Correio de Carajás

Hanseníase: Campanha “Janeiro Roxo” segue até dia 31

Segue até o dia 31 deste mês, a Campanha “Janeiro Roxo” de Combate a Hanseníase em Parauapebas. A campanha, que foi lançada oficialmente ontem, segunda-feira, 21, é coordenada pela Diretoria de Vigilância em Saúde e Coordenação de Controle da Hanseníase, da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), e faz programação alusiva ao Dia Mundial de Luta contra a doença, celebrado na última semana de janeiro, e ao Dia Nacional de Combate e Prevenção à enfermidade, celebrado dia 25 deste mês.

Durante o Janeiro Roxo, a população terá disponíveis serviços como exames, palestras, visita domiciliar, capacitações, rodas de conversa, avaliação corporal e atividades educativas. A campanha visa conscientizar e incentivar a população a procurar pelos serviços de saúde.

Também tem o objetivo de mobilizar os profissionais de saúde para a busca ativa de casos novos para o diagnóstico precoce e prevenção de incapacidades. Além disso, a campanha vai realizar exames de contato como forma de interromper a cadeia de transmissão da Hanseníase, divulgar a oferta de tratamento completo no SUS e promover atividades de educação e comunicação em saúde, voltadas ao enfrentamento do preconceito com relação aos pacientes portadores da doença.

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No Brasil, o Ministério da Saúde, estados e municípios vêm nos últimos anos intensificando ações para redução da carga da doença. O enfrentamento da hanseníase baseia-se na busca ativa de casos novos para o diagnóstico precoce, tratamento oportuno, prevenção das incapacidades e exame dos conviventes, visando eliminar fontes de infecção e evitar as sequelas e incapacidades decorrentes.

O Boletim Epidemiológico Mundial, publicado em setembro de 2017 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), informa que 143 países e territórios reportaram casos da doença em 2016. Do total de 214.783 casos novos informados, o Brasil ocupou a segunda posição com 25.218 (11,7%) e a Índia o primeiro, com 135.485.

A Hanseníase é uma doença crônica, transmissível, de notificação compulsória em todo território nacional e que possui como agente etiológico o Mycobacterium leprae. Tem predileção pela pele e nervos periféricos, podendo cursar com surtos reacionais intercorrentes, o que lhe confere alto poder de causar incapacidades e deformidades físicas, principais responsáveis pelo estigma e discriminação às pessoas acometidas pela doença.

A doença está fortemente relacionada às condições econômicas, sociais e ambientais desfavoráveis. Além disso, soma-se a esses fatores o desconhecimento da população em reconhecer os sinais e sintomas, bem como a dificuldade de acesso à rede de serviços de saúde pelas populações mais vulneráveis, refletindo diretamente na detecção precoce, tornando-se imprescindível a incorporação de ações estratégicas que visem garantir o atendimento integral e minimizar o sofrimento nessa parcela da população.

Tipos

Podemos classificar a doença em hanseníase paucibacilar, com poucos ou nenhum bacilo nos exames, ou multibacilar, com muitos bacilos. A forma multibacilar não tratada possui potencial de transmissão.

A hanseníase pode se apresentar como manchas mais claras, vermelhas ou mais escuras, que são pouco visíveis e com limites imprecisos, com alteração da sensibilidade no local associada à perda de pelos e ausência de transpiração.

Quando o nervo de uma área é afetado surge dormência, perda de tônus muscular e retrações dos dedos, com desenvolvimento de incapacidades físicas. Nas fases agudas, podem aparecer caroços (nódulos) e/ou inchaços (edema) nas partes mais frias do corpo, como orelhas, mãos, cotovelos e pés.

Sintomas de Hanseníase

Sensação de formigamento; fisgadas ou dormência nas extremidades; manchas brancas ou avermelhadas na pele; perda da sensibilidade ao calor, frio, dor e tato; áreas da pele aparentemente normais que têm alteração da sensibilidade e da secreção de suor; e nódulos e placas em qualquer local do corpo.

Se não for tratada, os sinais da hanseníase avançada podem incluir: diminuição da força muscular (dificuldade para segurar objetos), paralisia das mãos e pés; encurtamento dos dedos devido à lesão dos nervos que controlam os músculos, úlceras crônicas na sola dos pés, cegueira, perda de sobrancelhas e edema do nariz e orelhas (inchaço).

Tratamento

O tratamento é gratuito e fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Varia entre seis meses nas formas paucibacilares e um ano nos multibacilares, podendo ser prorrogado ou feita a substituição da medicação em casos especiais.

O tratamento é eficaz e curativo. Após a primeira dose da medicação não há mais risco de transmissão durante o tratamento e o paciente pode conviver em meio à sociedade. O tratamento da hanseníase é administrado por via oral, consiste na associação de dois ou três medicamentos e é denominado poliquimioterapia.

Os antimicrobianos usualmente utilizados no tratamento são a rifampicina, dapsona e clofazimina. E embora o tratamento possa curar a doença e evitar que a progressão piore, não reverte os danos nos nervos ou a desfiguração física que podem ter ocorrido antes do diagnóstico. Assim, é importante que a doença seja diagnosticada o mais cedo possível, antes que ocorra qualquer lesão permanente do sistema nervoso. (Tina Santos)