Correio de Carajás

Finanças em dia: 9 passos para evitar dívidas

Ocupando um pequeno espaço na carteira, o pequeno cartão até parece a salvação para a compra de última hora. Porém, sobretudo para quem não tem o hábito de manter e seguir um planejamento financeiro, a forma de pagamento pode acabar se tornando uma armadilha para o endividamento. E não apenas ela, é preciso cuidado para não transformar possíveis benefícios como promoções, cheque especial e financiamentos em um problema financeiro.

A educadora financeira Ana Ferrari aponta que o ‘segredo’ para que tais recursos não se transformem em armadilhas está no planejamento. Ao levar em consideração tudo o que tem de ganho por mês, o consumidor pode planejar de que forma serão os seus gastos.

Esse já é um primeiro passo para que se tente evitar as compras por impulsos. “Tudo parte do planejamento financeiro. Quando a família começa a ter um planejamento diferenciado, os gastos são feitos de forma consciente”.

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COMPARAÇÃO

Ana compara o planejamento com uma fotografia. Anotando todas as informações referentes às receitas e despesas, é como se o indivíduo fizesse um registro de sua situação financeira e, consequentemente, de suas possibilidades de consumo. Em alguns casos, a pessoa ou a família possui algum tipo de dívida, que pode ser planejada ou não planejada.

As dívidas planejadas podem ser adquiridas pela aquisição de um bem maior, como um carro, por exemplo. Já as não planejadas são as que a pessoa pode ter realizado por impulso, sem que estivessem previstas em seu planejamento. É justamente aí que pode estar o perigo. “São situações em que, por exemplo, a pessoa pega o cartão de crédito e acaba utilizando sem que aqueles gastos estivessem previstos, fazendo aquisições de pequenas coisas que, no final da composição orçamentária, vão estourar o limite que a pessoa teria para gastar”, exemplifica.

Justamente por ser um crédito ‘fácil’, o cartão de crédito acaba sendo um gerador de endividamento para muita gente. O responsável por isso, porém, não é o meio de pagamento em si, mas a forma como algumas pessoas utilizam o crédito, sem qualquer planejamento.

Tal ausência de programação nos gastos com o cartão foi justamente o que complicou o orçamento da auxiliar de escritório Sônia Pimentel, 54 anos. Com o meio de compra sempre em mãos, ela acabava comprando por impulso. “O cartão de crédito já foi o meu maior vilão. Agora eu sempre espero fechar a fatura para fazer novas compras”.

Também foi o uso do cartão de crédito que levou a operadora de telemarketing Elen Siqueira, 24 anos, a uma condição de endividamento. Ela conta que até há um tempo atrás possuía cinco cartões de crédito e utilizava os limites de cada um sem atentar para o montante final que aquelas compras gerariam. “A gente vai comprando, vai comprando e quando vê a conta está tão grande que você não consegue mais pagar”.

A saída encontrada por Elen foi a negociação com as instituições financeiras. Após a quitação da dívida, ela conta que passou a lidar de forma diferente com esse tipo de crédito. “Depois que eu quitei a dívida, fui eliminando os cartões. Agora fico só com um e que ainda tem um limite reduzido”.

A manutenção de apenas um cartão de crédito é justamente a dica de Ana Ferrari para que o cartão não se torne o ‘vilão’ do orçamento. A educadora financeira lista algumas armadilhas que podem complicar a vida financeira das famílias e dá outras orientações para não cair nelas.

CUIDADOS

CHEQUE ESPECIAL
Algumas pessoas têm uma conta corrente em que o cheque especial já fica disponibilizado. Porém, é preciso ter cuidado para não agregar o cheque especial como se fosse mais uma receita, como se fosse um dinheiro a mais que a pessoa pode gastar normalmente. A taxa de juros do cheque especial é muito elevada e esse uso frequente pode se tornar uma ‘bola de neve’.

CARTÃO DE CRÉDITO
A falta de planejamento no uso do cartão de crédito pode trazer consequências ruins para o orçamento. Quando não se estabelece uma meta de uso, acaba-se gastando por impulso. Algumas pessoas ainda têm vários cartões de crédito com datas diferentes de fechamento da fatura (o que não é recomendável) e isso pode levar a pessoa a se atrapalhar com o controle dos gastos. Manter um cartão de crédito com um limite muito acima do que se ganha também pode ser uma armadilha.

FINANCIAMENTO
Normalmente o financiamento é utilizado para uma dívida planejada, como a compra da casa própria. Para que ele não se torne um problema, procure seguir o planejamento. Se o indivíduo estabeleceu que irá pagar o financiamento em 30 anos, o ideal é seguir isso. Às vezes as pessoas pensam em pegar o 13º e aplicar no pagamento do financiamento, mas, antes disso, é preciso verificar se realmente vale a pena. Caso não faça muita diferença, a prática pode acabar apenas descapitalizando um valor que poderia ser aplicado em outra coisa.

PROMOÇÕES
Existem muitas promoções no mercado que podem ser vantajosas. O que pode fazer com que as promoções se tornem ruins é comprar sem precisar, só porque o item está sendo oferecido com desconto. Aproveitar uma promoção também não significa abundância. Não é porque um produto está em promoção, que o indivíduo tem que comprar vários itens.
O ideal também é ter noção do preço que o produto era vendido anteriormente para constatar se realmente aquela promoção está oferecendo um desconto.

 

1 – PLANEJAMENTO É O CENTRO DE TUDO
O planejamento financeiro é o primeiro passo para evitar cair em armadilhas que possam levar ao endividamento. Anote em um papel, planilha ou aplicativo tudo o que você tem de ganho (receita) e, depois, tudo o que se tem de despesa. O ideal é fazer isso com a participação de toda a família. Quando a família faz o planejamento, acaba sabendo realmente qual é o seu estilo ou padrão de vida, quais são as suas possibilidades. A partir daí é possível agir de acordo com essa realidade.

2 – CONSIDERE DATAS COMEMORATIVAS E IMPREVISTOS
Ao anotar as despesas do ano, não deixe de considerar datas comemorativas como dia das mães e dos pais, dia das crianças, Natal, etc. São dias que, normalmente, demandam gastos extras. Logo, eles devem ser considerados no planejamento. Não deixe de pensar em possíveis imprevistos ou emergências que podem surgir ao longo do ano.

3 – ESTABELEÇA SONHOS OU METAS
Também é importante estabelecer metas/sonhos, sejam pessoais ou da família como um todo. Quando os envolvidos conseguem internalizar essas metas, acabam pensando melhor na hora de comprar alguma coisa e passam a consumir de forma consciente.

4 – TER CONTROLE NÃO SIGNIFICA SER AVARENTO
Não é porque a família tem sonhos estabelecidos e segue o planejamento financeiro que seus integrantes se tornarão avarentos. Claro que se deve manter o foco na meta, mas isso não significa que não se pode fazer uma compra ou um passeio. Basta que tais gastos sejam realizados de maneira que não comprometam o orçamento.

5 – OUÇA A SI MESMO NO MOMENTO DAS COMPRAS
É fundamental se questionar antes de fazer alguma compra que não estava planejada. Será que eu preciso disso? Essa compra pode esperar? Essa compra vai comprometer o meu orçamento? Estas são algumas das perguntas que o consumidor pode se fazer para evitar comprar por impulso.

6 – ESCOLHA COM CUIDADO O SEU CARTÃO DE CRÉDITO
O ideal é centralizar apenas em um cartão de crédito. Ter vários cartões pode fazer com que a pessoa se perca e não consiga manter o controle do montante final a pagar. Antes de adquirir o cartão, verifique os que têm menores taxas de juros; se você precisará pagar anuidade ou não; etc.

7 – ESTABELEÇA LIMITES PARA O CARTÃO DE CRÉDITO
Estabelecer um limite pessoal de gasto para o cartão de crédito pode ajudar a manter o controle sobre as compras. A família pode determinar que só poderá gastar R$500 por mês no cartão, por exemplo. A partir daí é procurar ficar sempre dentro daquele valor.

8 – ATENÇÃO ÀS DÍVIDAS JÁ ADQUIRIDAS
Quem já possui dívidas, deve priorizar as que têm valores mais elevados em juros. É fundamental também sempre manter uma anotação desses débitos para manter o controle.

9 – NÃO GASTE MAIS DO QUE GANHA
Pode parecer óbvio mas, algumas vezes, a falta de planejamento pode levar o indivíduo a gastar mais do que ele possui de receita. É necessário ter consciência de que se deve sempre gastar menos do que ganha e, assim, viver a vida de forma mais intensa, sem muitas preocupações.

(Fonte:DOL)