No final de semana, foi confirmada a morte de mais quatro detentos que haviam fugido do Centro de Recuperação Agrícola Mariano Antunes (Crama) no último dia 26. Dois cadáveres foram encontrados no Rio Tocantins, nas proximidades do local conhecido como “Areal Paraná”, perto da casa penal, enquanto outros dois morreram em confronto com a Polícia Militar em uma casa na Folha 7, Nova Marabá. O caso dos foragidos encontrados no rio gerou revolta entre os familiares, que querem saber em que circunstâncias eles morreram e também denunciam a demora para liberação dos cadáveres por parte do Instituto Médico Legal (IML).
Os que morreram em confronto com a PM foram identificados como José Milton Esplante dos Santos e Rildo Monteiro de Lima. De acordo com informações da Polícia Militar, era por volta das 6h da manhã deste domingo (1º), quando policiais civis e militares, ao averiguarem denúncia de que foragidos do sistema penal estariam em uma residência na Folha 7, foram recebidos a tiros por dois indivíduos que se encontravam no imóvel.
Ainda segundo a PM, após serem recebidos a bala, os policiais revidaram, resultando no baleamento e consequente morte dos agressores. Com José Milton e Rildo, foragidos do Crama, foram apreendidos e apresentados a Seccional de Polícia Civil, um rifle e uma garrucha de dois canos, ambos de calibre 22; a primeira com uma munição deflagrada e a segunda também com uma deflagrada e outra intacta, e mais duas porções de crack e R$ 102,00 em espécie, além de duas munições no bolso de um dos mortos.
Leia mais:Sobre este caso, o delegado Ivan Pinto da Silva, do Departamento de Homicídios da Polícia Civil, explicou que a investigação fica a cargo do delegado plantonista, porque este tipo de morte não é considerado homicídio e sim “intervenção policial com resultado morte”.
QUEM ERAM
O foragido Rildo Monteiro de Lima respondia pelo crime de roubo praticado na cidade de Parauapebas, desde janeiro do ano passado. Já o outro detento morto nessa refrega da Folha 7, José Milton Esplante, foi preso há menos de duas semanas em companhia do comparsa Aldo Costa dos Santos com uma arma, quando tentavam fugir de uma blitz.
Os dois foram autuados e encaminhados para o Crama. Durante o motim do dia 26, apenas José Esplanta resolveu fugir, enquanto seu parceiro Aldo continuou preso e está vivo até agora cumprindo sua pena com a sociedade.
CORPOS NO RIO
Já o caso dos outros dois foragidos encontrados boiando no Rio Tocantins ficará a cargo do Departamento de Homicídios. Segundo o delegado, por volta das 9h de sábado (30) a Delegacia de Homicídios foi acionada para atender ao chamado de um corpo não identificada do sexo masculino. Os bombeiros retiraram o corpo levando para o Areal Paraná. Oficialmente, não se sabe ao certo a data nem a causa da morte, contudo existiam quatro perfurações por disparo de arma de fogo.
Horas mais tarde, já perto das 16 horas do mesmo dia, a especializada foi novamente acionada para atender a outro chamado de um corpo não identificado que também estava boiando no meio do rio Tocantins. Nesse caso os moradores retiraram o corpo e também o levaram para o Areal Paraná no km 16. De igual modo, também existiam perfurações por disparo de arma de fogo.
Ao serem levados para o necrotério do Cemitério da Saudade, na Nova Marabá, os corpos foram identificados como Marcos Patrick Silva Avelino, preso por assalto no dia 4 de abril; e Moisés Soares da Silva, preso em 2014 por tráfico de drogas. (Leia mais sobre este caso na página 2 deste caderno)
ENTREGOU-SE
Quem teve melhor sorte foi o detento Marcio Luís Naizeazeno. Ele também estava entre os 54 detentos que conseguiram fugir do Crama, mas se entregou para uma guarnição da Polícia Militar, na localidade de Brejo do Meio. Ao ver os policiais, ele acenou para a viatura e se entregou neste final de semana. Os militares o apresentaram à Polícia Civil e entregue de volta ao sistema penal do Estado. Marcio está preso pelo crime de roubo praticado ainda em 2011.
INVESTIGAÇÃO
A Polícia Civil tem até o dia 26 deste mês de julho para concluir o inquérito sobre a fuga em massa no Crama. As principais perguntas que precisam ser respondidas é como as duas armas entraram no complexo penitenciário e quais presos eram alvo de resgate, já que os detentos receberam ajuda externa de pelo menos dois criminosos que deram apoio na rebelião, atirando em uma das torres de vigilância e baleando o sargento Muniz, da Polícia Militar, que está internado no Hospital Regional.
Saiba mais
Projetado para 180 detentos, o Crama abrigava no dia da fuga 629 detentos. O Sistema Penal anunciou que vai construir mais duas unidades para esta região, enquanto a OAB cobra uma reforma na casa penal, que foi projetada para ser uma colônia agrícola, por isso não tem estrutura de segurança à altura.
(Chagas Filho)