Que a Fuá da Conceição faturou tudo no 36º Festejo Junino de Marabá não é novidade para ninguém. O que poucas pessoas sabem, no entanto, é que a junina foi selecionada para competir no concurso nacional que será realizado no Arraial Capim Dourado, em Palmas (Tocantins), no próximo 29 de julho, sendo uma das representantes do Estado do Pará.
Em entrevista concedida à Reportagem do Correio, Anderson Alves, presidente e fundador da Fuá, expressou com veemência que chegar a esse nível de reconhecimento advém de longos nove anos de “estrada”. Ele veio acompanhado do vice-presidente Procópio Neto, e do coreógrafo e coordenador de produção Rylblyes Tessari.
Desde 2014, os integrantes da Fuá da Conceição bailam pelas ruas, quadras e arenas juninas de Marabá e, depois de muito bater na trave, em 2023 eles galgaram os degraus até o 1º lugar no pódio marabaense. “Mesmo a galera indo à loucura com o nosso trabalho, a gente tinha menos brincantes. Mas a evolução do ano passado para esse, nós contamos como evoluímos dez anos em apenas 365 dias”, avalia o presidente.
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A temporada atual também foi a primeira em que Anderson decidiu peregrinar com a junina, pelos arraiais de outros lugares. O primeiro pódio do grupo veio em 18 de junho, no intermunicipal de Rondon do Pará, onde a Fuá venceu, pela primeira vez, como melhor junina e melhor rainha.
Com o tema “Parece mágica: nos embalos do Forró 2000”, a nostalgia bailada pelos brincantes tem contagiado público e jurados. Coincidência (ou não), os bons resultados que até o ano passado eles não obtinham em Marabá, no ciclo atual têm sido alcançados.
Iza Paixão (a rainha), até agora já soma três títulos de campeã em 2023. Além de Marabá e Rondon, ela também foi vitoriosa em Canaã dos Carajás, no último domingo, 2. Na ocasião, o casal de noivos Kemylle e Fabiano, assim como Iza, garantiram mais um título de 1º lugar para a Fuá, sendo os melhores dessa última competição.
Talvez a resposta esteja no tempo que os integrantes e diretoria da Fuá têm se dedicado a ela. Procópio Neto, vice-presidente da junina, conta que os ensaios começaram em dezembro do ano passado, seis meses antes do concurso marabaense. Além disso, o grupo fez um alto investimento em figurino, trilha sonora, cenário e demais elementos que compõem o show performado nas arenas. Anderson estima que R$ 110 mil foram empregados na Fuá em 2023, mas esse número pode ser ainda maior.
Na atual temporada, a Fuá carrega em sua apresentação uma trilha sonora composta por músicas da banda Calcinha Preta, e faz homenagens póstumas às cantoras Paulinha Abelha, que foi vocalista da banda, e Rita de Cássia, compositora do sucesso “Meu vaqueiro, meu peão”, um dos maiores nomes femininos do gênero. Ainda que as músicas não sejam inéditas, as versões apresentadas foram estilizadas especialmente para a Fuá, por um profissional da Paraíba.
Já a canção que marca os passos de dança do solo da rainha Iza é uma composição do próprio Anderson. Até mesmo o tecido usado nos figurinos tem a assinatura da junina, e eles possuem um ateliê onde muitos dos elementos utilizados nas apresentações são produzidos. “A Fuá está quase se profissionalizando”, afirma Procópio.
Agora, após “passar o rodo” pelos concursos da região sudeste do Pará, a junina pega a estrada em busca de uma vitória inédita: ser campeã nacional em Palmas, no Tocantins.
(Luciana Araújo e Ulisses Pompeu)