Correio de Carajás

Historiadora exalta cultura de Marabá com inauguração do Museu Francisco Coelho

A pesquisadora Maria Virgínia Mattos, que escreveu um dos melhores livros sobre a história de Marabá, acaba de enviar ao Portal Correio de Carajás um artigo, em que exalta a cultura local com a inauguração do Museu Municipal Francisco Coelho. Virgínia é paulista, formada em Biblioteconomia e veio para Marabá ainda na década de 1980, tendo sido coordenadora do Campus Avançado da USP (Universidade de São Paulo), que trouxe diversos pesquisadores para ajudar no desenvolvimento científico da região, entre outros objetivos.

Mesmo depois de findo o projeto do Campus da USP, ela e o colega Noé von Atzingen resolveram permanecer na cidade. Atuou durante vários anos na Fundação Casa da Cultura de Marabá, criada por Noé em 1984, ajudando a resgatar a memória e história regional. Hoje, ela está radicada em Goiânia-GO, mas continua sempre acompanhando o desenvolvimento de Marabá, principalmente pelo Portal Correio e Jornal Correio de Carajás, além das redes sociais. A seguir, leia o artigo que ela enviou para publicação:

A CULTURA EM MARABÁ

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“A emocionante inauguração do Museu Francisco Coelho, instalado no Palacete Augusto Dias, em plena pandemia de coronavírus, reavivou em nossa mente lembranças muito caras.

As sementes dessa realização podem ser encontradas quarenta anos atrás, quando jovens marabaenses, conscientes das mudanças vertiginosas e agressivas que ocorriam em nossa região, fundaram uma Associação Marabaense de Proteção à Natureza, de curta duração, logo substituída pelo Grupo Ecológico de Marabá, o GEMA. O biólogo Noé von Atzingen, com sua formação científica e sua curiosidade inesgotável pela natureza e por todas as peculiaridades regionais, foi o grande incentivador desse grupo.

Entre as ações e denúncias de destruição das matas e dos valores locais, o GEMA organizava mostras de temas regionais com objetos, fotos e cartazes, buscando chamar a atenção da população para sua própria cultura. As grandes atrações dessas mostras eram a Casa do Castanheiro, as peças indígenas, as “pedras de corisco” e os insetos, onde se destacava a temida tiranaboia!

Para esse grupo volta-se a atenção do gestor municipal Bosco Jadão, que apoia o Projeto Jacundá, uma viagem de registro e coleta de dados e materiais de valor científico, histórico, cultural, na região que seria, em seguida, inundada pelo lago da Barragem de Tucuruí.

Nesse momento, o acervo já era suficiente para dar início a uma Casa da Cultura – e esta foi criada em 1984, instalada primeiramente nos altos do Grupo Municipal José Mendonça Vergolino, mudando-se, pouco depois, para o bairro Francisco Coelho, no prédio em que funcionou o Correio, na Rua Cinco de Abril.

Então, em 1986, a Casa da Cultura vai para o prédio de madeira cedido pela Vale, na Folha 31. Ao acervo da Casa juntou-se a bela coleção da Biblioteca “Almirante Tamandaré”, que se achava instalada no térreo do Palacete Augusto Dias.

Trinta e quatro anos após, a parte expositiva da atual Fundação Casa da Cultura de Marabá, que já sentia a exiguidade do espaço para exibir seu acervo, ganha Nome e Edifício adequados, no coração da Marabá Pioneira: Museu Francisco Coelho, no prédio primorosamente restaurado e adaptado as suas novas funções, o Palacete Augusto Dias.

Em seu discurso de inauguração, o prefeito perguntou: “Cadê o Noé?”

Sim, Noé não poderia ser esquecido, todos nós o sabemos. Naquele Museu está presente o Noé, bem como os meninos do GEM e o Projeto Jacundá – Manoel Dos Reis, Amado Sinésio, Mário Mazzini, Wander Sampaio, Gentil Cardoso, Antonio e Kátia Malaquias, João Juca Neto, Marcelo Flores, Rosane Ferreira, Lúcio e Célia Rodrigues, Marise e Mirtes Morbach.

Estão presentes ainda as dezenas de funcionários que atuaram nesses 36 anos de existência oficial da Casa: Rosilan Rocha Sobrinho, Jorge Gruda, Ilan Jadão, Luis Coimbra, Augusta Luz, Genival Crescêncio, Ramon Cabral, Domingas Silva, Creuzani Costa, Catia Weirich, Bruno Scherer, Marlon Prado, Breno Pompeu, Lea Lino, Patrícia Padilha, Betânia Furtado, Paulo von Atzingen, José Brandão, Rildo Brasil, Jone Carlos, Fátima Scherer, Olívia Crisóstomo, Elisabeth Braga, Clélia Carvalho, Célia Miranda, José Nilton dos Santos, Raniery Soares, Honório Santos Filho, Rita Cunha, Marinéia Dias, Cássia Pinto, Ana Raquel, José Ribamar, Demétrius Araújo e tantos, tantos outros, que colocaram alguns tijolos na construção deste edifício cultural, marco do amor à terra, concretização do sonho de nossos antepassados!

Goiânia, 11 de agosto de 2020”