Correio de Carajás

HMI insiste para que grávida faça parto normal e bebê nasce morto

Mulher ficou mais de 12 horas sentindo dores e pedindo por uma cesárea

Mais uma família é vítima de uma possível negligência por parte de alguns profissionais de saúde do Hospital Materno Infantil de Marabá. Michel Silva e Silva procurou o Ministério Público do Estado do Pará, após perder seu filho, para denunciar o descaso com que sua esposa foi tratada na casa de saúde.

O pai conta que por volta das 23 horas do dia 4 de dezembro, domingo, levou sua companheira, Jamila da Conceição Carneiro, que estava grávida, até a maternidade. Ao ser atendida pelo médico plantonista foi informada que deveria retornar para casa que ainda não era hora de ter o bebê.

Jamila cumpriu a orientação e retornou para casa. Porém, as dores não cessaram e ela voltou às 4 horas da madrugada para o hospital. “Ao ser examinada, o médico disse que estava tudo normal. Ela ficou das 4h até as 9h sentindo dor, no corredor”, relata Michel ao MPPA.

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O genitor conta que a esposa foi orientada a fazer força para que o bebê saísse. Além disso, começaram a fazer alguns procedimentos, como colocar a gestante de cócoras, colocá-la em assento com água quente, entre outros.
“Ela reclamava que estava cansada. Por volta das 11h30 disse que não aguentava mais e pedia pra fazerem uma cesárea, e a equipe médica continuava a orientá-la a fazer força”, diz.

Três horas depois uma enfermeira colocou a mulher sentada em um banco apropriado, foi quando o bebê começou a sair. Mesmo assim, segundo o relato do marido, Jamila continuava a falar que não tinha mais forças.

“O médico determinou que encaminhassem a parturiente para a sala de parto. Trajeto que ela fez andando, ainda com o topo da cabeça da criança para fora do canal vaginal. Na sala, Jamila continuava sendo encorajada a fazer força”.

Após determinado tempo, o médico realizou um corte cirúrgico na área do períneo, possibilitando que o bebê saísse. “Estava sem vida”, lamenta o pai.

A criança foi encaminhada para a sala de reanimação. Chegaram a injetar adrenalina e a insistir na reanimação, até que o bebê conseguiu respirar com a ajuda de aparelhos. A criança foi entubada e levada para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com a explicação de que ele havia tido uma parada cardíaca.

“Ficou de domingo até terça de manhã no HMI até que foi transferido para o Hospital Regional, onde sofreu nova parada cardíaca, vindo a óbito na manhã do dia 7 de dezembro”.

A reportagem procurou a família para falar sobre o assunto. Muito abalados com a perda do bebê, eles preferiram não se pronunciar no momento.

A Prefeitura de Marabá foi procurada e em nota informou o seguinte, por meio de sua Secretaria de Comunicação: “A direção do HMI informa que seguiu todos os protocolos cabíveis e que ainda assim abriu uma investigação interna para revisão dos procedimentos”. (Da Redação)