Correio de Carajás

Galeria Vitória Barros expõe obras que se aprofundam na identidade feminina

Fotos: Evangelista Rocha

Olhar para a mulher a partir da perspectiva de outras mulheres. Essa é uma das muitas definições que se pode alcançar ao visitar a exposição “Entre Elas”, na Galeria Vitória Barros (Avenida Itacaiunas, 1519, Novo Horizonte) no núcleo Cidade Nova. A amostra de arte reúne trabalhos produzidos por cinco pares de mãos femininas e permanece aberta até meados de março.

Produzida por Iêda Mendes, a exposição é a primeira de 2023 na galeria e tem como cerne os trabalhos de Ezita Machado, a Dona Z, artista autodidata que retrata – majoritariamente – diversos ângulos e cores da figura feminina.

Vitória Barros, artista plástica à frente da Galeria, fala com carinho sobre a anciã, destacando que Ezita é uma inspiração para as demais artistas. Ela ressalta a representatividade da exposição, tão emblemática para o início do ano devido à proximidade com o dia 8 de março: “É um dia muito representativo para a galeria, porque ela foi fundada no Dia da Mulher”, recorda.

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A EXPOSIÇÃO

É a partir das mãos e do olhar feminino que a amostra desabrocha para o público.

Os visitantes encontram no primeiro ambiente, à direita, as imagens de Líris Pimentel, artista da fotografia que capturou detalhes de frutos e sementes. Nas palavras de Natacha Barros, curadora da Galeria, as imagens de Líris provocam um olhar mais atento ao mundo físico, em uma busca pelas sutilezas da vida.

Do lado esquerdo da sala, Paula Corrêa apresenta duas esculturas que além de exibirem a malemolência da argila, são formas orgânicas e únicas, que incentivam o público a mergulhar na percepção de padrões aleatórios. Enquanto uma pode ser vista de maneira tridimensional e imersiva, a outra foi construída em uma base plana, destacando as formas, em relevo, de arcadas dentárias humanas.

Mais adiante, os retratos capturados por Rafaela Cardozo, estudante de Artes Visuais, expressam o aprofundamento da artista em sua ancestralidade. Ao fotografar e conversar com a avó, ela redescobriu sua própria identidade: “Eu vejo que tem a coragem dela dentro de mim, só que eu não tinha percebido sozinha, sem antes conversar com ela. Isso ajudou muito, consegui colocar a identidade de minha avó em fotos e consegui ver dentro de mim também”.

Ao registrar a identidade da avó, Rafaela encontrou a sua própria

Na sala seguinte, Liesel Cerna, mestre em Ciência dos Materiais e artista peruana (há dois anos em Marabá), expõe as cores e tradições de sua terra, além de homenagear uma de suas pintoras favoritas: “Meu trabalho está centrado na minha cultura, peruana, mas também estou trazendo parte da cultura brasileira que gosto, com Tarsila do Amaral”.

Nascida no Peru, Liesel compõe telas coloridas, repletas da cultura de seu país (e do Brasil)

A arte da estrangeira é marcada por representações coloridas da cultura andina, através da técnica conhecida como pontilhismo. Em alguns quadros ela registra roupas típicas de seu país, como chulos, ponchos, túnicas e chapéus, além de personagens que integram essa tradição.

Arrematando a experiência, o visitante encontra na última sala as obras de Dona Z. Indo além das funções como mãe, esposa e dona de casa, como artista ela expressa o conhecimento que adquiriu sozinha. Em seus quadros, a figura feminina é retratada através de mulheres curvilíneas, com olhos grandes e cabelos longos.

Além das pinturas, Dona Z também exibe obras criadas em tecido e cestos enfeitados com o mesmo material.

VISITAÇÃO

A exposição “Entre Elas” pode ser visitada na Galeria Vitória Barros, de segunda à sexta-feira, das 9h às 18h, na Avenida Itacaiúnas, 1519, Novo Horizonte, núcleo Cidade Nova. (Luciana Araújo)