O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse hoje (1º), que o Brasil está pronto para trabalhar pela legitimação internacional do governo do autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, e para mostrar a total ilegitimidade do regime do presidente Nicolás Maduro. De acordo com o chanceler, a articulação com outros países acontece no âmbito do Grupo de Lima, instalado para tratar da crise na Venezuela.
“No Grupo de Lima houve conversas sobre a possibilidade de diversos atores do grupo falarem com quem não reconhece Guaidó, como a China e a Rússia”, disse. Segundo Araújo, seria uma conversa para que os outros países entendam o que está acontecendo na Venezuela e reconheçam, nos organismos internacionais, os representantes do governo Guaidó como legítimos do país.
O chanceler explicou que não há nenhuma intenção de intervenção na Venezuela. “[O Brasil vai atuar], se puder, ajudar para uma transição pacífica, mas não vai interferir nessa negociação entre diversos atores venezuelanos”, assegurou, negando qualquer tipo de negociação direta do Brasil com Nicolás Maduro. “Tratativas entre eles, é uma decisão deles. [Faremos] qualquer coisa que facilite uma solução, mas sempre em coordenação com Guaidó, como governo legítimo”, acrescentou.
Leia mais:Sobre a vista de Guaidó, ontem (28), ao Brasil, Araújo disse que foi muito positiva e que o presidente interino mostrou sua capacidade de liderança e seu compromisso com a transição democrática na Venezuela. “Ficamos mais confiantes na capacidade do presidente Guaidó de ser o centro desse avanço rumo à democratização da Venezuela”, disse.
Para o chanceler brasileiro, o Brasil receber Guaidó como presidente interino já é uma sinalização para a opinião pública que ele é uma alternativa séria ao regime de Maduro. “Essa é uma imagem que vai passando, as pessoas vão entendendo o descalabro do absurdo que está havendo na Venezuela, e que a liderança [dele] é capaz de transformar aquilo num país de verdade de novo, que essa é a única via”, ressaltou Araújo.
Prisão de Guiadó
Além do encontro com o presidente Jair Bolsonaro, no Palácio do Planalto, Guaidó esteve com diversas representações diplomáticas em Brasília. Ele deixou a capital federal hoje seguindo para o Paraguai.
No mês passado, o Tribunal Supremo de Justiça proibiu Guaidó de deixar a Venezuela e congelou suas contas. Apesar da decisão judicial, o presidente interino foi à Colômbia para articular a entrega de ajuda humanitária na fronteira e participar do encontro do Grupo de Lima, em Bogotá, vindo posteriormente ao Brasil. Mesmo correndo risco de ser preso, ele prometeu retornar à Venezuela em breve.
Sobre o risco de prisão de Guaidó, o ministro Ernesto Araújo disse que seria um absurdo e que o Brasil deve articular uma reação com o Grupo de Lima, caso isso aconteça.
Ajuda humanitária
De acordo com Araújo, o Brasil continua disposto a proporcionar ajuda humanitária aos venezuelanos. No último sábado (23), houve uma tentativa frustrada de entrega de alimentos e insumos na fronteira, em Pacaraima, Roraima. Os alimentos que voltaram, segundo o chanceler, têm um prazo de validade longo e continuam a disposição, mas um novo cronograma de entrega ainda depende de articulação na fronteira.
Brasil-China
Araújo se reuniu na manhã de hoje (1º) com o vice-presidente Hamilton Mourão para tratar da próxima reunião da missão Brasil-China. De acordo com ele, esse encontro não acontece desde 2015 e os dois países querem retomar essa cooperação. No Brasil, a missão é presidida pelo vice-presidente da República.
O chanceler confirmou ainda as viagens do presidente Jair Bolsonaro para os Estados Unidos, Chile e Israel. O encontro com o presidente norte-americano, Donald Trump, deve acontecer ainda este mês. (Agência Brasil)