O movimento Todos pela Educação, organização suprapartidária e sem fins lucrativos, promove até a próxima quarta-feira (15) um debate sobre o ensino no Brasil, focado na educação básica, com os candidatos à Presidência da República.
A série de diálogos, que conta com apoio do jornal Folha de S.Paulo, teve início na última sexta-feira (10), na capital paulista, com o candidato Ciro Gomes (PDT). O candidato a vice-presidente na chapa do PT, Fernando Haddad (PT) participou hoje (16) dos debates. Ontem (15), foi a vez do candidato Geraldo Alckmin (PSDB). A candidata Marina Silva (Rede) participou do debate na segunda-feira (13).
Sugestões
O movimento Todos Pela Educação apresentou aos candidatos um plano com sete metas para quatro anos de mandato. A primeira meta é atenção especial à primeira infância, que inclui não só acesso a creches, mas direitos básicos como saúde, esporte e lazer. A segunda é a valorização dos professores, com investimentos em formação e organização de uma carreira, a fim de que os docentes se preparem para o desafio de elevar o padrão da educação brasileira.
Leia mais:As metas três e quatro dizem respeito ao currículo escolar: reformular o ensino fundamental (com foco na etapa do 6º ao 9° anos) e o ensino médio, ampliando a educação em tempo integral e aprimorando a grade curricular, bem como implementar a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
A quinta meta propõe ainda aprimorar o processo de alfabetização para superar dados oficiais que indicam que 55% das crianças ainda são analfabetas ao final do 3º ano do primeiro ciclo do ensino fundamental.
A sexta proposta defende a atualização da gestão e da governança da educação no país, com uma organização mais clara das competências da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, a partir da implantação do Sistema Nacional de Educação. A sétima e última meta trata do financiamento e prevê a mudança das regras atuais para que a distribuição dos recursos federais contemple as regiões mais necessitadas.
Propostas
Ex-ministro da Educação durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Haddad disse que pretende focar nas áreas que tiveram menos avanços durante os governos do PT. “O que a gente conseguiu na educação infantil e no ensino fundamental, nós não conseguimos no médio. O que nós conseguimos na educação superior, não se refletiu no médio também. O médio ficou um problema por resolver”, reconheceu.
Para melhorar a última fase da educação básica, Haddad propõe compartilhar a excelência dos institutos federais com as escolas estaduais que enfrentam mais dificuldades. “Nós entendemos que o melhor ensino médio do país, público e privado, é do instituto federal”, enfatizou.
“Os institutos federais, que têm quase 600 unidades, vão ter que pegar aquelas escolas de ensino médio que estão bem fraquinhas, com alta evasão, baixo indicador de qualidade e vão ter que adotar essa escola, em uma parceria de cogestão, e fazer a diferença”, defendeu.
Haddad também quer integrar o Sistema S com o ensino regular. O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat) recebem recursos públicos, mas são geridos por sindicatos patronais.
“Nós entendemos que o Sistema S, que conta com R$ 16 bilhões de receita federal, tributo federal, tem que mudar a governança, aumentar a transparência e sobretudo compromisso com o ensino médio, com a juventude”, ressaltou o candidato a vice na chapa do PT. Segundo Haddad, a proposta é mudar, inclusive, a legislação, se necessário.
O candidato propõe ainda aperfeiçoar a seleção dos professores e a formação deles. “Nós entendemos que os concursos públicos são muito ruins. Se você pegar a prova de seleção dos professores, ela não cobra aquilo que deve aderir ao dia a dia, ao chão da escola. Ela pergunta sobre legislação, sociologia da educação, história da educação, mas não pergunta sobre educação”. (Agência Brasil)