Aos 73 anos, Maria Lúcia Gomes Dias ainda se emociona ao relembrar sua participação no primeiro Círio de Nossa Senhora de Nazaré em Marabá, no ano de 1980. “Tivemos de sair de casa por causa da cheia. Fomos morar na Folha 16, e a minha casa, meu pequeno barraco de palha, foi construído em frente à capela de Nossa Senhora. Ela que me levou pra lá”, crê.
Filha de coração de Marabá, Maria Lúcia chegou ainda menina na terra de Francisco Coelho. Ela conta que ficou com a família um período no bairro que leva o nome do fundador da cidade, mas que logo depois eles se mudaram para o Santa Rosa.
De lá, só saíam na época da enchente, como aconteceu em 1980, quando a casa ficou tomada pela água e a família teve de ir para a Nova Marabá. “Já conhecia a Irmã Neves pelos trabalhos que fazíamos aqui na comunidade na Velha Marabá, e lá começamos atividades na capela, nas limpezas. A Irmã Zenith também participava, foi ela inclusive que ornamentou a lata de leite ninho para levar a imagem de Nossa Senhora de Nazaré no primeiro Círio”, recorda.
Leia mais:Acompanhando o crescimento da festa religiosa na cidade, Maria Lúcia relembra que nos primeiros anos, seus filhos mesmo crianças participavam da procissão junto com ela.
A devota ressalta que quando ainda tinha boas condições de saúde para acompanhar, gostava de ir até na corda. “Eu sou do Apostolado da Oração, e ficava atrás da berlinda. Hoje minha saúde não permite mais acompanhar o Círio”, lamenta.
Morando em frente à Praça do Pescador, próximo à rampa da Colônia Z-30, no Bairro Santa Rosa, a família é uma das organizadoras do Festejo do Divino Espírito Santo, e a capela fica ao lado da residência da família. Maria Lúcia conta que todo ano a imagem peregrina, quando passa por lá, para em frente à sua casa.
“O coração fica a mil. Vem lágrimas e sorrisos de muita felicidade, tudo junto. É contagiante, e ver ao redor minha família toda ali, na mesma expectativa, é importantíssimo pra mim”, conta a devota.
Sobre promessas, ela admite que já teve várias graças alcançadas, mesmo não se achando merecedora. “Ela sabe do meu merecimento e está sempre comigo, do meu lado e dos membros da minha família”.
A única imagem de Nossa Senhora de Nazaré que Maria Lúcia possui foi deteriorada em umas das enchentes que assolou sua casa. Mas, mesmo assim, ela guarda a imagem com amor e carinho.
De mãe pra filho
Vindo de uma família tradicionalmente católica, Ademar Gomes Dias, 53 anos, sempre viu a mãe, Maria Lúcia, participando dos movimentos religiosos da Igreja Católica.
“A enchente de 80 veio para que a nossa família participasse do primeiro Círio de Marabá. As casas aqui da Santa Rosa foram tomadas pela água e a gente foi lá pra Folha 16, e começamos a participar do início do Círio”, relembra, afirmando que esse foi um momento marcante para a família.
Devoto de Nossa Senhora, Ademar admite que é uma emoção gigantesca participar do Círio desde a primeira edição. Com muitas graças alcançadas, e que a família é toda envolvida na festividade católica.
“É muita emoção pra nossa família. Todas as vezes que a santa passa na frente da nossa residência, é um momento de encontro, da família estar reunida e celebrando a nossa devoção por Nossa Senhora de Nazaré. É algo inexplicável. Maria tem uma importância muito grande pra gente. A gente se arrepia”, diz.
Ademar e os irmãos aprenderam desde pequenos, com o exemplo dos pais, sobre a devoção e o amor por Nossa Senhora de Nazaré, passando os ensinamentos marianos para os descendentes. (Ana Mangas)