Correio de Carajás

Gabi Silva eterniza lendas marabaenses em novo livro

Lançamento do livro acontece nesta terça-feira (17), na Biblioteca Municipal Orlando Lima Lobo, a partir de 19 horas

Gabi Silva preserva a memória marabaense através da contação de histórias/Foto: Evangelista Rocha

A arte de contar histórias é uma prática social e cultural que existe há milhares de anos, tradição perpetuada pelos quatro cantos do mundo. O hábito de usar a linguagem oral para resgatar memórias e ensinar lições também é exercido em Marabá. Uma das responsáveis por fortalecer essa arte na cidade é Gabriela Silva, escritora e pesquisadora de narrativas amazônicas.

Em sua jornada como contadora de histórias, Gabi Silva, como é artisticamente conhecida, bebeu da fonte de causos, lendas e memórias marabaenses e eternizou duas delas em seu novo livro “Meu Pé de Maravilha”. Uma terceira história é narrada na obra, mas sua origem vem de fora da cidade.

O lançamento do livro acontece nesta terça-feira (17), na Biblioteca Municipal Orlando Lima Lobo, localizada no bairro Pioneiro, a partir das 19h30. O evento terá música, roda de conversa e, claro, contação de histórias.

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“Essas narrativas moram na memória das pessoas e o livro surge dessas minhas andanças e escutas dos mais antigos”, explica Gabi, que também é mestre em Letras e servidora da Câmara Municipal, onde atua como coordenadora executiva da Escola do Legislativo.

O trabalho de Gabi tem um papel importante para a cidade, uma vez que ela representa um templo de conservação da identidade cultural e histórica de Marabá. Ela transita pelas diversas ruas marabaenses, ouvindo causos, recordações e vivências de diversas pessoas, as retransmitindo muitas dessas palavras através de sua contação de histórias. É um trabalho de preservação da memória coletiva de um povo.

O livro ‘Meu Pé de Maravilhas’ conta sobre lendas como a do Curupira da Praia do Tucunaré

O LIVRO

O livro de Gabi versa sobre as lendas da Porca de Bobes, o Curupira da Praia do Tucunaré (antigamente conhecida como ‘Praia das Pombas’), e a Matinta Perera e personagens importantes das encatarias amazônicas (seres míticos que fazem parte do imaginário da região, podendo assumir várias formas, como animais, humanos ou híbridas).

Esta é a primeira vez que a escritora publica uma obra literária e só foi possível graças a um edital da Lei Paulo Gustavo. Como retorno social, Gabi fará a doação de 80 exemplares (dos 150 impressos) para escolas e bibliotecas de Marabá. Pensando na inclusão, a obra possui arquivo de audiodescrição e audiobook, uma opção acessível para pessoas cegas, de baixa visão ou que não são alfabetizadas.

“É fundamental que o governo olhe para a cultura e execute essas políticas públicas. Os benefícios vão além do artista, atingindo toda uma cadeia cultural e a economia local”, enfatiza sobre a importância de fomentar a cultura através de leis como a Paulo Gustavo.

As ilustrações do livro são assinadas por Bino Sousa, renomado artista plástico marabaense e a revisão da obra foi realizada por André Vianello.

Para o futuro, Gabi pretende imprimir mais cópias de “Meu Pé de Maravilhas”, pois já entendeu que a demanda do público é muito maior do que a tiragem inicial do livro. Além disso, ela tem previsão de novos lançamentos para 2025, incluindo uma publicação baseada em sua pesquisa de mestrado sobre a festa do Divino Espírito Santo.

A AUTORA

Gabi Silva se entende como contadora de histórias desde a infância, mas foi só no ensino médio que ela mergulhou no universo literário e foi por meio de uma experiência na igreja que ela conheceu o universo da contação de histórias, no formato contemporâneo. Gabi explica que existem técnicas e muito estudo para exercer a profissão.

“Eu gosto muito de usar cantigas de roda para mesclar com a contação de histórias, ela fica mais performática. Esse lado profissional também desenvolve técnicas com a voz, com o corpo e é possível diferenciar a narrativa de acordo com o público”, detalha.

Um povo sem cultura é um povo sem história e são pessoas como Gabi Silva que oportunizam não só a conservação e perpetuação da memória marabaense, mas inspiram o imaginário de crianças e adultos.

(Luciana Araújo)