esse empreendedor visionário, digo visionário porque ele está focando também nos empreendimentos locais, nos pequenos produtores, na cultura, e houve um grande avanço para a cultura interagir com a IA. E, com isso, podemos garantir melhor acesso às pessoas com deficiência. Por meio da tecnologia, conseguimos incluir audiodescrição, interpretação em Libras, tanto para o público como para visitantes que têm curiosidade de ver como isso acontece”, detalha Sandra.

Um case de futuro com identidade
A experiência do Mulheres de Barro é mais do que tecnologia: é uma aula de como inovar sem perder a essência. Um projeto que une cultura, inclusão, ancestralidade e dados. “Antes, tudo isso parecia distante. Agora, está na palma da nossa mão. Literalmente: basta apontar a câmera do celular. Inteligência Artificial só faz sentido quando serve à coletividade. Aqui, ela ajuda a contar nossas histórias para quem nunca nos ouviria”, contemporiza.