Com a prisão temporária decretada pela Justiça paulista, o humorista Carlos Alberto da Silva, de 42 anos, conhecido como Carlinhos Mendigo, passou a ser procurado como foragido pela Polícia Civil em São Paulo e na Bahia. Até a última atualização desta reportagem ele não havia se entregado, nem sido localizado pela polícia.
A juíza Luciana Simon de Paula Leite, da 5ª Vara da Família e Sucessões do Foro Regional 1 de Santana, na Zona Norte da capital paulista, havia decretado na semana passada a prisão do artista por uma dívida de mais de R$ 90 mil de pensão alimentícia que deve ao filho que teve com a ex-bailarina e empresária Aline Hauck, de 31. O garoto tem aproximadamente 11 anos e mora com a mãe.
Carlos ficou conhecido depois de trabalhar no programas da Jovem Pan e no Pânico na TV, onde fez o personagem Mendigo.
Leia mais:O mandado de prisão contra Carlinhos Mendigo, no entanto, só chegou à Divisão de Capturas da polícia de São Paulo na quarta-feira (9). Desde então policiais civis foram até o endereço onde ele estaria morando, mas não o encontraram no local. O humorista já havia se mudado do apartamento do prédio onde residia na região do Morumbi, na Zona Sul da capital paulista.
Bahia
O mandado de prisão temporária de 30 dias contra o artista tem de ser cumprido até 2025. Equipes policiais continuam nas ruas de São Paulo procurando outros locais onde Carlinhos Mendigo possa estar. Segundo fontes do g1 existe a possibilidade de ele ter ido se esconder em Salvador, no estado da Bahia.
Por esse motivo, a Divisão de Capturas de São Paulo acionará nesta quinta-feira (10) a Polícia Civil na Bahia para que ajude nas buscas para localizar e prender o humorista. O artista já teria ficado numa residência na capital baiana, de acordo com policiais e pode ter voltado para lá.
Mandado de prisão
O site EM OFF divulgou a decretação da prisão de Carlinhos Mendigo na quarta. O g1 confirmou a informação nesta quinta com a advogada de Aline, Betania Costa e com fontes da Polícia Civil.
“Confirmo que teve expedição de mandado de prisão civil decorrente de dívida de alimentos”, disse Betania.
De acordo com a advogada, o caso está em segredo de Justiça e, por esse motivo, ela não poderia dar mais detalhes.
O g1 teve acesso a cópia do mandado de prisão contra Carlinhos Mendigo, que foi decretado na última quinta-feira (3), pela juíza Luciana Simon de Paula Leite, da 5ª Vara da Família e Sucessões do Foro Regional 1 de Santana, na Zona Norte da capital paulista. A dívida se refere ao período de dezembro de 2017 até 2019, segundo fontes da reportagem.
Em fevereiro de 2021, o valor total acumulado da pensão alimentícia que Carlinhos Mendigo deixou de pagar ao filho era de R$ 91.882,00. Mas esse montante terá de ser atualizado e corrigido pela inflação quando for pago, segundo a Justiça.
Fontes do g1 disseram ainda que ele também responde a outros processos judiciais de períodos diferentes por falta de pagamento de pensão ao filho. O valor somado de todas as dívidas pode chegar a R$ 600 mil se forem corrigidos em 2022.
Transfobia
Em 2021, Carlinhos Mendigo se tornou réu na Justiça pelo crime de transfobia no processo no qual foi acusado de incitação ao preconceito a transexuais por meio das redes sociais.
Segundo o Ministério Público (MP), em 2020 o humorista postou nas suas redes sociais palavras de cunho homofóbico para ironizar a participação do vereador Thammy Miranda, que é um homem transexual, em uma campanha publicitária.
“Prefiro ser órfão do que ser adotado por uma mulher operada que se passa por homem para ter o privilégio de adotar uma criança. Prefiro ser também órfão do que ser criado por homem operado se passando também por mulher para querer ser mãe hahaha. É melhor estar sozinho nos braços de Deus do que sempre rodeado e acompanhado, mas no colo do capeta”, escreveu Carlinhos Mendigo no stories no Instagram, de acordo como MP.
Carlinhos Mendigo teria dito ainda que seria “uma afronta” que Thammy, que é trans, “pudesse ser pai e ele não”, pois o humorista briga na Justiça com a ex-esposa pela guarda do filho.
Durante seu interrogatório, o artista alegou que suas declarações se tratavam de liberdade de opinião, por ser cristão e que “não quis ofender o público LGBT com suas palavras”.
A Polícia Civil pediu informações ao Facebook e ao Twitter sobre a procedência das postagens, para confirmar se foram feitas pelo humorista.
Ele foi denunciado pelo crime de discriminação racial já que o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou, em 2019, a criminalização da homofobia e da transfobia com base na lei que pune como crime ações por preconceito racial ou de cor.
À época, como ele morava em Salvador, no estado da Bahia, a Justiça de São Paulo ainda decidiria se o processo seria encaminhado para lá. (G1)