A senadora e presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que considera muito difícil uma vitória do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) nas eleições presidenciais deste ano, apesar de liderar as pesquisas de intenção de voto no primeiro turno, mas ressaltou que seu partido respeitará o resultado do pleito, independentemente de quem for o vencedor.
“Acredito que seja muito difícil que Bolsonaro vença as eleições, mas vamos respeitar o resultado seja ele qual for. Vamos aceitar os resultados, porque confiamos e acreditamos na democracia”, afirmou a senadora em entrevista à Agência Efe.
Gleisi chegou a dizer que as eleições seriam “ilegítimas” se a Justiça decidisse retirar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva da disputa. Preso por corrupção após condenação em segunda instância, o petista foi impedido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de concorrer, com base na Lei da Ficha Limpa.
Leia mais:Desde então, depois de Fernando Haddad ter assumido o comando da chapa com Manuela D’Ávila (PCdoB) como vice no dia 11 de setembro, o partido tem tentado moderar as críticas ao processo eleitoral.
O ex-prefeito de São Paulo cresceu rapidamente nas pesquisas, herdando os votos de Lula, seu padrinho político, e aparece em todas na segunda posição, atrás de Bolsonaro, no primeiro turno. Em simulação de segundo turno divulgada ontem pelo Ibope, os dois empatam com 42% das intenções de voto. E no levantamento divulgado nesta terça-feira pelo Datafolha, Bolsonaro superaria Haddad por 44% a 42% no segundo turno – os dois estão empatados pela margem de erro de dois pontos percentuais.
Gleisi acredita que o ex-prefeito de São Paulo tem espaço para crescer e confia na união da esquerda em um eventual segundo turno. A senadora afirmou que o PT continuará fazendo campanha contra “o ódio e o fascismo” e que dará boas-vindas a todas as forças democráticas que quiserem apoiar o partido, mas fez um alerta.
“Não haverá uma concessão programática para que esse apoio surja”, advertiu Gleisi ao ser perguntada sobre um eventual apoio do PSDB, histórico adversário do PT, para derrotar Bolsonaro.
Gleisi atribuiu a liderança do capitão da reserva do Exército nas pesquisas à campanha de ódio disseminada pelo PSDB após as eleições de 2014.
“Eles incentivaram o crescimento de uma figura como Bolsonaro. É uma responsabilidade da direita”, afirmou.
Sobre as propostas econômicas do PT caso Haddad seja eleito, Gleisi afirmou que a prioridade do partido será a geração de empregos e renda. Além disso, a senadora questionou o nervosismo do mercado sobre uma possível volta da esquerda ao poder.
“O mercado nos conhece, governamos o país por 13 anos. O PT reduziu a relação entre dívida pública e PIB, os governos do PT emprestaram dinheiro ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Nenhum outro governo fez isso. Não entendo o nervosismo do mercado. Eles sabem que vamos nos comportar”, destacou.
Gleisi reiterou as críticas à prisão de Lula e ressaltou que nenhum partido adotou tantas medidas para combater a corrupção como o PT. A senadora também questionou a seriedade da Operação Lava Jato e negou a existência de corrupção dentro do partido.
“O PT não reconhece que houve corrupção. O PT pode reconhecer as questões relativas ao processo eleitoral. Deveríamos ter feito uma reforma eleitoral no país para evitar o financiamento de empresas nas campanhas”, alegou.
“Compartilhamos o sistema que estava lá. Foi muito ruim. Aconteceu o que aconteceu. Mas você não vai ver ninguém do PT carregado de malas de dinheiro, com apartamentos cheios de dinheiro ou com ampliação de patrimônio. Todas as denúncias contra pessoas do PT têm relação com a campanha eleitoral e o modelo de financiamento”, afirmou.
Gleisi voltou a afirmar que não haveria problema em conceder um indulto para tirar Lula da prisão caso o PT vença as eleições, porque o presidente eleito “teria poder para tomar essa decisão”. No entanto, ela frisou que o ex-presidente não quer um indulto, e sim “ser julgado de forma justa pela Justiça”. (EFE)