Correio de Carajás

Festa universitária celebra cultura queer com show de drag marabaense

Intitulado “Ball of Elementals”, o evento é inspirado nos quatro elementos da natureza: terra, fogo, água e ar. A realização é do Centro Acadêmico de Ciências Sociais Tuíra Kayapó (CACS)

Ravenata, drag marabaense, será a grande estrela do “Ball of Elementals”
✏️ Atualizado em 26/06/2025 09h07

Na semana em que se comemora o Dia do Orgulho (28/06), a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) será palco de uma festa que destaca a potência cultural e artística da comunidade LGBTQIA+ (ou queer) em Marabá. Na sexta-feira (27), o Tapiri da Unidade I recebe o primeiro “Ballroom” da universidade.

Intitulado “Ball of Elementals”, o evento é inspirado nos quatro elementos da natureza: terra, fogo, água e ar. A realização é do Centro Acadêmico de Ciências Sociais Tuíra Kayapó (CACS). Para abrilhantar a noite, quem sobe ao palco é Ravenata, cantora drag de Marabá.

A festa representa um caleidoscópio de expressões artísticas e culturais, criado por e para pessoas da comunidade queer do município. Por isso, o “Ball of Elementals” será um espaço aberto para a comunidade acadêmica celebrar a diversidade, a criatividade e a liberdade de ser quem se é. Mais do que uma competição, o evento busca fortalecer laços, promover visibilidade e estimular o respeito às múltiplas identidades que compõem a Unifesspa.

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Nesse contexto, o show de Ravenata ganha ainda mais representatividade e importância, uma vez que sua participação reforça a celebração da diversidade queer na cidade. A cantora vem conquistando o público marabaense com seu talento, presença de palco e voz marcante. Sua apresentação, envolvente e cheia de personalidade, representa a força da arte drag na região e promete uma performance inesquecível.

BALLROOM

A manifestação cultural “ballroom” não tem raízes paraenses, tampouco brasileiras. Também conhecida como “vogue culture”, é um movimento artístico e político que surgiu nos Estados Unidos entre as décadas de 1960 e 1980. Criado por pessoas negras e latinas LGBT, especialmente trans e gays, como forma de resistência à marginalização e à exclusão social, esses espaços se tornaram refúgios de acolhimento, expressão e empoderamento.

Com forte influência estética e performativa, os “balls” misturam dança, moda e atitude. São organizados em categorias, nas quais os participantes competem apresentando diferentes estilos e habilidades.

Entre as categorias mais conhecidas estão:

  • Vogue: estilo de dança que combina poses, movimentos marcados e atitude, inspirado nas poses da revista Vogue;
  • Runway: desfile de passarela, com foco na elegância e presença de palco;
  • Face: categoria que valoriza o rosto, a expressão, a pele e a beleza;
  • Best Dressed: premiação para o melhor look dentro do tema proposto.

Quem quiser desfilar, performar ou disputar nas categorias do evento deve preencher o formulário com os dados e selecionar as categorias desejadas: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSe3vPG-ERjpDlvLDVCze9tAv3jVUc0WEkUKUw2YhoSI7Gc_gw/viewform?fbclid=PAQ0xDSwLFOaxleHRuA2FlbQIxMQABp9PYbyxxTPKCgiha2lccBc8r7yvXD7M_qWVKooEdHVWebEdC8Xr4XW-uOs14_aem_4PHNFN0kmAzBgj8rwcH63Q

O grupo organizador do evento é composto por 11 estudantes do curso de Ciências Sociais: Luan Marques, Jackeline, Geovana, Wanessa, Pedro Henrique, Marinaldo, Stefhany, Guilherme, Rosária, Luan Patrick e Raimundo. O “ballroom” também conta com apoio de colaboradores, como Luiz Henrique (ex-integrante da gestão anterior do CACS) e a aluna Fernanda.

Realizado de forma independente, o evento é financiado com recursos próprios dos estudantes e está aberto a colaborações e apoios que possam contribuir com sua estrutura. Para mais informações ou contato com a organização, está disponível o número (94) 99124-7223, com Luan Marques, responsável pela comunicação.

Afinal, o que significa “queer”?

“Queer” é um termo usado para se referir a identidades de gênero e orientações sexuais que fogem das normas heterossexuais e cisgênero. Originalmente, a palavra era usada como ofensa, significando algo estranho ou anormal. A partir dos anos 1980, foi ressignificada por movimentos LGBTQIA+ como uma forma de afirmação e resistência. Hoje, é usada tanto como identidade pessoal — por quem não se encaixa em categorias fixas como “gay” ou “bi” — quanto como posição política e cultural, marcando a crítica às normas rígidas de gênero e sexualidade.

(Luciana Araújo, com informações da Ascom Unifesspa)