Em 2018, Marabá foi cidade cinematográfica durante quatro meses para compor 90% das gravações do longa-metragem Pureza, vencedor de 28 prêmios nacionais e internacionais que, hoje, preenche as telas dos cinemas nacionais com a cor da nossa terra (em Marabá, ele pode ser assistido no Cine A).
Inspirado em episódios reais, o filme conta a história de uma mãe em busca do filho. Muito humilde, Pureza tem uma olaria familiar na cidade de Bacabal (interior maranhense). Seu filho, Abel, está cansado da vida difícil e tem o projeto de enriquecer, levando-o a um garimpo em Itaituba (Pará). Como ele não dá notícias, Pureza, então, vai atrás do filho, sem pista nenhuma. E descobre o trabalho escravo.
A trama é forte e reflete a realidade brasileira, mais especificamente da Amazônia, onde os contratos de trabalho em fazendas geralmente são benéficos para os patrões, mas que causam graves consequências para os trabalhadores, reduzidos à condição análoga à escravidão.
Leia mais:O cineasta Renato Barbieri contou que desde o lançamento de seu filme anterior, “As Vidas de Maria” (2005), tinha decidido que seu próximo filme de ficção teria de ser uma história universal, que pudesse atravessar a fronteira e ser compreendido por outros povos e culturas. “E vi na história de dona Pureza, entregue a mim por um amigo fotógrafo, o Hugo Santarém, de Brasília, que havia feito uma pesquisa preliminar, essa possibilidade”, afirma.
O diretor, juntamente ao produtor brasiliense Marcus Ligocki Júnior, dedicou-se 11 anos à construção da história. Barbieri levou um tempo para conseguir entrar em contato com Pureza, que mora em Bacabal, interior do Maranhão. Foi um padre da Comissão Pastoral da Terra, que a tinha ajudado a encontrar o filho e que já conhecia o trabalho de Barbieri, quem conseguiu o número do telefone dela.
A senhora, então chegando aos 70 anos, aceitou com alegria o convite do diretor, que chegou a visitá-la ainda em 2007 e teve acesso a seu acervo sobre o caso, com fotografias, depoimentos gravados em áudio e publicações em jornais.
Foram onze anos de escrita para seis tratamentos do texto, nos quais participaram diferentes profissionais. As últimas três versões e a versão definitiva são assinadas por Barbieri e Ligocki. A preocupação em torno da criação envolveu ter veracidade com os fatos originais e ter consistência dramática na história.
Durante as filmagens em Marabá, em 2018, Dira Paes deu uma entrevista exclusiva ao CORREIO DE CARAJÁS, onde falou sobre sua experiência de gravar em Marabá: “Fui muito bem recebida. Não esperava que crianças e jovens tivessem uma conexão com minha figura como eles têm. Eu imaginava uma receptividade maior das pessoas que acompanharam as novelas. Vi que muita gente assistiu meu último trabalho, que foi Velho Chico, mas também os filmes, e sempre há referência a um personagem” contou a atriz.
Ela também falou da oportunidade de conhecer as pessoas que fizeram participação no filme como atores, as quais julgou de extrema importância. Para Dira, o elenco de Marabá foi fundamental para dar uma veracidade a ela, que é uma pessoa da terra. Ela também agradeceu publicamente a eles, e ressaltou que não havia como colocar em palavras o que representaram para ela e os outros atores.
Em Marabá, o longa terá estreia às 21h30 no Cine A, Shopping Verdes Mares, localizado na Folha 27, quadra especial, Nova Marabá.
Confira o trailer:
(Thays Araujo)