Correio de Carajás

Feirantes reclamam maus tratos e tentativa de despejo da parte da Prefeitura de Marabá

Postura está notificando os comerciantes para retirada do local sem criar estrutura provisória para eles

Feirantes já estão se manifestando há dois dias, contra a Postura/ Imagens: Josseli Carvalho e Fernando Paiva – TV Correio

Os trabalhadores da Feira da Laranjeiras, em Marabá, se reuniram na manhã desta quarta-feira, dia 19, para um protesto e para relatar que foram notificados pelo Departamento de Postura para deixar o espaço interno da feira em oito dias para que a reforma possa acontecer. No entanto, eles solicitam que a Prefeitura de Marabá providencie um local adequado para realocá-los, para que possam trabalhar dignamente durante o período da reforma. Sem isso, todos serão penalizados e ficarão sem renda.

Um dos comerciantes mostra o documento de notificação

Além da falta de apoio com um espaço para trabalhar, os feirantes denunciam que os funcionários da Prefeitura atuam de forma abusiva, com grosseria no trato com trabalhadores que militam naquele local há anos.

“O outro prefeito (Tião Miranda) preparou todo mundo para sair. Esse prefeito não preparou nada, só disse que tem que sair. A gente vai sair, mas queremos um suporte. Não estamos na rua, estamos dentro da feira. Estou aqui há mais de 20 anos, como vários colegas. Todo mundo tem sua documentação, tudo certinho. O que mais nos deixa triste é que chegam tratando a gente muito mal, como se a gente fosse invasor de terra, e não somos. Somos trabalhadores, precisamos trabalhar. A Postura chega, ameaça, fica falando besteira, na maior grosseria. Vamos sair, desde que eles nos deem um suporte e preparem um local pra gente ficar. Ninguém está dizendo que não vai sair”, desabafa o feirante José Antônio.

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Os feirantes cobram que a Prefeitura de Marabá providencie um espaço adequado para que eles possam trabalhar durante a reforma da feira, assim como pedem que os funcionários da Postura sejam orientados a tratar os trabalhadores com respeito e dignidade.

“Não é certo como a Postura chega aqui. Trabalhei lado a lado para ajudar a eleger meu prefeito e numa hora dessas me sinto abandonada por ele. Ao invés dele nos acolher, ele está nos desprezando. Se a gente sair agora, como vamos pagar nossas contas? Queremos um ponto de apoio, um lugar para poder trabalhar enquanto a feira estiver em reforma”, solicita Antônia Sônia Silva, conhecida como “irmã”.

Antônia Silva, a Irmã, diz que não aceita ser retirada de qualquer forma

A Feira da Laranjeiras é um importante ponto de comércio, reunindo centenas de feirantes que comercializam produtos diversos, como frutas, verduras, legumes, carnes, peixes, artesanato, roupas, etc. Os feirantes esperam pela reforma da feira há anos, e não querem dificultar o trabalho da gestão, mas também não querem sair no prejuízo.

Daniel cobra que a Prefeitura adote mesmo tratamento da gestão anterior

“Não acredito que o município de Marabá não consiga fazer 65 barracas ali na rua para que a gente seja alocado para trabalhar. Precisamos trabalhar. Temos empréstimos, casa pra sustentar. Queremos a ampliação da feira, estamos esperando por isso há anos. Só queremos um local para trabalhar no período que a feira estiver em reforma”, diz Paulo Lima.

Paulo Lima: “O Município de Marabá, com orçamento de R$ 2 bilhões, não consegue construir 65 barracas?”

RESPOSTA

Questionada pela TV Correio sobre a situação denunciada pelos feirantes, a Prefeitura respondeu por nota enviada pela sua assessoria: “A Prefeitura Municipal de Marabá informa que está trabalhando para minimizar os impactos para todos os feirantes. Para isso, fará uma reunião nesta sexta-feira, 21, entre os feirantes da Feira da Laranjeiras, a Secretaria Municipal de Viação e Obras Públicas (Sevop) e o Departamento de Postura”.

Reforma começou no ano passado com cronograma por etapas

SAIBA MAIS

A Feira Coberta do Bairro Laranjeiras, uma das mais tradicionais da cidade, está em reforma desde o meio do ano de 2024, uma intervenção que conta com o apoio dos feirantes, pela promessa de modernização e ampliação do espaço. Desde o início da obra tudo foi feito em comum acordo com os comerciantes, para que eles entendessem o impacto da construção e pudessem opinar.

Os serviços iniciaram com a demolição da antiga feira e passaram pelo aterro e compactação do terreno. Ao longo da obra, será realizada a padronização dos blocos, drenagem e revitalização da estrutura existente.

O projeto prevê que sejam construídos 236 boxes para diversas finalidades como, por exemplo, alimentação, açougues, frutas e verduras, além de guichês para venda de passagens, setor administrativo e banheiros. O valor inicial da obra era de R$10.339.740,05.

Na primeira fase, ainda em 2024, foram remanejados mais de 100 feirantes, os quais foram levados para um espaço vizinho, na lateral da antiga estrutura, construída para que os comerciantes não tivessem suas vendas suspensas ou somassem prejuízos.

(Texto: Da Redação / Reportagem: Josseli Carvalho e Gecelha Sobreira)