Há 16 dias, o fogo consome grandes porções de floresta do sul do Pará, divisa com Mato Grosso. No Refúgio de Vida Silvestre Rios São Benedito e Azul, bacia do Rio Teles Pires, as chamas já consumiram cerca de 5 mil hectares.
Com a estiagem na região e ventos fortes, as labaredas estão ainda fortes e o fogo, incontrolável. As chamas já invadiram a área da aeronáutica da Serra do Cachimbo, colocando 2 milhões de hectares de vegetação nativa sob risco.
Em algumas áreas, como é possível ver nas imagens e vídeos da galeria abaixo, quase nada sobrou. Os animais lutam para fugir das chamas e das cinzas da devastação. O fogo também já chega perto de pousadas e casas. Hóspedes foram evacuados.
Leia mais:“A chance de não sobrar nada na região é muito grande”, diz a diretora-executiva da Rede Pró-UC, Angela Kuczach. A organização, junto com outras locais, como o Observatório Socioambiental de Mato Grosso (Observa-MT), tem monitorado a área desde o início do incêndio.
A queimada de grandes proporções na região sul do Pará teve início logo após o fogo consumir cerca de 4 mil dos 118 mil hectares do Parque Estadual Cristalino II, localizado ao norte de Mato Grosso e a cerca de 100 km do local que agora está queimando. Segundo a Rede Pró-UC e parceiros, vários focos ainda estão ativos na região.
AMAZÔNIA
Em apenas sete dias de setembro deste ano, o número de queimadas na Amazônia já superou a quantidade de focos de incêndios de todo o mês de setembro de 2021.
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o bioma registrou 18.374 focos de incêndio entre 1º e 07 de setembro de 2022. Em 2021, foram 16.742 focos no mês inteiro – um aumento de quase 10%.
Até agora, o bioma teve 64 mil focos de incêndio – os números de 2021 vêm sendo superados desde maio. No ano passado inteiro, foram registrados 75.090 focos).
“No Dia da Independência, e na mesma semana em que se comemora o Dia da Amazônia, os números referentes à queimadas e incêndios florestais só reforçam que estamos repetindo a mesma dinâmica predatória de 200 anos atrás, propagando uma economia da destruição que ainda se alimenta fortemente de recursos naturais ao passo que não traz o tão almejado desenvolvimento real para a Amazônia.”, declarou Cristiane Mazzetti, porta-voz de Amazônia do Greenpeace Brasil.
Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, lembrou do Dia do Fogo na Amazônia, em 2019 e fez um paralelo com o que tem ocorrido em 2022.
“De lá para cá, a situação só piorou e agora os destruidores da floresta estão fazendo o mês do fogo na Amazônia. Estamos vendo a maior floresta tropical do planeta ser carbonizada à luz do dia, uma situação que é alimentada pela impunidade e total falta de interesse do governo em combater o crime ambiental”.
Em agosto, a Amazônia teve o pior agosto de queimadas dos últimos 12 anos. Foi o quarto ano consecutivo de números acima de 28 mil. O número foi tão alto que, segundo o programa de monitoramento ambiental Copernicus, da União Europeia, afetou “seriamente” a qualidade do ar na América do Sul. (Da Redação)