Gustavo Petro se tornou neste domingo (7) o primeiro presidente de esquerda da Colômbia, escolhido por eleitores que esperam que ele possa realizar ambiciosas reformas sociais e econômicas com o objetivo de reduzir a violência e a profunda desigualdade no polarizado país andino.
Petro, um antigo membro da guerrilha M-19, tomou posse na Praça Bolívar de Bogotá na tarde deste domingo.
Em seu discurso, o novo presidente da Colômbia propôs “benefícios” penais aos grupos armados em troca da assinatura de um acordo de paz. Também disse que a sua gestão vai buscar a redução da desigualdade social.
Leia mais:“Convocamos (…) a todos os armados a depor suas armas nas nebulosas do passado. A aceitar benefícios jurídicos em troca da paz, em troca da não repetição definitiva da violência”, afirmou.
“Quero dizer para todos os colombianos e todas as colombianas que estão me escutando em toda a Colômbia e no exterior que hoje começa a nossa segunda oportunidade”, disse Petro. “É hora da mudança.”
Espada de Bolívar
Iván Duque, que deixou o governo, não permitiu o uso de uma espada de Simón Bolivar na cerimônia. O ex-presidente disse que não seria possível usar a espada por motivos de segurança.
Assim que foi empossado, Petro deu ordem para que trouxessem a espada para a cerimônia, o que ocorreu. Em seguida, deu posse à vice-presidente Francia Marquez. Ativista ambiental e ex-empregada doméstica, ela é a primeira afro-colombiana mulher a ocupar o cargo.
Multidão de 100 mil pessoas
O presidente do Senado, Roy Barreras, conduziu o juramento diante de cerca de 100 mil pessoas, incluindo o rei da Espanha, Felipe VI, pelo menos nove presidentes latino-americanos e colombianos comuns convidados por Petro.
Houve uma pequena vaia ao rei da Espanha quando seu nome foi anunciado.
Petro, ex-senador de 62 anos, disse que sua primeira prioridade será agir para enfrentar a fome no país com 50 milhões de habitantes, onde quase metade da população vive em algum tipo de pobreza.
Uma reforma fiscal de US$ 5,8 bilhões, que deve aumentaria os impostos sobre os mais ricos para financiar programas sociais, será proposta no Congresso na segunda-feira, pelo novo ministro das Finanças, José Antonio Ocampo.
“Somos uma das sociedades mais desiguais em todo o planeta. É uma aberração que não pode continuar”, disse Petro neste domingo.
Petro também prometeu educação pública universitária gratuita e mudanças no sistema de saúde e construiu uma ampla coalizão no Congresso com partidos de esquerda e de centro para aprovar sua plataforma.
Promessas de reforma previdenciária e suspensão de novos empreendimentos de petróleo causaram nervosismo aos investidores, apesar da escolha por Ocampo, autoridade de longa data, como ministro das Finanças.
O novo presidente, um ex-prefeito de Bogotá, também prometeu retomar negociações de paz com rebeldes do Exército de Libertação Nacional (ELN) e aplicar o acordo de paz de 2016 a ex-membros das guerrilhas da FARC que o rejeitaram.
Seu ministro das Relações Exteriores disse que o governo travará diálogos com gangues e pode dar aos membros sentenças menores em troca de informações sobre tráfico de drogas.
(Fonte:G1)