A junina Fogo no Rabo, de Marabá, conquistou o vice-campeonato nacional no Arraiá Brasil, representando mais uma vez o Pará em um dos principais festivais de quadrilhas juninas do país. O grupo, que tem 36 anos de tradição, é a mais antiga quadrilha de Marabá e tem ganhado grande repercussão no cenário nacional com sua apresentação que homenageou os garimpeiros da Serra Pelada, em especial Zé Maria, figura emblemática que soube investir no futuro, quebrando a ideia de que o dinheiro do garimpo não traria prosperidade.
Com um total de 53 dançarinos e 40 pessoas de apoio, a Fogo no Rabo demonstrou união e organização para alcançar o vice-campeonato, consolidando sua posição como uma das principais representantes da cultura junina do Pará. Segundo Ademar Dias, conhecido como Ademar da Santa Rosa e coordenador geral da quadrilha, o sentimento é de gratidão. Ele ressalta a importância da fé e da intercessão de Nossa Senhora das Graças, padroeira do bairro Santa Rosa, de onde a junina surgiu em 1988, resultado da união de dois grupos de jovens católicos.
Ademar também explicou o processo para participar do Arraiá Brasil, destacando que a Fogo no Rabo precisou se sagrar campeã ou vice-campeã estadual para obter o credenciamento. “Para a gente participar do Arraial Brasil, a gente tem que ser campeã ou vice estadual. Nesse caso, nós somos campeã três vezes estadual pela seletiva Arraial Brasil do Estado do Pará, feito pela FEFQ, o que nos credenciou a participar do Arraial Brasil do ano passado, onde fomos vice-campeã em Brasília. E este ano, como a atual campeã paraense, fomos credenciados a participar do Arraial Brasil em Aparecida de Goiás e fomos vice-campeã de novo, pela segunda vez consecutiva.”
Leia mais:A Fogo no Rabo carrega em sua trajetória títulos importantes, incluindo 12 campeonatos municipais, 27 títulos intermunicipais, três campeonatos estaduais pela seletiva do Arraiá Brasil e o atual título de campeã estadual. Este histórico de conquistas reflete o compromisso do grupo em envolver adolescentes, jovens e adultos em atividades culturais, afastando-os de situações de risco como drogas e violência.
O tema escolhido para a apresentação deste ano, “O Garimpeiro da Sorte”, contou a história de Zé Maria, um garimpeiro cearense que se estabeleceu em Marabá e, ao contrário de muitos outros, soube administrar sua riqueza, mantendo-se afastado de vícios e investindo em sua família e futuro. A história foi retratada nos figurinos e coreografias dos dançarinos, que representavam desde a grande pepita de ouro até os diversos personagens que marcaram a era dos garimpos, como o casal de noivos Saymon Kluck e Valeria Oliveira, que representou o amor de Zé Maria por sua esposa.
O marcador Cleiton de Souza, que no enredo da quadrilha representava um capitalista conhecido como dono de barranco, desempenhou papel fundamental na condução da apresentação, que também trouxe referências aos cabarés da cidade de “30”, conhecida como a “Las Vegas do Garimpo”, e às temidas escadas chamadas “Adeus Mamãe”, símbolo dos desafios enfrentados pelos garimpeiros.
Ademar Dias expressou sua gratidão a todos que apoiaram a Fogo no Rabo ao longo dos anos, ressaltando que o trabalho social e cultural do grupo continua firme, com planos de voltar ao Arraiá Brasil em 2025. “Em 2025, juntos e unidos, estaremos mais uma vez fazendo o que tanto amamos”, concluiu o coordenador.
(Thays Araujo)