Uma condição rara deixou o ex-professor Mark Mongiardo em uma situação complicada. O homem de 40 anos, morador da Flórida, Estados Unidos, sofre da síndrome da Autocervejaria ou síndrome da Fermentação Intestinal, como também é conhecida. A condição faz com que o corpo produza micróbios no intestino que convertem açúcar em álcool — o que causou diversos episódios traumáticos para Mark.
O diagnóstico demorou para ser revelado e ao longo do processo de investigação, Mark acabou perdendo a casa onde morava, foi demitido sob acusação de trabalhar bêbado por “cheirar a álcool”, além de acabar sendo parado duas vezes em seis meses pela polícia por dirigir embriagado — e em todos os episódios ele não havia ingerido uma gota de álcool.
O homem começou a dar aulas de educação física em 2005 em uma escola em Nova Jersey, mas em pouco tempo foi acusado ao diretor por pais de aluno, que alegaram que ele estava “cheirando a álcool”. Ao longo de sua carreira no ensino, e particularmente entre 2012 e 2016, ele foi repetidamente chamado por causa dessas alegações.
Leia mais:Em 2018, ele trocou de papel e tornou-se diretor esportivo, mas pouco tempo depois, foi parado pela polícia e precisou fazer o bafômetro, sendo acusado de dirigir embriagado. Mongiardo insistiu que não havia bebido e seu chefe, na época, disse que estava “dispostos a passar por cima disso” porque estavam muito satisfeitos com seu trabalho. Seis meses depois, ele foi parado pela polícia novamente.
“Foi aí que perdi tudo. Perdi tudo o que alguém poderia perder. Tive que vender minha casa, tive que vender meu carro. Eu não conseguia um emprego na educação, não conseguia um emprego no supermercado. Eu tinha acusações criminais pendentes. Você sabe, eu estava enfrentando pena de prisão por dirigir embriagado duas vezes, apesar de não ter bebido”, disse ele ao site ABC7.
Diagnóstico
Após as acusações criminais, Mark se viu em uma situação complicada, sem conseguir empregos e sem saber explicar o motivo do álcool. Foi quando sua mãe sugeriu que ele consultasse um médico, apontando que pesquisas na internet sugeriam que era possível que ele pudesse ter uma condição em que seu corpo “produzisse” álcool.
A síndrome da autocervejaria é causada por um desequilíbrio na microbiota intestinal, que pode ser desencadeada por uma dieta pobre ou antibióticos, entre outros fatores. Isso leva a um domínio de leveduras e outros microrganismos no intestino que convertem açúcar em álcool, em vez de apenas energia. Este álcool pode então ser absorvido pela corrente sanguínea, tornando alguém “bêbado”, mesmo que não tenha bebido.
Ao consultar com o gastroenterologista em Staten Island, Prasanna Wickremesinghe, especializada na doença, Mark passou por exames em que os níveis de álcool no sangue do paciente eram testados antes e cerca de uma hora depois de consumir uma bebida açucarada. Os resultados mostraram que, apesar de não ter álcool, sua concentração de álcool no sangue (BAC) saltou para 0,14 unidades de álcool por 100ml de sangue. Um nível acima de 0,5 é evidência legal para ser prejudicado caso seja parado no trânsito.
Depois de receber o diagnóstico em maio de 2019, o pai decidiu abandonar o ensino e começar a trabalhar no setor imobiliário em Nova York antes de voltar para a Flórida após a pandemia. Para controlar a condição de seu corpo, ele toma cerca de 30 comprimidos por dia e vive em uma dieta baixa em carboidratos — sem massas e pizzas, o que é difícil para um ítalo-americano. Além disso, sempre faz um teste de bafômetro antes de dirigir. Só nos Estados Unidos, mais de 60 casos como o de Mark já foram identificados.
(Fonte: Correio Braziliense)