Correio de Carajás

Gabriel Medina dedica medalha ao padrasto, que valoriza o bronze: “Ele honrou a gente”

Disputa em Teahupoo marcou retomada da parceria entre o surfista e Charles Saldanha, o Charlão

Gabriel Medina na disputa do bronze Paris 2024 — Foto: Jerome BROUILLET / AFP

Após conquistar a medalha de bronze na disputa pelo terceiro lugar nos Jogos Olímpicos, em Teahupoo, na última segunda-feira, Gabriel Medina dedicou a medalha ao padrasto, Charles Saldanha, o Charlão. Treinado atualmente pelo australiano Andy King, Medina voltou a contar com o apoio de Charlão, que deixou de ser seu técnico em dezembro de 2020, durante as Olimpíadas.

– É (uma dedicatória para ele). Significa muito para nós, depois de alguns anos sem viajar juntos, a gente retomou aqui em Teahupoo. Não tinha como ser diferente, uma medalha pro Charlão, que eu sempre chamei, que sempre esteve do meu lado, sempre me ajudou bastante, e é por isso que eu surfo também. Significa muito eles me assistindo, minha mãe, minha irmã, então, eu fico feliz de deixar minha família feliz, então é mais que uma medalha de bronze essa conquista disse Medina em entrevista para a TV Globo ao lado de Charlão, que valorizou o bronze.

 – Ele ganhou um bronze, não é que ele perdeu o ouro, ele ganhou um bronze e ele honrou a gente. Não é fácil ganhar uma medalha, são muitos surfistas que chegam aqui. A gente depende também da natureza, como aconteceu na semifinal. Então não é fácil você, num campeonato mundial de nível excelente, fazer um terceiro lugar. Então eu considero isso uma vitória, uma medalha ganha. E muito orgulho do Gabriel de ter ganhado essa medalha – disse Charlão.

Depois de perder na semifinal para o australiano Jack Robinson em bateria praticamente sem ondas, Medina dominou a disputa contra o peruano e conquistou pela primeira vez na carreira uma medalha – em Tóquio, havia ficado em 4º lugar. O francês Kauli Vaast venceu o algoz de Medina na final do masculino e levou a medalha de ouro. Tatiana Weston-Webb encara Caroline Marks na briga pelo lugar mais alto do pódio ainda nesta segunda.

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Medinda comemora onda na disputa pelo bronze nos Jogos de Paris 2024 — Foto: William Lucas/COB
Medinda comemora onda na disputa pelo bronze nos Jogos de Paris 2024 — Foto: William Lucas/COB

Pela segunda vez na história, o surfe é disputado nos Jogos Olímpicos. Na primeira edição, em Tóquio, Italo Ferreira levou a medalha de ouro para o Brasil.

Assim como ocorrera nos Jogos de Tóquio, Gabriel Medina perdeu na semifinal em Paris. Desta vez, não conseguiu superar o australiano Jack Robinson. O mar não ajudou o brasileiro.

Depois de uma onda surfada por Robinson faltando 17 minutos para o fim da bateria, Medina precisava de uma nota 6.01 para virar o placar. No entanto, o mar ficou liso, e o brasileiro nem chegou a pegar uma nova onda. A espera só acabou quando o cronômetro zerou, decretando a derrota de Medina.

Diferentemente da semifinal, a bateria contra Alonso Correa foi mais agitada. Medina somou 15.54 e garantiu o bronze para o Brasil.

Gabriel Medina vence peruano e fatura o bronze

 

Como a medalha de bronze estava em jogo, os organizadores dos Jogos Olímpicos decidiram colocar a bateria com 35 minutos no total, cinco a mais que as outras baterias. Alonso Correa começou colocando pressão no brasileiro. Abriu com 6.83 e assumiu a liderança momentânea da batalha. Mas Gabriel Medina não deixou barato. Correu atrás do prejuízo e somou três notas acima dos 7 pontos. As duas melhores – 7.77 e 7.77 – entraram no somatório final do tricampeão e garantiram a liderança até o final da disputa. Gabriel Medina, um dos maiores surfistas de todos os tempos, é medalha de bronze!

Gabriel Medina 15.54 x Alonso Correa 12.43

Kauli Vaast fatura medalha de ouro no surfe

 

Kauli Vaast comemora tubo que rendeu nota 9.5 na final do surfe nas Olimpíadas — Foto: REUTERS/Carlos Barria
Kauli Vaast comemora tubo que rendeu nota 9.5 na final do surfe nas Olimpíadas — Foto: REUTERS/Carlos Barria

Gabriel Medina não estava na final, mas o nível foi muito alto desde início da bateria. Kauli Vaast abriu a bateria com uma nota quase perfeita. O local de Teahupoo mostrou conhecimento da onda ao acelerar, sair de um tubo incrível e tirar 9.50. Pressionado, Jack veio logo atrás e pegou um 7.83.

O francês não deixou o australiano se acomodar com a situação. Pegou outro tubo profundo, tirou 8.17 e abriu 17.67 no somatório no início da disputa. E como o mundo gira, Jack Robinson passou pela mesma situação que Gabriel Medina sofreu na semifinal contra o australiano. Jack ficou precisando de um 9.84 para virar a bateria contra o Kauli, mas a onda não veio. A França fatura o ouro no masculino com Kauli Vaast!

Kauli Vaast 17.67 x Jack Robinson 7.83

Caminho do Gabriel Medina até a disputa do bronze

 

Primeira fase

Gabriel Medina enfrentou o japonês Connor O’Leary e o salvadorenho Bryan Perez em uma bateria de notas baixas. Nos primeiros minutos da disputa o mar estava calmo, mas assim que as ondas apareceram, Medina não perdeu as oportunidades de pontuar. O brasileiro terminou a bateria com 13.50 (7.17 + 6.33) no somatório, ainda descartou uma nota 6.17 e avançou direto às oitavas de final.

Gabriel Medina (BRA) 13.50 x Connor O’Leary (JAP) 9.93 x Bryan Perez (ELS) 7.53

Oitavas de final

Nas oitavas de final, Gabriel Medina enfrentou seu algoz nas Olimpíadas de Tóquio, Kanoa Igarashi. Depois das polêmicas com as notas e jurados, chegou a vez de o brasileiro levar a melhor. Se sentindo em casa nas ondas de Teahupoo, Medina atropelou o japonês e fez a maior nota da competição, uma onda quase perfeita. Medina surfou um tubo incrível logo no início e saiu pedindo nota 10 para os juízes, mas ficou com 9.90. Sem dar chances para Kanoa Igarashi, o brasileiro dominou e fez 7.50 para deixar o adversário em combinação. O tricampeão mundo somou 17.40 e se classificou para as quartas de final.

Gabriel Medina 17.40 x Kanoa Igarashi 7.04

Quartas de final

Um cenário duro e tenso se formou para Medina nas quartas de final. Ele precisou enfrentar o compatriota João Chianca em um mar bem pior do que o das oitavas. Gabriel Medina abriu a bateria com um tubo, conseguindo 6.67. Na sequência, o tricampeão do mundo usou a prioridade e botou para dentro em mais um tubo, fazendo 8.10 e deixando o adversário precisando de duas notas para assumir a liderança.

Na segunda metade da bateria, João Chianca conseguiu sair da combinação, fazendo 4.83 em mais uma onda de manobras de borda. Ele trocou sua segunda nota por 4.50, mas seguiu precisando de 9.94 para conseguir a virada. Gabriel Medina ficou com a prioridade e fez bom uso, bloqueando o adversário. Com 14.77, Medina avançou para sua segunda semifinal olímpica e Chumbinho foi eliminado da competição.

Gabriel Medina 14.77 x João Chianca 9.33

Semifinal

A disputa começou tensa com uma batalha na remada para ver quem começaria com a prioridade da bateria. O brasileiro e Jack Robinson remaram lado a lado nos primeiros minutos, e o australiano abriu com uma nota 4.50 depois de acertar boas manobras de backside. Logo atrás, Medina veio em uma melhor ainda. Acertou manobras fortes na parede da onda e fez 6.33, assumindo a liderança momentânea.

Jack, com a prioridade da bateria, deu sorte de vir a melhor onda do dia até aquele momento. O australiano achou um ótimo tubo e tirou a maior nota da disputa: 7.83. Medina, que passou a ter o direito de escolha das ondas, ficou esperando. Esperou mais um pouco e nada de onda. O mar não ofereceu oportunidade ao brasileiro por mais de 10 minutos, e o tricampeão mundial não teve chance de virar a bateria, pegou apenas uma onda na disputa. Jack Robinson avançou e vai enfrentar Kauli Vaast – vencedor da primeira bateria da semifinal masculina – na disputa pela medalha de ouro.

Jack Robinson 12.33 x Gabriel Medina 6.33

(Fonte:G1)