Ocupando um pequeno espaço na carteira, o pequeno cartão até parece a salvação para a compra de última hora. Porém, sobretudo para quem não tem o hábito de manter e seguir um planejamento financeiro, a forma de pagamento pode acabar se tornando uma armadilha para o endividamento. E não apenas ela, é preciso cuidado para não transformar possíveis benefícios como promoções, cheque especial e financiamentos em um problema financeiro.
A educadora financeira Ana Ferrari aponta que o ‘segredo’ para que tais recursos não se transformem em armadilhas está no planejamento. Ao levar em consideração tudo o que tem de ganho por mês, o consumidor pode planejar de que forma serão os seus gastos.
Esse já é um primeiro passo para que se tente evitar as compras por impulsos. “Tudo parte do planejamento financeiro. Quando a família começa a ter um planejamento diferenciado, os gastos são feitos de forma consciente”. Leia mais:
COMPARAÇÃO
Ana compara o planejamento com uma fotografia. Anotando todas as informações referentes às receitas e despesas, é como se o indivíduo fizesse um registro de sua situação financeira e, consequentemente, de suas possibilidades de consumo. Em alguns casos, a pessoa ou a família possui algum tipo de dívida, que pode ser planejada ou não planejada.
As dívidas planejadas podem ser adquiridas pela aquisição de um bem maior, como um carro, por exemplo. Já as não planejadas são as que a pessoa pode ter realizado por impulso, sem que estivessem previstas em seu planejamento. É justamente aí que pode estar o perigo. “São situações em que, por exemplo, a pessoa pega o cartão de crédito e acaba utilizando sem que aqueles gastos estivessem previstos, fazendo aquisições de pequenas coisas que, no final da composição orçamentária, vão estourar o limite que a pessoa teria para gastar”, exemplifica.
Justamente por ser um crédito ‘fácil’, o cartão de crédito acaba sendo um gerador de endividamento para muita gente. O responsável por isso, porém, não é o meio de pagamento em si, mas a forma como algumas pessoas utilizam o crédito, sem qualquer planejamento.
Tal ausência de programação nos gastos com o cartão foi justamente o que complicou o orçamento da auxiliar de escritório Sônia Pimentel, 54 anos. Com o meio de compra sempre em mãos, ela acabava comprando por impulso. “O cartão de crédito já foi o meu maior vilão. Agora eu sempre espero fechar a fatura para fazer novas compras”.
Também foi o uso do cartão de crédito que levou a operadora de telemarketing Elen Siqueira, 24 anos, a uma condição de endividamento. Ela conta que até há um tempo atrás possuía cinco cartões de crédito e utilizava os limites de cada um sem atentar para o montante final que aquelas compras gerariam. “A gente vai comprando, vai comprando e quando vê a conta está tão grande que você não consegue mais pagar”.
A saída encontrada por Elen foi a negociação com as instituições financeiras. Após a quitação da dívida, ela conta que passou a lidar de forma diferente com esse tipo de crédito. “Depois que eu quitei a dívida, fui eliminando os cartões. Agora fico só com um e que ainda tem um limite reduzido”.
A manutenção de apenas um cartão de crédito é justamente a dica de Ana Ferrari para que o cartão não se torne o ‘vilão’ do orçamento. A educadora financeira lista algumas armadilhas que podem complicar a vida financeira das famílias e dá outras orientações para não cair nelas.
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