Na manhã desta sexta-feira, 22, começou o I Giro Cultural no Museu, organizado pela Fundação Casa da Cultura de Marabá. O trecho da Avenida Getúlio Vargas, que fica em frente ao Museu Municipal Francisco Coelho, foi interditado para que o palco e duas tendas fossem montados acolhendo crianças, jovens e adultos no primeiro dia do evento.
Com o objetivo de resgatar um elemento importante da cultura popular e mostrar às crianças e jovens a importância de fortalecer a história da cidade, Vanda Américo, presidente da FCCM, explica que percebeu a necessidade de mostrar aos jovens que fazer cultura é fundamental para alcançar esse objetivo.
“Um povo sem cultura é um povo sem história. Nós estamos fazendo história nesse momento. Temos a oportunidade, na FCCM, de lançar vários livros e revistas homenageando personalidades que fizeram e fazem parte da história de Marabá. E precisamos homenagear essas pessoas em vida, reconhecendo a contribuição que deram para o desenvolvimento de um povo”, disse Vanda, emocionada.
Leia mais:Com uma extensa programação cultural, o evento iniciou as homenagens pelo Divino Espírito Santo. Durante a manhã foi feito o lançamento do Livro “Festa do Divino Espírito Santo”, que contou com a presença e a participação dos 17 Divinos do município.
A tradição do festejo está entrelaçada com a história de Marabá. Segundo os foliões mais antigos, as primeiras coroas – símbolo maior da divindade – desembarcaram no município no início do século passado, vindo de regiões do Nordeste e Centro-Oeste do Brasil.
De acordo com os relatos, era comum ver nas ruas de Marabá as pessoas acompanhando as peregrinações do Divino, que visitavam casa por casa. Essa, inclusive, é uma das tradições que praticamente desapareceu.
“É um momento de muita emoção. A gente convive com essa tradição a vida toda. E na fala da Vanda, me emocionei demais. Ela conhece a história do nosso município e, quando lembrou da minha avó não me contive. Foram tantos ensinamentos bons que tive da minha avó, e em sua fala, Vanda retratou um pouco da nossa história, da nossa vida e da nossa cultura, que é uma cultura religiosa, que une as famílias”, falou emocionado, Ademar Gomes Dias, presidente de honra da Associação do Divino Espírito Santo de Marabá.
Para Ademar, esse evento foi de suma importância para a valorização da festa do Divino. Fazedor de cultura, além da festa da divindade, Ademar também está à frente de um grupo junino, a Quadrilha Fogo no Rabo.
“Cultura é o ar que eu respiro. Corre no meu sangue. E um município sem cultura é um município sem identidade. A equipe da Casa da Cultura nos motiva a continuar com esse trabalho, que é feito com muito amor. E, hoje, demos a largada para a Festa do Divino que começa dia 1º de maio”, disse Ademar, com sorriso no rosto.
Feliz pelo sucesso e participação das pessoas no evento, Vanda Américo afirmou que durante sua infância e juventude frequentou as festas do Divino. E ver a tradição passando de geração em geração, enche seu coração de alegria. “Fico muito feliz em ver filhos, netos e bisnetos levando a diante essa devoção. Sou do Bairro Santa Rosa e sempre frequentei o Divino da Maria Pretinha”, relembrou a presidente da FCCM, agradecendo a presença de cada um dos representantes dos Divinos que estiveram presentes ao evento.
Durante a ocasião, foi feito o lançamento do Livro do Divino, idealizado por Vanda Américo e executado pela Fundação Casa da Cultura de Marabá.
Ramon Cabral, educador patrimonial da FCCM, realizou toda a pesquisa da história da festividade. “Sou católico e não conhecia essa festividade. Só depois do convite da Vanda que conheci o Divino. E ao longo do trabalho percebemos a necessidade de fazer um trabalho a mais. Porque só o registro dessa memória e relatos pra deixar nos acervos da Casa da Cultura não ia ter visibilidade para a comunidade. Foi então que tivemos a ideia de fazer o livro, que pode ser acessado por todos, para quem quiser conhecer a história do Divino em Marabá”, finalizou Cabral.
A programação do Giro Cultural continua durante todo o final de semana. Na manhã deste sábado, 23, o Boi Marabazim e as lendas amazônicas farão um arrastão cultural em volta do Museu Francisco Coelho.
Crianças que participam dos projetos da FCCM, Praça da Juventude, Instituto SERVI, alunos de escolas municipais participarão desse momento de festa e alegria.
No domingo, 24, o evento encerra com o lançamento da Revista Científica Sumaúma – que já foi indexada para 19 países – e o lançamento do Documentário sobre a vida de Ademir Braz. Durante a ocasião, poetas e músicos participarão da homenagem. (Ana Mangas)