Correio de Carajás

Ginecologista orienta mulheres sobre cuidados íntimos no verão de Marabá

Luma Carolynne Oriente explica como o calor pode favorecer infecções como candidíase e vaginose, e orienta sobre prevenção e tratamento

Luma Carolynne destaca que as infecções íntimas podem acontecer com mulheres de qualquer idade/ Foto: Evangelista Rocha
Por: Luciana Araújo

Verão, sol, praia, biquíni, tudo isso combina com alegria e descanso. Mas para as mulheres, essa estação também exige atenção à saúde íntima. A ginecologista e obstetra Luma Carolynne Oriente, que atua há cinco anos em Marabá, faz um alerta: o calor e a umidade aumentam significativamente os casos de infecções vaginais.

“É muito comum, nessa época, as mulheres ficarem mais tempo com roupas molhadas, como biquíni ou maiô. Isso, somado ao calor excessivo, à alimentação desregulada e ao uso de bebidas alcoólicas, altera o pH da região íntima e favorece o crescimento de fungos e bactérias”, explica a médica, natural de São Félix do Xingu e mãe de dois.

Ela explica que os casos de candidíase são causados por um fungo, e a vaginose bacteriana, provocada pela bactéria gardnerella. Ambas vivem normalmente na flora vaginal, mas podem causar infecção quando se multiplicam em excesso.

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A candidíase costuma causar coceira intensa, vermelhidão, inchaço, sensibilidade e um corrimento branco com grumos, que lembra leite talhado. Já a gardnerella é marcada por corrimento amarelado ou esverdeado e um odor forte e desagradável, comparado a peixe estragado, que se intensifica antes da menstruação ou durante a relação sexual.

Essas condições, chamadas de vulvovaginites, precisam de tratamento adequado, com antifúngicos no caso da cândida e antibióticos para a gardnerella. Em infecções mistas, é necessário usar os dois. “O ideal é procurar atendimento médico, fazer uma avaliação e, se necessário, exames para definir o melhor tratamento”, recomenda a médica.

 

O que não substitui o tratamento?

Muitas mulheres recorrem ao banho de assento, que pode aliviar os sintomas, mas não trata a infecção. “O banho ajuda a diminuir a vermelhidão e a coceira, mas não alcança o canal vaginal nem tem ação antimicrobiana. Ele não substitui o uso de medicação indicada”, orienta.

O risco maior é a evolução para uma Doença Inflamatória Pélvica (DIP), quando as bactérias sobem pelo útero e atingem as trompas e a cavidade pélvica. Essa condição está diretamente ligada a infertilidade, dores crônicas e risco de gravidez ectópica.

“É uma progressão grave. Por isso, não basta tratar os sintomas. O acompanhamento médico é fundamental”, reforça a ginecologista.

 

Prevenção no dia a dia

Entre as orientações da médica estão:

 

  • Evitar roupas íntimas molhadas por muito tempo;
  • Preferir calcinhas de algodão e roupas mais leves;
  • Reduzir o consumo de açúcar e álcool;
  • Priorizar frutas, verduras e boa hidratação;
  • Lavar peças íntimas com sabão neutro, sem amaciante ou perfume;
  • Secá-las em local arejado, sem deixá-las empilhadas ou abafadas;
  • Não compartilhar roupas íntimas.

 

Ela também destaca que essas infecções podem acontecer em qualquer idade: em meninas que usam fralda, em jovens antes da primeira relação sexual e em mulheres na menopausa, que têm a mucosa mais sensível devido à baixa hormonal. “Cuidar da saúde íntima é parte do autocuidado. Toda mulher merece informação, acolhimento e orientação adequada”, conclui.