Estava previsto para a manhã de hoje, quarta-feira (25), depoimento de Diógenes Samaritano, acusado de assassinar a companheira, Dayse Dyana Sousa e Silva, de 35 anos, em Parauapebas, em 31 de março deste ano, em um caso de grande repercussão em todo o estado. A vítima foi arremessada de uma janela do segundo andar da casa onde o casal residia e onde estava também o filho dos dois, de apenas 2 anos.
Diógenes está preso desde o dia do crime e atualmente recolhido no Centro de Recuperação Anastácio das Neves (Crecan), Região Metropolitana de Belém, de onde prestaria depoimento por videoconferência, mas uma falha no sistema impossibilitou o contato com a Comarca de Parauapebas, onde ocorria a audiência.
Apesar disso, foram ouvidos uma testemunha de acusação e outras três de defesa durante a manhã. Nova audiência para que seja feita nova tentativa de videoconferência com o acusado foi agendada para o dia 24 do próximo mês, quando também deverá ser ouvida a última testemunha do caso.
Leia mais:O advogado de Diógenes, Osvaldo Serrão, ouvido pelo Correio de Carajás, reiterou que o cliente nega o crime. “É um caso emblemático e ele ainda não foi ouvido. Ele nega a acusação e o dever de provar a responsabilidade criminal dele é do Ministério Público. As provas até então coletadas, principalmente os depoimentos, nada trouxeram de esclarecedor que possam efetivamente dar visibilidade à versão do MP. Não há testemunha visual do crime, só dos personagens, um é ele e outra é ela que não pode falar”, declarou.
O interrogatório ao qual o acusado será submetido é parte importante da estratégia que está sendo adotada pela defesa, destaca o advogado. “A prova, ao meu ver, basicamente para o Tribunal do Júri, é absolutamente técnica e estou investindo maciçamente meu trabalho na prova técnica, principalmente no laudo do local do crime que tem muitos detalhes que meu cliente vai trazer para o processo em seu interrogatório que, até então, por uma estratégia de defesa, estamos guardando”, explicou, acrescentando não poder revelar mais informações sobre o processo.
“É uma tragédia, são duas famílias enlutadas, a comunidade chorando e é um drama da vida. Não posso revelar os detalhes porque há um segredo profissional sobre o assunto e o caso corre em segredo de justiça”, justificou. Já o assistente de acusação, o advogado Ricardo Moura, acredita que Diógenes será pronunciado pelo Poder Judiciário e, então, levado ao Júri Popular, com base naquilo que já apareceu nos autos até o momento.
“Juridicamente falando estou satisfeito com o que foi produzido até então. A gente acredita fielmente que o cidadão será futuramente submetido a um Tribunal do Júri pela prática do crime de feminicídio que perpetrou contra a companheira”. Ele detalha que a audiência ocorrida hoje foi a terceira da instrução e julgamento. “Algumas pessoas na condição de testemunhas foram ouvidas, de acusação e defesa, e até o presente momento nenhuma inocenta Diógenes da prática delituosa, ao contrário, as de acusação reafirmaram tudo aquilo que foi produzido na fase de inquérito pela Polícia Civil, ou seja, que Diógenes de fato ceifou a vida de Dayse Dyana”.
Em relação às testemunhas de defesa, diz, em nenhum momento estas negaram a autora delitiva em face de Diógenes, atuando apenas como testemunhas abonatórias. “Trouxeram questões da vida pregressa, como ele é no Detran, na vida social, no barzinho, o que não nos interessa. O que nos interessa saber é se Diógenes ceifou a vida de Dayse Dyana e até agora as provas dizem que sim. Em segundo plano, queremos saber: por que ele fez isso?”, destaca.
Moura falou sobre a expectativa em torno do depoimento do acusado. “Qual será a tese? Ele vai confessar que matou? Vai alegar alguma excludente de licitude? Vai alegar que não foi ele ou que foi um terceiro? Estamos atentos e fielmente interligados ao processo para não permitir que a verdade em momento algum se distancie dos fatos neste processo”.
A mãe de Dayse Dyana, a também advogada Wilma Lemos, acompanhou a audiência. “Estou confiante na Justiça, que seja feita, até porque estamos buscando os fatos conforme ocorreram e com base nos fatos e nas provas físicas. Temos a certeza de que a Justiça será feita e o juízo terá realmente olhar de juízo para as provas, para as oitivas até agora prestadas. Acima disso, sou serva do Deus vivo e creio não apenas na justiça material como também na espiritual”, declarou. (Luciana Marschall e Ronaldo Modesto)