Correio de Carajás

Ferrovia: ocupação entra no segundo dia e sem previsão de desbloqueio

Não há previsão para a Estrada de Ferro (EFC) Carajás ser liberada após ter sido bloqueada na madrugada da terça-feira (3), por integrantes do Movimento Sem Terra (MST), no trecho de Parauapebas, a informação foi confirmada pela mineradora Vale ao portal Correio de Carajás. O segundo dia da ferrovia sem opção já cria grande prejuízo.

Em nota solicitada à empresa nesta quarta-feira (4), a mineradora responde que devido à interdição, a viagem do Trem de Passageiros, no sentido Parauapebas, no Pará, sentido a São Luís, no estado do Maranhão, correspondente ao trecho da EFC, está suspenso desde a terça-feira e permanecerá até a quinta-feira (5), por questão de segurança, “impactando diretamente 2.110 pessoas”, diz a nota.

Os passageiros podem remarcar o bilhete ou pedir o reembolso do valor investido na compra da passagem no prazo de até 30 dias. Mais informações podem ser solicitadas por meio do canal Alô Vale (0800 285 7000), informa a empresa.

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OCUPAÇÃO

A ocupação começou às 5 horas da madrugada da terça-feira. Segundo o comunicado do MST, a ação marca a adesão do movimento às mobilizações que estão sendo organizadas em 11 municípios ao longo do corredor da ferrovia.

O principal objetivo, segundo o MST, “é lutar pelos direitos do povo, que estão sendo negados pela mineradora Vale”. A ocupação integra a Jornada de Luta por Direitos e Reforma Agrária Popular.

Um comunicado emitido pelo MST contém oito exigências para que haja o desbloqueio da ferrovia:

1- A imediata devolução de terras não mineráveis sob posse ilegal da empresa Vale para fins de Reforma Agrária, assim como a aquisição de mais de 100 mil hectares de terras para assentar famílias acampadas e cadastradas pelo INCRA;

2- A criação de um Fundo de Desenvolvimento Social e Econômico, sob controle social dos recursos do CFEM (Compensação Financeira pela Exploração Mineral), para o enfrentamento às mazelas provocadas pelo modelo mineral;

3- A adoção imediata de um programa de habitação popular para a construção de 10.000 (dez mil) casas, para fazer frente ao déficit de moradia no município de Parauapebas;

4- A criação imediata de um Programa de Transferência de Renda, no valor de 1.000 reais por famílias em estado de vulnerabilidade social, em especial, as famílias chefiadas por mulheres;

5- Investimento massivo em programas de reflorestamento, recuperação de nascentes e da adoção da agroecologia em larga escala, nos municípios direta e indiretamente atingidos pela mineração;

6- Pagamento imediato do CFEM e de outros tributos, fruto de sonegação fiscal ou práticas semelhantes que sejam destinados para os cofres públicos de todos os municípios que são direta e indiretamente atingidos pela mineradora Vale;

7- Reparação pelas tragédias ambientais provocadas pela mineradora Vale, em especial às vítimas de Brumadinho e Mariana, em Minas

8- Criação de uma Força Tarefa do Governo Federal e Estadual.

Ainda na nota enviada pela mineradora, a “Vale reitera que recolhe integralmente todos os tributos devidos e que a interdição gera severos impactos à população que utiliza o Trem de Passageiros, bem como impacta a circulação de combustíveis na região Norte. Reforça ainda o seu compromisso com a segurança das pessoas, das operações e do meio ambiente”.

(Theíza Cristhine)