Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Congresso e empresários simpáticos ao presidente avaliam que o governo tem perdido muito tempo, desde o início do mandato, com assuntos relacionados ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Para esse grupo, o governo deveria voltar a atenção ao que realmente importa: a agenda econômica para garantir a volta do crescimento do país. Sem isso, avaliam, os programas sociais não terão condições para crescer.
Segundo esses empresários e líderes no Congresso, os ministros de Lula estão caindo na armadilha de seguir falando sobre Bolsonaro – por exemplo, no caso das joias da Arábia – e, com isso, manter o ex-presidente em evidência.
Leia mais:Os interlocutores do governo sugerem que o tema deveria ficar a cargo da Polícia Federal e da Receita Federal, enquanto os ministros da atual gestão trabalham para fazer o governo andar.
Líderes lembram que os apoiadores de Bolsonaro não mudam sua opinião a respeito do ex-presidente, seja qual for a informação – mesmo que novos fatos comprometam a gestão anterior.
O efeito, dizem, é exatamente contrário: bolsonaristas argumentam que tudo não passa de perseguição e se mobilizam cada vez mais, nas redes sociais, na defesa do ex-presidente.
Nas redes e no Congresso
Ainda sobre as redes sociais, esses aliados avaliam que as equipes digitais do novo governo continuam perdendo a batalha na narrativa digital.
Por exemplo: o governo anunciou, recentemente, que excluirá 1,5 milhão de famílias que vinham recebendo o Bolsa Família irregularmente. Na internet, bolsonaristas vêm classificando a gestão Lula como “cruel” por estar, supostamente, retirando dinheiro de quem estaria passando fome.
A crítica dos empresários também é destinada ao Congresso.
Até agora, o Legislativo não colocou em discussão nem votou nenhuma medida importante para a economia e ainda está perdido nas negociações políticas de divisão das comissões.
Dentro do Legislativo, os aliados de partidos de centro do presidente Lula, como União Brasil, PSD e MDB, se defendem – e, nos últimos dias, levaram um recado ao Palácio do Planalto.
O PT, segundo eles, é o responsável pela demora na definição da base aliada e na construção de um clima para votar propostas de interesse de Lula.
A crítica é que o PT segue travando algumas nomeações de partidos aliados, já negociadas com os articuladores políticos do Planalto. Foi por isso, segundo eles, que o presidente da Câmara, Arthur Lira, disse que atualmente o governo não tem maioria nem para votar matérias simples como medidas provisórias.
(Fonte: G1/ Valdo Cruz)