Teve alta no início da tarde de ontem, quarta-feira (21), do Hospital Geral de Parauapebas (HGP), o garimpeiro Gildenice Andrade Neves, que foi baleado durante um tumulto envolvendo trabalhadores de garimpos clandestinos e seguranças do Projeto Serra Leste, que pertence à mineradora Vale, na região próximo de Serra Pelada, em Curionópolis. O caso aconteceu na última sexta-feira, dia 16.
Além de Gildenice, outro garimpeiro também foi baleado e outras pessoas ficaram feridas durante a confusão. Segundo Gildenice, ele e um grupo de manifestantes, que por dois dias consecutivos (terça e quarta-feira) da semana passada bloquearam a BR-155, em Eldorado do Carajás, após encerrar o protesto na quinta-feira na rodovia, montaram piquete nas proximidades da entrada do projeto Serra Leste, na estrada que também dá acesso à Serra Pelada e outras propriedades rurais daquela região, no município de Curionópolis.
Ele conta que a intenção deles era subir no viaduto de acesso à mina de Serra Leste, para fazer uma manifestação pacífica contra a mineradora. É que os manifestantes acusam a empresa de ter interferido para que as minas clandestinas de manganês, explorada naquela área, assim como na área de Eldorado do Carajás e Marabá, fossem fechadas pela Polícia Federal por determinação judicial.
Leia mais:Por isso, após liberarem a BR-155 na quinta-feira, após a via ficar fechada por dois dias, seguiram em direção ao projeto Serra Leste, onde montaram novo bloqueio. Segundo os manifestantes, o protesto era pacífico, tanto que a toda hora liberavam a passagem de veículos de passeio e ambulâncias.
Segundo Gildenice, a confusão se deu quando eles se aproximaram da guarita de entrada para a mina de Serra Leste, com a intenção de subir no viaduto. Nessa hora, diz ele, os seguranças da empresa Segurpro, que presta serviço à mineradora, regiram e atiraram nos manifestantes com balas de borracha e jogaram spray de pimenta.
Houve reação dos manifestantes que, de acordo com ele, estavam acompanhados de crianças, porque estavam em uma manifestação pacífica, e os seguranças teriam efetuado mais disparos e já usando armas letais. “Eu fui ferido e a bala perfurou meu baço em quatro locais, assim como outro colega foi ferido e outras pessoas ficaram lesionadas”, detalha.
Em vídeo, os manifestantes mostram as marcas de tiros que acertaram um caminhão em que estavam. Gildenice conta que o fechamento das minas causou impacto econômico direto na vida deles, porque vivem dessa atividade. “É de lá que eu e outros companheiros tiramos o sustento da nossa minha família. Agora, estamos passando necessidade”, afirma.
O jornal CORREIO tentou ouvir a Segurpro sobre o caso, mas a recepcionista informou que a pessoa que responde pela empresa, chamada Marco Antonio, está para São Paulo. Ela tentou ligar para ele, mas não conseguiu falar, assim como conseguiu falar com outra pessoa, que também poderia responder pela empresa.
Em nota, a Vale informou que, ao contrário do que declararam os manifestantes, houve tentativa de invasão ao projeto e os garimpeiros usaram rojões e foguetes contra os seguranças da empresa. “A Vale reforça que repudia atos de violência e que já adotou as medidas judiciais cabíveis. A Justiça deferiu liminar, que determina distância mínima de 2 km das áreas da empresa, sob pena de multa diária de R$ 5 mil em caso de descumprimento”, diz a nota. (Tina Santos – Com informações de Ronaldo Modesto)