Correio de Carajás

Homem é preso por vender vagas na UTI do Regional por R$ 2.500,00

A casa caiu para Marcus Vinícius Medeiros Monteiro. E não ficou nem o baldrame. Ele foi preso na manhã desta quarta-feira, dia 20 de dezembro, e deverá passar Natal e Ano Novo atrás das grades. Marcus é acusado de crimes de estelionato e tráfico de influência para conseguir vaga na concorrida UTI do Hospital Regional Público do Sudeste Dr. Geraldo Veloso, em Marabá.

O acusado vinha sendo monitorado pela Polícia Civil há cerca de seis meses, desde que apareceu a primeira denúncia. Mas depois, outras duas chegaram à mesa da delegada Simone Freitas Felinto, diretora da 21ª Seccional Urbana de Marabá, que foi montando um quebra-cabeça até conseguir elementos necessários para pedir um mandado de prisão contra o acusado.

E quem concedeu o mandado de prisão preventiva foi a juíza Renata Guerreiro Milhomem de Souza, da 1ª Vara Criminal da Comarca de Marabá. Ela também foi favorável ao pedido de busca e apreensão de documentos na residência de Marcus Vinícius, no Bairro São Félix. A magistrada entendeu que é grave o fato de o acusado se passar por agente administrativo da Casa Civil do governador Simão Jatene, a fim de ter acesso às informações constantes do sistema de dados dos pacientes do Hospital Regional e ganhar maior credibilidade na transação junto aos familiares dos doentes.

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A delegada Simone Felinto sintetiza que pelo menos três famílias foram vítimas de Marcus Vinícius, sendo uma em 2015 e outra no primeiro semestre deste ano. Elas teriam pago R$ 1.200,00, cada, mas numa situação mais recente, ocorrida no final de novembro, Marcus teria cobrado e recebido R$ 2.500,00 para furar a fila da UTI do Hospital Regional e colocar um paciente.

Várias testemunhas relataram à delegada Simone diversas situações envolvendo Marcus Vinícius na comercialização de vagas na UTI do HR. “Uma vaga em leito no Hospital Regional de Marabá é alcançada através de uma Central de Regulação, a qual analisa algumas variáveis para concessão ou organização da “fila” de entrada de pacientes naquela unidade de saúde. Ainda precisamos descobrir como Marcus tinha acesso à regulação”, ressalta a delegada.

ÁUDIOS COMPROMETEDORES

A Reportagem do CORREIO teve acesso a alguns áudios de conversas telefônicas gravadas pela neta de um paciente de Itupiranga com Marcus Vinícius. Nela, o acusado afirma categoricamente trabalhar na Casa Civil do Governo do Estado e negocia a vaga para o avô da moça, que estava internado no Hospital de Itupiranga após ter sofrido um AVC (Acidente Vascular Cerebral).

Marcus garantia, na conversa, que o avô da jovem era o próximo na fila do leito na UTI do HR, mas os dias se passaram, ele não conseguiu a vaga e o idoso acabou falecendo lá mesmo em Itupiranga. Revoltada, ela procurou Marcus insistentemente, para que ele devolvesse o dinheiro, o que não aconteceu.

A partir de então, a moça passou a ligar para o Hospital Regional e conseguiu o número do telefone do médico de prenome Marcelo, da regulação, e de quem tanto Marcus falava, o qual seria seu parceiro. O profissional de saúde negou veementemente que soubesse da intermediação do agenciador e posteriormente procurou a Polícia Civil para denunciar o caso.

Por outro lado, a delegada faz questão de deixar claro que, apesar de uma das denunciantes citar o nome de um médico da regulação do Hospital Regional, ao longo da investigação não ficou comprovado que houvesse participação dele ou de qualquer funcionário do HR no esquema. “Não encontramos vínculo com pessoas que trabalham no Hospital Regional. Se ele tinha acesso às informações da regulação, que é de responsabilidade da Sespa, ainda não descobrimos de que maneira isso ocorria”, pondera a delegada Simone.

Sobre o caso mais recente em que Marcus teria agenciado uma vaga na UTI do Regional para um paciente, a delegada observa que a família atribui ter conseguido a transferência para o HR graças à intervenção paralela de um promotor do Ministério Público Estadual, embora o acusado dissesse que o autor teria sido ele.

A delegada explica que tem 10 dias para concluir o inquérito deste caso e espera descobrir como Marcus obtinha informações privilegiadas sobre a regulação do HR. “Não se sabe se ele tinha influência ou utilizava do nome de pessoas de dentro do hospital para praticar seu crime”.

Em várias ocasiões, nos últimos meses, segundo a delegada, Marcus Vinícius foi abordado no interior do Hospital Regional e sempre que era questionado sobre a razão de sua presença no local, ele dava uma desculpa de que estava visitando ou acompanhando algum parente. “Em depoimento, ele chegou a afirmar que foi a vítima de Itupiranga quem ofereceu o dinheiro e ele teria recusado. Disse que tem apenas o bom senso de ajudar as pessoas, já que conhece muita gente na cidade e por isso sai pedindo favores para agilizar as transferências para o Hospital Regional”, relata.

Sobre a busca e apreensão, a delegada Simone Felinto diz que elas foram necessárias para avaliar se Marcus Vinícius teria em casa receituários e documentos de outros pacientes com os quais estaria negociando vaga na UTI do Regional. Alguns foram apreendidos e serão avaliados nos próximos dias.

Embora se passasse como agente administrativo da Casa Civil, a delegada observa que o acusado jamais atuou nesta função e na delegacia negou que se apresentasse como tal, informando apenas que já foi assessor de um ex-vereador, o qual era presidente de um sindicato. “Mas há gravação comprovando que Marcus se identificava desta forma para uma das vítimas”.

HR MUDO E SESPA INACESSÍVEL

A Reportagem pediu um posicionamento sobre o assunto para o Hospital Regional, que demorou a responder. Quando o fez, no início da tarde, avisou que não se posicionaria sobre o assunto, alegando que a responsabilidade sobre a regulação do Hospital é da Sespa (Secretaria de Estado de Saúde Pública), que apenas ocupa uma sala nas dependências do HR. A assessoria repassou o número de telefone e e-mail de uma assessora de Imprensa da Sespa, em Belém.

A Reportagem tentou várias vezes contato com Edna Lima, a referida assessora da Sespa, mas não obteve sucesso.

A defesa de Marcus Vinícius não foi encontrada para dar a versão do cliente sobre as acusações impostas pela Polícia Civil. (Ulisses Pompeu)

A casa caiu para Marcus Vinícius Medeiros Monteiro. E não ficou nem o baldrame. Ele foi preso na manhã desta quarta-feira, dia 20 de dezembro, e deverá passar Natal e Ano Novo atrás das grades. Marcus é acusado de crimes de estelionato e tráfico de influência para conseguir vaga na concorrida UTI do Hospital Regional Público do Sudeste Dr. Geraldo Veloso, em Marabá.

O acusado vinha sendo monitorado pela Polícia Civil há cerca de seis meses, desde que apareceu a primeira denúncia. Mas depois, outras duas chegaram à mesa da delegada Simone Freitas Felinto, diretora da 21ª Seccional Urbana de Marabá, que foi montando um quebra-cabeça até conseguir elementos necessários para pedir um mandado de prisão contra o acusado.

E quem concedeu o mandado de prisão preventiva foi a juíza Renata Guerreiro Milhomem de Souza, da 1ª Vara Criminal da Comarca de Marabá. Ela também foi favorável ao pedido de busca e apreensão de documentos na residência de Marcus Vinícius, no Bairro São Félix. A magistrada entendeu que é grave o fato de o acusado se passar por agente administrativo da Casa Civil do governador Simão Jatene, a fim de ter acesso às informações constantes do sistema de dados dos pacientes do Hospital Regional e ganhar maior credibilidade na transação junto aos familiares dos doentes.

A delegada Simone Felinto sintetiza que pelo menos três famílias foram vítimas de Marcus Vinícius, sendo uma em 2015 e outra no primeiro semestre deste ano. Elas teriam pago R$ 1.200,00, cada, mas numa situação mais recente, ocorrida no final de novembro, Marcus teria cobrado e recebido R$ 2.500,00 para furar a fila da UTI do Hospital Regional e colocar um paciente.

Várias testemunhas relataram à delegada Simone diversas situações envolvendo Marcus Vinícius na comercialização de vagas na UTI do HR. “Uma vaga em leito no Hospital Regional de Marabá é alcançada através de uma Central de Regulação, a qual analisa algumas variáveis para concessão ou organização da “fila” de entrada de pacientes naquela unidade de saúde. Ainda precisamos descobrir como Marcus tinha acesso à regulação”, ressalta a delegada.

ÁUDIOS COMPROMETEDORES

A Reportagem do CORREIO teve acesso a alguns áudios de conversas telefônicas gravadas pela neta de um paciente de Itupiranga com Marcus Vinícius. Nela, o acusado afirma categoricamente trabalhar na Casa Civil do Governo do Estado e negocia a vaga para o avô da moça, que estava internado no Hospital de Itupiranga após ter sofrido um AVC (Acidente Vascular Cerebral).

Marcus garantia, na conversa, que o avô da jovem era o próximo na fila do leito na UTI do HR, mas os dias se passaram, ele não conseguiu a vaga e o idoso acabou falecendo lá mesmo em Itupiranga. Revoltada, ela procurou Marcus insistentemente, para que ele devolvesse o dinheiro, o que não aconteceu.

A partir de então, a moça passou a ligar para o Hospital Regional e conseguiu o número do telefone do médico de prenome Marcelo, da regulação, e de quem tanto Marcus falava, o qual seria seu parceiro. O profissional de saúde negou veementemente que soubesse da intermediação do agenciador e posteriormente procurou a Polícia Civil para denunciar o caso.

Por outro lado, a delegada faz questão de deixar claro que, apesar de uma das denunciantes citar o nome de um médico da regulação do Hospital Regional, ao longo da investigação não ficou comprovado que houvesse participação dele ou de qualquer funcionário do HR no esquema. “Não encontramos vínculo com pessoas que trabalham no Hospital Regional. Se ele tinha acesso às informações da regulação, que é de responsabilidade da Sespa, ainda não descobrimos de que maneira isso ocorria”, pondera a delegada Simone.

Sobre o caso mais recente em que Marcus teria agenciado uma vaga na UTI do Regional para um paciente, a delegada observa que a família atribui ter conseguido a transferência para o HR graças à intervenção paralela de um promotor do Ministério Público Estadual, embora o acusado dissesse que o autor teria sido ele.

A delegada explica que tem 10 dias para concluir o inquérito deste caso e espera descobrir como Marcus obtinha informações privilegiadas sobre a regulação do HR. “Não se sabe se ele tinha influência ou utilizava do nome de pessoas de dentro do hospital para praticar seu crime”.

Em várias ocasiões, nos últimos meses, segundo a delegada, Marcus Vinícius foi abordado no interior do Hospital Regional e sempre que era questionado sobre a razão de sua presença no local, ele dava uma desculpa de que estava visitando ou acompanhando algum parente. “Em depoimento, ele chegou a afirmar que foi a vítima de Itupiranga quem ofereceu o dinheiro e ele teria recusado. Disse que tem apenas o bom senso de ajudar as pessoas, já que conhece muita gente na cidade e por isso sai pedindo favores para agilizar as transferências para o Hospital Regional”, relata.

Sobre a busca e apreensão, a delegada Simone Felinto diz que elas foram necessárias para avaliar se Marcus Vinícius teria em casa receituários e documentos de outros pacientes com os quais estaria negociando vaga na UTI do Regional. Alguns foram apreendidos e serão avaliados nos próximos dias.

Embora se passasse como agente administrativo da Casa Civil, a delegada observa que o acusado jamais atuou nesta função e na delegacia negou que se apresentasse como tal, informando apenas que já foi assessor de um ex-vereador, o qual era presidente de um sindicato. “Mas há gravação comprovando que Marcus se identificava desta forma para uma das vítimas”.

HR MUDO E SESPA INACESSÍVEL

A Reportagem pediu um posicionamento sobre o assunto para o Hospital Regional, que demorou a responder. Quando o fez, no início da tarde, avisou que não se posicionaria sobre o assunto, alegando que a responsabilidade sobre a regulação do Hospital é da Sespa (Secretaria de Estado de Saúde Pública), que apenas ocupa uma sala nas dependências do HR. A assessoria repassou o número de telefone e e-mail de uma assessora de Imprensa da Sespa, em Belém.

A Reportagem tentou várias vezes contato com Edna Lima, a referida assessora da Sespa, mas não obteve sucesso.

A defesa de Marcus Vinícius não foi encontrada para dar a versão do cliente sobre as acusações impostas pela Polícia Civil. (Ulisses Pompeu)